Leandro Andrade, executivo da Odebrecht, relatou à Lava Jato ‘constrangimento’ da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) com uma eventual filmagem: ‘aquilo ali funciona?’
Julia Affonso, Luiz Vassallo e Fausto Macedo | O Estado de S.Paulo
O executivo Leandro Andrade, um dos delatores da Odebrecht na Operação Lava Jato, relatou ao Ministério Público Federal um episódio que classificou como ‘pitoresco’, supostamente ligado à deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ). A parlamentar é filha do ex-deputado Roberto Jefferson, atual presidente do PTB e condenado a sete anos e 14 dias de prisão no processo do Mensalão, do qual foi o pivô.
Segundo o delator, a pedido do deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ) foram entregues R$ 200 mil à Cristiane Brasil em 2012. O dinheiro foi repassado pelo próprio executivo, afirmou à Lava Jato. A parlamentar nega enfaticamente ter recebido valores ilícitos.
Andrade narrou que os R$ 200 mil foram retirados de um saldo supostamente acertado por outro executivo-delator da Odebrecht Benedicto Junior, o ‘BJ’, no primeiro semestre de 2012, com Eduardo Paes (PMDB), como contribuição eleitoral para a campanha do peemedebista à reeleição para a prefeitura do Rio. Segundo Leandro Andrade, do montante total, Pedro Paulo ‘mandou’ pagar ‘dois candidatos que faziam parte da base de apoio dele’: Brizola Neto e Cristiane Brasil. “O da Cristiane Brasil, o que aconteceu foi que eu estava no dia da programação de ela ir retirar esse dinheiro nesse escritório. Eu não ficava direto lá, mas ia de vez em quando para reuniões. Ela mesma foi retirar esse dinheiro. O que aconteceu foi que o portador nosso, o doleiro, não sei exatamente como é que chama, demorou a chegar. Ela ficou na antessala do escritório. Minha secretária que atendia lá veio dizer: ‘Tem uma deputada aí, que está esperando há um tempão, já está ficando nervosa’. Fui e a chamei para para tentar fazer uma sala. Realmente nós conversamos, me apresentei, não conhecia. Ela estava lá para pegar o dinheiro”, relatou. O executivo afirmou que Cristiane Brasil ‘estava sozinha’. “Teve um fato também pitoresco. Nessa sala que eu tinha, existia uma câmera para fazer conference call e Skype com minhas obras no interior. Ela ficou super incomodada com aquilo, achando que eu estava gravando aquele momento. Ela perguntou: ‘mas aquilo ali funciona?’. Eu percebi o constrangimento e falei: ‘não se preocupe que aquilo não é…’. Eu mesmo fui lá, tirei a câmera e botei no chão.” De acordo com o delator, cerca de 20 minutos depois, ‘o portador chegou’. Andrade declarou que ‘alguém’ entrou na sala com uma mochila. O executivo afirmou não lembrar se foi o próprio portador. “De dentro da mochila, ele tirou o pacote de plástico onde tinha um valor de R$ 250 mil anotado em cima, R$ 200 mil, desculpa, anotado em cima. Ela pegou esse valor, ela estava com uma mochila. Pegou esse valor, botou dentro da mochila, agradeceu e saiu. Esse fato foi exatamente eu entregando para ela”, relatou. O Ministério Público Federal quis saber se Leandro Andrade tinha registro da entrada de Cristiane Brasil no escritório. “Não tenho registro. No (escritório do) Le Monde não tem, porque nós tentamos pegar e não existe”, afirmou. “O pedido desse dinheiro foi feito pela área de Operações Estruturadas através da Lucia Tavares.” COM A PALAVRA, A DEPUTADA CRISTIANE BRASIL “O STF não solicitou investigação contra mim e não há nada a meu respeito senão um comentário sem qualquer prova feito por um dos delatores da operação. Esclareço que os poucos contatos que já tive com profissionais da companhia se limitaram a raros eventos institucionais. Estou, como sempre estive, à disposição da justiça e da sociedade para esclarecer o que for necessário.” COM A PALAVRA, A ASSESSORIA DE IMPRENSA DO DEPUTADO PEDRO PAULO E DO EX-PREFEITO EDUARDO PAES Conforme foi afirmado pelos próprios delatores em nenhum momento a empresa recebeu qualquer tipo de vantagem ou benefício em obras da Prefeitura do Rio. Além disso, Benedicito Junior foi enfático ao afirmar em seu depoimento que nunca pagou propina a Eduardo Paes. COM A PALAVRA, O VEREADOR BRIZOLA NETO “Me causou perplexidade e revolta a matéria veiculada na imprensa citando meu nome como ‘possível destinatário’ em esquema de corrupção. Baseada em uma simples suposição, a matéria dá a entender que eu teria recebido dinheiro do ex-prefeito Eduardo Paes para a minha campanha. Na ocasião estava no PDT e rompi com o partido fundado por meu avô justamente por não concordar com a aliança com Eduardo Paes. Inclusive fui processado por Paes e pelo então secretário Pedro Paulo pelas inúmeras denúncias que fiz sobre seus desmandos durante meu segundo mandato como vereador da cidade do Rio de Janeiro. Sempre pautei minha atuação pelo exemplo de ética, honestidade e respeito ao povo aprendido com meu avô Leonel Brizola. É lamentável que estejamos vivendo tempos no Brasil em que reputações são enxovalhadas pela prática que se tornou comum de denuncismos sem provas. Reitero que nunca me envolvi em nenhum tipo de negociata e estou à disposição para prestar qualquer esclarecimento. Vereador Leonel Brizola Neto”
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Até 'bingo' para definir lotes do empreendimento foi realizado por empresários. Esquema de cartel foi chefiado por Sérgio Cabral, segundo delator.
Por G1 Rio
Obras que deveriam trazer benefícios à população fluminense, na verdade, estavam sendo fraudadas. É o que indica novos trechos de colaborações premiadas da empreiteira Odebrecht que detalham uma farsa em licitações públicas para empreendimentos no estado. O material foi tema de reportagem do RJTV desta quarta-feira (18).
De acordo com delator e ex-executivo da empresa Benedicto Júnior, o ex-governador Sérgio Cabral era quem comandava o esquema. Uma curiosidade: quando havia conflito entre as empresas interessadas nos projetos, os empresários resolviam com um bingo. Era um jogo de "cartas marcadas".
Uma das obras que foi definida previamente, de acordo com o delator, foi a construção do Arco Metropolitano. Foi um projeto esperado por quatro décadas e lançado, em 2008, pelo próprio Cabral. Pelos 71 km de pistas da rodovia, que liga os municípios de Duque de Caxias e Itaguaí, saíram dos cofres públicos quase R$ 2 bilhões. O trecho foi inaugurado em julho de 2014. De acordo com as investigações, a licitação para a construção do Arco foi fraudulenta, já que as construtoras foram previamente escolhidas. As reuniões para definir os vencedores, segundo o delator, ocorriam na sede do governo, no Palácio Guanabara, em Laranjeiras. Também participava dos encontros o ex-secretário de Governo, Wilson Carlos, atualmente preso no Complexo de Gericinó, em Bangu. "No primeiro semestre de 2007, eu fui chamado a uma reunião no palácio do governo com o Dr. wilson carlos, então secretário de Governo, com a informação de que o governador havia decidido dar prosseguimento ao investimento planejado que chamaria-se Arco Metropolitano", afirma Benedicto Júnior. O delator também contou aos procuradores do Ministério Público Federal é que Cabral teria dito que a obra do Arco seria dividida em quatro lotes, e que a a Odebrecht ficaria responsável por um deles e que a empreiteira teria a "obrigação" de levar com ela a Andrade Gutierrez. Até a proporção era definida: deveria ser 60% para a Odebrecht e 40% para a Andrade Gutierrez. 'Bingo' das empreiteiras Na construção de uma rodovia em consórcio, como foi o caso do Arco Metropolitano, há trechos mais simples, que podem ser mais rentáveis. Era um ponto delicado que acabou decidido pelas próprias empresas, e não pelo poder público. O delator explica que em relação aos trechos, as empresas não se entendiam com qual lote cada uma ficaria. Após a abertura da licitação e antes da entrega da proposta do que era pedido no edital, Benedicto Júnior disse que foram analisados os quatro lotes. Como, segundo ele, o governo não definia quem ficaria com qual trecho, então, foi feito um sorteio. "Colocou-se os lotes num papel e cada empresa puxou um papelzinho. Cada um ficou com aquele lote que puxou", conta o delator. Ao fim, a Odebrecht e Andrande Gutierrez ficaram com o lote 1. Já o lote 2, ficou com a Carioca Engenharia e Queiroz Galvão. O lote 3 ficou com a OAS e Camargo Correia, e o 4 com a Delta e Oriente. Depois de definidos lotes, os empresários discutiam o pagamento das propinas destinadas aos políticos flumninenses. Outro lado Em nota, a Odebrecht informou que "entende que é de responsabilidade da Justiça a avaliação dos relatos feitos pelos seus executivos e ex-executivos". A empresa também diz que "reconheceu seus erros, pediu desculpas públicas e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas". Já a Camargo Correia declarou que fez acordo com a Justiça para corrigir irregularidades. A Andrade Gutierrez, Delta Engenharia e a Queiroz Galvão não quiseram se manifestar. As defesas de Sérgio Cabral e Wilson Carlos informaram que só vão se manifestar ao longo do processo. A reportagem do RJTV não conseguiu localizad representantes de outras empresas e pessoas citadas na matéria. Três executivos da Odebrecht relataram que lobista José Amaro Ramos recebeu valores não-contabilizados na conta de uma offshore, no Uruguai, entre 2010 e 2014
Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Julia Affonso | O Estado de S.Paulo
O chefe do setor de infraestrutura da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Junior confessou à Operação Lava Jato que a empresa pagou 40 milhões de euros para o lobista José Amaro Pinto Ramos para fechar o contrato de parceria com a gigante francesa DCNS para a construção de cinco submarinos – um deles, movido a energia nuclear – para a Marinha brasileira. O negócio teve propinas para o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luis Pinheiro da Silva e para o PT.
“Aprovei pagamentos a José Amaro Ramos no valor de aproximadamente EUR 40 milhões, com recursos não-contabilizados, os quais foram realizados em parcelas ao longo da execução do contrato”, revelou o executivo, em sua delação premiada, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O projeto de submarinos – quatro convencionais e um nuclear -, orçado inicialmente em 6,7 bilhões de euros, só saiu do papel após parceria com a França. Atualmente, a previsão é de R$ 31,8 bilhões de gastos. O programa foi entregue a um consórcio formado pela Odebrecht, pelo estaleiro francês DCNS, cujo principal acionista é o governo da França, e a Marinha brasileira. “Os pagamentos foram operacionalizados pela equipe de Hilberto Silva (chefe do ‘setor de propinas’), que providenciou transferências bancárias para conta no exterior de José Amaro Ramos.” Os repasses foram feitos entre 2010 e 2014. “Eu tenho ideia do que ele fazia com o dinheiro, mas ele nunca me disse. Os pagamentos foram feitos e eu sou o responsável e estão registrados no sistema Drousys (sistema de comunicação seguro do setor de propinas).” BJ, como é conhecido o delator, afirmou que os pagamentos foram feitos para uma empresa de Amaro Ramos no Uruguai. Ele entregou para os procuradores da República da Lava Jato os extratos de transferências para contas do lobista e também os registros de liberação e ordenamento dos pagamentos para ele, identificado pelo codinome “Champagne”. A offshore do lobista usada para receber os valores foi a Casu Trust & Management Services S.A.. Os documentos entregues pelo delator mostram que os valores saíram de uma conta de uma offshore da Odebrecht, a Strategic Project Planning. Segundo o delator, houve também pagamentos no Brasil. Questionado pelos procuradores da Lava Jato, sobre qual motivo levou a Odebrecht a pagar 40 milhões de euros, ele afirmou que quando ele assinou a parceria com os franceses da DCNS, foi exigido que ele fizesse os pagamentos para o lobista. BJ afirmou que foi José Amaro que o procurou no final de 2006 e começo de 2007 com a proposta de que a Odebrecht “fechasse uma parceria com a DCNS, na implantação da base e do estaleiro naval para construção de submarinos convencionais e nuclear financiados pela França”. “Eu acredito que ele (José Amaro) deveria ter alguns almirantes da reserva que ajudaram na concepção do projeto nuclear envolvidos, deveria ter o Ohon porque ele me procurou depois para que eu ajustasse com ele um contrato de consultoria e eu percebi que ele tinha uma proximidade com os franceses.” O delator afirmou que José Amaro opera no mercado de armas para o Brasil há muitos anos, como representante de indústrias do setor de defesa e que já esteve com ele em uma casa que ele tem em na 5ª Avenida, de frente para o Central Park. Eletronuclear Othon é o ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luis Pinheiro da Silva, que já foi preso pela Lava Jato, em Curitiba, por receber propinas nas obras da Usina Termonuclear de Angra 3. O delator afirmou que pagou por consultorias do ex-agente público. “Orientei que Fabio Gandolfo operacionalizasse os referidos pagamentos. Os pagamentos para Othon Pinheiro foram realizados durante os anos de 2012, 2013 e 2014 com recursos de caixa 2 pela equipe de Hilberto Silva, com recursos não contabilizados”, disse o delator. “Foram apurados pela Companhia pagamentos no montante de EUR 1,5 milhão, por meio de transferências bancárias em contas indicadas por Othon Pinheiro nos anos de 2012 e 2013 e, ainda, o valor aproximado de R$ 1,2 milhão no ano de 2014.” O almirante é identificado nas planilhas da Odebrecht como “Mergulhador”. José Amaro tem relações de negócios com o ex-presidente da Eletronuclear, segundo já havia descoberto a Lava Jato. Uma empresa dele fou sócia da Aratec, usada por Othon para receber propinas de Angra 3. PT O delator afirmou que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto – preso pela Lava Jato, em Curitiba, desde abril de 2015 – também cobrou propina ao partido nesse contrato dos submarinos. Ao PT, via Vaccari, teriam sido pagos R$ 17 milhões pelo Setor de Operações Estruturadas. Segundo o executivo da Odebrecht, assim que foi fechado o acordo de cooperação com a DCNS e foi efetuada a liberação de um adiantamento de R$ 650 milhões, Vacarri o procurou no Rio “para solicitar que fossem realizados pagamentos ao PT por conta da conquista do projeto”. “Informei que não concordava em realizar o pagamento, por não ter havido combinação prévia, mas ele insistiu.” Segundo BJ, o assuntou foi levado a Marcelo Bahia Odebrecht, presidente afastado do grupo, que está preso desde junho de 2015, pela Lava Jato, em Curitiba. Conta ‘Italiano’ Odebrecht afirmou à Justiça Eleitoral que a Odebrecht Infraestrutura ficou responsável por pagar R$ 50 milhões do montante acertado com o PT para a campanha da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014, para que as liberações de dinheiro do governo no contrato de construção dos submarinos não parassem. Odebrecht revelou que a empresa acertou, ao todo, R$ 150 milhões para a campanha de reeleição de Dilma. O ex-ministro Antonio Palocci, identificado sob o codinome “Italiano”, seria o principal interlocutor do empresário nas negociatas. O programa foi lançado em 2008, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista chegou a assinar uma “parceria estratégica” com o então mandatário da França, Nicolas Sarkozy. A DCNS ficou responsável pela transferência de tecnologia ao País e escolheu a Odebrecht como parceira nacional no projeto, sem realização de licitação. Segundo a Marinha, o Prosub engloba “três grandes empreendimentos modulares”. “A construção de uma infraestrutura industrial e de apoio para construção, operação e manutenção dos submarinos, a construção de quatro submarinos convencionais e o projeto e a construção do submarino com propulsão nuclear.” “O Programa foi concebido por meio da parceria estratégica estabelecida entre o Brasil e a França, a partir de 23 de dezembro de 2008, quando foram firmados acordos de nível Político e Técnico e Comercial, com o valor inicial para a sua consecução de 6,7 bilhões de Euros. O valor estimado até o final do Programa, cadastrado no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento do Governo Federal (SIOP), é de cerca de R$ 31,85 bilhões. O Prosub havia sido citado em relatório da 36.ª fase da Lava Jato, denominada Ommertá. A citação se deu pelas anotações sobre o programa encontradas em celulares do presidente afastado da empreiteira Marcelo Odebrecht. No caso, segundo a Polícia Federal, o assunto Prosub estava relacionado à atuação do ex-ministro Antônio Palocci, que tratava com a empreiteira assuntos ligados ao projeto. O caso foi enviado para a Justiça Federal no Rio de Janeiro, por não envolver alvos com foro privilegiado. COM A PALAVRA, A DEFESA DE JOSÉ AMARO RAMOS O advogado Álvaro Luís Fleury Malheiros, que representa José Amaro Ramos, informou que seu cliente recebeu aproximadamente 17,5 milhões de euros – e não 40 milhões de euros, como informou o delator da Odebrecht Benedicto Júnior, o ‘BJ’. Segundo Malheiros, o dinheiro foi pago pela empreiteira a título de honorários. Ramos, segundo seu advogado, recebeu porque levou para a Odebrecht um negócio importante, de grande porte, e também pela atuação intensa que promoveu entre duas sociedades que fecharam parceria. O advogado esclareceu que a empresa francesa (DCNS) para a qual Ramos vinha trabalhando tinha intenção de fazer parceria com uma empreiteira também francesa no Brasil para construção do estaleiro e da base naval, necessários para implantação do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub). Malheiros destacou que Ramos fazia assessoria para a acionista principal e controladora da DCNS. “Ele mostrou que para a DCNS seria mais importante arrumar um parceiro que fosse uma empresa nacional. Aí apresentou esse projeto para a Odebrecht que acabou pagando honorários a ele.” “O dr. Ramos foi fundamental para o avanço e o êxito desse projeto”, afirma Malheiros. O advogado informou que Ramos declarou o recebimento dos valores. “Tudo está perfeitamente regularizado.” Sobre o codinome Champagne, pelo qual Ramos era identificado numa planilha da empreiteira, o advogado declarou. “Essa questão de codinome é uma questão interna da Odebrecht.” COM A PALAVRA, A MARINHA DO BRASIL Por meio de nota, a Marinha do Brasil (MB) informou que “desconhece qualquer irregularidade sobre os pagamentos do contrato de construção dos submarinos do Programa de Desenvolvimento de Submarino (PROSUB)”. “Por esse motivo, não há qualquer investigação (interna) em andamento”. Segundo Leandro Azevedo, dinheiro foi repassado em três campanhas eleitorais. Defesa do casal diz que, se petição virar inquérito, vão provar que delator mente.
Por RJTV
Superintendente da Odebrecht no Rio de Janeiro, Leandro Azevedo afirmou que fez pagamentos milionários aos ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho, do PR. O também delator Benedicto Júnior já havia dito que o casal recebeu dinheiro de caixa dois.
Segundo Benedicto, que controlava o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, os valores pagos chegaram a R$ 12 milhões. No entanto, Azevedo garantiu, durante depoimento aos promotores do Ministério Público Federal, a quantia foi bem maior: R$ 20 milhões.
A distribuição dessa verba ocorreu em pelo menos três eleições, segundo o delator: duas de Rosinha Garotinho à Prefeitura de Campos, em 2008 e 2012; e uma de Garotinho ao Governo do Estado, em 2014. Veja trechos do depoimento: "Em 2008, o Benedicto Júnior, meu líder, me chamou no escritório da empresa lá no Rio de Janeiro, na Praia de Botafogo. Me relatou que havia tido uma reunião com o ex-governador Anthony Garotinho e nessa reunião o ex-governador havia pedido uma contribuição eleitoral para a candidatura de Rosinha Garotinho que seria candidata a prefeita de Campos. O Benedicto Júnior, então, fechou acordou com ele o valor da doação que a Odebrecht ia fazer. Eu me lembro que era mais ou menos em torno de R$ 5 milhões, que esse valor seria pago através de caixa dois. Dinheiro não contabilizado". "No ano de 2012, eu já era superintendente. O Benedicto Júnior me chamou dizendo que tinha estado com Anthony Garotinho, mas que a prefeita Rosinha Garotinho seria candidata à reeleição em Campos e me disse que havia fechado com ele uma nova programação de R$ 5 milhões para participar da reeleição da Rosinha. Ele (Benedicto) me pediu para operacionalizar da mesma forma que foi da primeira vez, através de dinheiro não contabilizado, caixa dois". "Em 2014, ele foi candidato a governador e eu já era diretor-superintendente. O Benedicto Júnior me chamou mais uma vez para uma conversa. Antes de se lançar oficialmente, ele chamou o Benedicto Júnior e disse que seria candidato a governador e que contaria com o apoio da Odebrecht. Nossa avaliação era que o Garotinho tinha condições de ser o governador do Rio de Janeiro. Ainda existia uma crise no governo Cabral grande. O outro oponente dele, se não me engano, era o Crivella, e o Lindbergh, que a gente achava que não tinha chance. Então o Benedicto Júnior aceitou a combinação de valores de campanha. Foi em torno de R$ 10 milhões para a campanha de governador". Segundo Azevedo, o dinheiro era pago em parcelas ao longo de seis a sete meses. Azevedo também delatou que a Odebrecht ganhou duas licitações na administração de Rosinha Garotinho em Campos – uma em 2008 e outra em 2012. Somados, os contratos chegaram, segundo o delator, a R$ 833 milhões. "Um dos primeiros editais que ela homologou logo depois da eleição foi um edital para a construção de 5.100 casas populares. No valor mais ou menos de R$ 357 milhões. Isso chamou minha atenção porque casas populares geralmente você vê no mercado sendo construídas em vários lotes e aqui foi feito em lote único e a esse valor. Isso fazia com que as empresas pequenas não tivessem condições de participar. E as empresas grandes não tinham interesse. E de fato aconteceu isso. Para não participarmos sozinhos da licitação, nós pedimos para que a Queiroz Galvão e a Carioca Engenharia dessem um preço acima do nosso. Essas duas empresas aceitaram fazer isso". "Em 2012, a prefeita Rosinha foi reeleita e ela lançou um segundo programa chamado 'Morar feliz 2'. Foi uma nova licitação. Nessa licitação nós participamos sozinhos, sem ninguém. Se a Odebrecht não tivesse participado, ia dar vazio. Eu fiz o 'Morar feliz 1'. A gente tinha uma equipe mobilizada, tinha uma expertise em construir casas. Então, ela lançando um projeto desses, é óbvio que eu ia participar do 'Morar feliz 2'. O valor foi um pouco maior, foi R$ 476 milhões". Acesso direto Benedicto Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, citou em seu acordo de delação os ex-governadores do Rio Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho, do PR. O ex-executivo afirmou que o casal recebeu dinheiro não contabilizado – o chamado caixa dois – em três campanhas eleitorais. Somados, esses valores pagos chegaram, segundo o delator, a R$ 12 milhões. Benedicto: "No período que eu fui diretor superintendente da Odebrecht no Rio de Janeiro eu construí uma relação pessoal com o governador Anthony Garotinho que eu mantive nos últimos quatro anos, o que permitia que ele tivesse acesso a mim direto, o que permitia durante os períodos eleitorais fazer pedidos de doação para seu grupo político. Grupo político que ele se identifica através da própria Rosinha e dos candidatos federais que ele apoia. Então, especificamente no ano de 2008, o governador me procurou, fui a reunião pedida por ele no escritório dele na Conde Lages, aonde ele me fez um pedido e a gente fez uma doação para a campanha da dona Rosinha de R$1 milhão, que foi feito de forma via caixa dois no Sistema de Operações Estruturadas da Odebrecht e pagos diretamente as pessoas indicadas pelo Dr. Garotinho". Pergunta: Entregues a quem? Benedicto: "A pessoas indicadas por ele na época". Pergunta: As pessoas foram indicadas pessoalmente por ele? Benedicto: "Pessoalmente. Eu posteriormente indiquei um executivo meu, o Leandro Azevedo, nessa operalização dos pagamentos". Pergunta: O senhor Anthony Garotinho ele fazia campanha só da Rosinha ou de outros candidatos também? Benedicto: "Eu entendo que ele fazia dele, dela, da filha e que eu me lembro de um deputado chamado Geraldo Pudim que ele coordenava". Pergunta: Coordenava? Benedicto: "Ele era presidente do PR, então ele devia ter uma base maior de apoio, mas o que eu me lembro de cabeça são só estes". Pergunta: Mas ele era responsável pela arrecadação de campanha? Benedicto: "Ele era o responsável. Com relação a Odebrecht, ele procurava e pedia doação para o partido". Pergunta: Como é que foi feito o pagamento de um milhão de reais?. Benedicto: "Foi feito...o Leandro combinou com alguém do pessoal dele, não tenho o nome da pessoa no sistema para que o nosso setor de operações estruturadas fizesse o pagamento aqui no Rio de Janeiro". Pergunta: Além desse pagamento de um milhão de reias, houve outros pagamentos? Benedicto: "Houve outros pagamentos. Ainda no âmbito de campanha principal, na campanha de 2012. Ele fez um pedido, nós fizemos uma doação nova de recursos de caixa dois de forma ilícita de 2,3 milhões de reais para campanha de releição da dona Rosinha Garotinho. Em 2010, para sua campanha de deputado federal de R$ 1,2 milhões também de Caixa Dois vindo do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. E na sua última campanha, que foi a campanha dele para governador em 2014, nós fizemos uma doação de 7,5 milhões para a campanha dele via Caixa Dois". Pergunta: O que vocês esperavam especificamente do senhor Anthony Garotinho? Benedicto: "No âmbito da prefeitura onde a esposa dele geria era efeitivamente que ele garantisse que a gente ia ser bem tratado, iam ter os nossos assustos tratados, encaminhados de forma correta e esse acesso qualificado com ele. Eu, particularmente, sempre enxerguei o Garotinho como um opositor ao Sérgio Cabral. E apesar de toda a relação que eu tinha com o Ségio, era importante manter o Garotinho como uma pessoa próxima ao Odebrecht porque numa alternância de poder a gente não ficasse muito vinculada ao Sérgio Cabral, mostrar que a gente era suprapartidária, nós não éramos uma empresa que estava focada no PMDB no Rio de Janeiro". Pergunta: Houve algum benefício concreto do senhor Anthony Garotinho para a Odebrecht? Benedicto: "Pedidos por nós não. Nós acabamos conquistando no mercado foi uma obra de construção de casas populares em Campos". Pergunta: Mas houve algum benefício? Benedicto: "Não. Que eu saiba não. Tratados comigo, não". Pergunta: Houve algum tipo de fraude? Benedicto: "Não. Leandro me disse que não houve nenhuma fraude". Pergunta: Algum benefício concreto da senhora Rosinha para Odebrecht? Benedicto: "Não". Pergunta: E da senhora Clarissa? Benedicto: "Também não. A Clarissa eu só encontrei uma vez. Também não. Nenhum. Pergunta: Nenhum benefício concreto dela? Benedicto: " Não, nenhum". Pergunta: Quais eram os codinomes utilizados? Beneditcto: "A gente usava três codinomes pra ele. "Rolinho", "Bolinha" e "Pescador". Pergunta: Porque mais de um codinome? Benedicto: "Por algum erro de sistema. Rolinho em relação a ela, Bolinha por conta dele, porque é o apelido que ele tem em casa. E Pescador por uma coisa do sistema, alguém atribuiu o pagamento com esse nome. Talvez porque tenham sido vários período eleitorais, várias trocas de pessoas, aí não se usou o mesmo nome. Como vc não informa a pessoa que vc vai pagar quem é que vc está pagando, então botou e depois se identificou. Quem recebeu foi o Anthony Garotinho". O que dizem Rosinha e Garotinho? A defesa dos ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho disse que eles nunca receberam qualquer contribuição não contabilizada e que se, a petição chegar a virar inquérito, vão provar que o delator está mentindo, uma vez que não apresentou nenhuma prova do que afirma. A defesa declarou ainda que o casal está à disposição da Justiça. As delações dos executivos da Odebrecht revelam mais um capítulo na extensa lista de negócios internacionais de Lula: ele intercedeu pela empresa na construção de cinco embarcações
Bárbara Libório | IstoÉ
Em 2010, Luiz Inácio Lula da Silva deixou para trás a presidência do País. Não deixou, no entanto, sua influência e poder como o maior lobista do Brasil. As delações dos executivos da Odebrecht adicionam mais alguns capítulos à já extensa lista de negócios internacionais coordenados pelo petista em troca de polpudas contribuições das empresas beneficiadas. Os depoimentos descrevem o pagamento de propina para garantir repasses do governo ao Prosub, programa de construção de cinco submarinos em parceria com a francesa DCNS, e dá novos detalhes sobre a atuação de Lula na captação de negócios para a empreiteira em Angola.
A construção dos submarinos, incluindo um nuclear, rendeu ao Partido dos Trabalhadores (PT) R$ 17 milhões em propina, segundo a delação do ex-chefe da área de infraestrutura da empreiteira Benedicto Barbosa da Silva Júnior. Anunciado em 2009, o Prosub era um projeto do governo Lula em parceria com o governo francês do então presidente Nicolas Sarkozy. A transferência de tecnologia para o Brasil ficou por conta da empresa francesa DCNS, que escolheu, sem licitação, a Odebrecht para participar da construção das embarcações. Para que os repasses do governo ao programa não cessassem, a Odebrecht teria pago, entre 2012 e 2013, R$ 17 milhões ao PT. Outros R$ 50 milhões dos valores repassados pela construtora ao partido teriam saído do departamento de infraestrutura da empresa, em especial pelo interesse na liberação dos recursos. O programa, que inicialmente tinha um orçamento de R$ 20 bilhões à época, deve custar cerca de R$ 31,85 bilhões e é o maior projeto das Forças Armadas em andamento.
Negócios em Angola Em sua delação, o presidente afastado da construtora, Marcelo Odebrecht, confirma o que as investigações da Operação Janus – da qual Lula já é réu – apontavam: segundo ele, a contratação da empresa de engenharia do sobrinho do petista, a Exergia Brasil, para obras em Angola foi feita a pedido do ex-presidente. Ela seria usada para intermediar o recebimento de contribuições feitas pela Odebrecht a Lula em troca da facilitação dos negócios da empreiteira no exterior junto a órgãos como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Odebrecht também contou que Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamento de Lula, pediu, por indicação do petista, uma contribuição de US$ 40 milhões para que fosse aprovada no BNDES uma linha de crédito de US$ 1 bilhão para a exportação de bens e serviços para Angola. Delação de Marcelo Odebrecht “O Mantega pedia dinheiro pro Vaccari e pro João Santana” As coisas que a gente levava (a Guido Mantega) eram até legítimas pra destravar um financiamento. É o orçamento do Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarino). Eu não pedia nada a ele que não fosse correto, agora o errado está que eu tinha acesso a ele baseado em ser um grande doador. Ele (Mantega) me chamava pra dizer ‘Preciso que você autorize cinco pro Vaccari (João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT) e eu aí aproveitava e já metia uma pendência. Muitas vezes eu ia lá fazer pedido e no final da reunião Mantega dizia ‘mas tem aquele nosso amigo, o Vaccari, o João Santana, precisa de 10 a 20’” O ministro da Casa Civil é citado em dois inquéritos autorizados pelo STF. Defesa de Padilha disse que só falará nos autos.
Por G1
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, é suspeito de cobrar propinas em nome do PMDB e do presidente Michel Temer para financiar campanhas eleitorais, segundo inquérito autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Padilha teria recebido, em duas ocasiões, ao menos R$ 8 milhões.
A defesa do ministro, representada pelo criminalista Daniel Gerber, afirma que todo e qualquer conteúdo de investigações será debatido exclusivamente dentro dos autos.
Fachin autorizou as investigações a partir do pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A PGR fez o pedido com base nas delações dos ex-executivos da Odebrecht. Na primeira investigação, com base na delação feita por Paulo Cesana, ex-presidente da Odebrecht Transport, Padilha teria recebido um pagamento de R$ 4 milhões de Paulo Henrique Quaresma, após pedido feito à Odebrecht por Moreira Franco, atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência - então ministro da Aviação Civil. A Odebrecht queria garantir clausulas para uma rodada de concessão de aeroportos. O ministro da Casa Civil também teria participado de um jantar com Marcelo Odebrecht e Temer no Palácio do Jaburu, no qual teria solicitado o repasse de R$ 10 milhões para a campanha eleitoral. O valor seria dividido em R$ 6 milhões para Paulo Skaf e R$ 4 milhões para Padilha. Em um segundo inquérito, os delatores Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-diretor de infraestrutura da empreiteira, e Valter Luis Arruda Lana, ex-diretor da empresa no Sul, afirmaram que Padilha se envolveu na cobrança de vantagens indevidas na execução de um contrato para a construção de uma linha de trem entre Novo Hamburgo e São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. O contrato valia R$ 323.977.829,28. Segundo a investigação, Padilha pediu o pagamento de 1% do valor para interferir na licitação. Isso ocorreu entre o fim de 2008 e o início de 2009. O pagamento foi realizado, segundo o Ministério Público, por meio do Setor de operações Estruturadas da Odebrecht. Ministro da Secretaria Geral da Presidência teria agido ao lado de ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Assessoria diz que ele não irá comentar o caso.
Por G1
O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Wellington Moreira Franco (PMDB-RJ) teria solicitado propina para ajudar a financiar campanhas eleitorais de 2014, em nome de seu partido e de Michel Temer, segundo depoimentos citados em inquérito autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
A assessoria do ministro Moreira Franco informa que ele não vai comentar o assunto.
O nome dele aparece ao lado do de Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, nos depoimentos de José de Carvalho Filho, Cláudio Melo Filho, Marcelo Bahia Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho e Paulo Henyan Yue Cesena. Fachin autorizou as investigações a partir do pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A PGR fez o pedido com base nas delações dos ex-executivos da Odebrecht. De acordo com o inquérito, o Ministério Público afirma que “há fortes elementos que indicam a prática de crimes graves, consistentes na solicitação de recursos ilícitos em nome do Partido do Movimento Democrático Brasileiro e de Michel Temer, a pretexto de campanhas eleitorais”. Citando especificamente Moreira Franco em seu depoimento, Paulo Cesena diz que o então ministro da Aviação Civil participou de uma reunião com a Odebrecht na qual foi discutida a manutenção de cláusulas que aumentariam a chance de a empresa vencer uma segunda rodada de concessões aeroportuárias. Além disso, Benedicto Barbosa da Silva relata um repasse de R$ 4 milhões, solicitado por Franco ao grupo empresarial, e pago a Eliseu Padilha, a pretexto da campanha eleitoral de 2014. Documentos apresentados pelos colaboradores apontam pagamento a uma pessoa com apelido “Primo”, em localidades que correspondem ao escritório de Eliseu Padilha, de acordo com o inquérito. Secretário estadual de Transportes do RJ no governo Cabral, deputado federal pediu valores a duas empreiteiras; Julio Lopes diz que suas contas foram aprovadas pela Justiça.
Por G1 Rio
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de inquérito para investigar o deputado federal Julio Lopes (PP) por suspeita de ter recebido R$ 4 milhões em propina. A informação veio a partir de duas delações feitas à Justiça por executivos da Odebrecht. Na ocasião, Lopes era secretário estadual de Transportes do Rio.
No documento emitido por Fachin, não há explicação de como e quando teria ocorrido o pagamento da propina a Julio Lopes. De acordo com o documento, o deputado federal solicitou, quando era secretário de Transportes, a executivo da Queiroz Galvão "o pagamento de vantagem indevida no contexto de obras atribuídas a consórcio composto pelo Grupo Odebrecht e liderado pela Queiroz Galvão".
Segundo os colaboradores, as empresas teriam concordado com o pedido e feito o pagamento de R$ 4 milhões. A ocorrência foi reconhecida pelo colaborador Benedito Barbosa da Silva Júnior, da Odebrecht. No chamado "Setor de Operações Estruturadas", criado para organizar a distribuição de propinas, foi registrado como um pagamento feito ao apelido "Pavão", "Bonitinho" e "Velhos". Todos eram usados, de acordo com Benedito Júnior, para identificar Julio Lopes. Em reportagem de março, "O Globo" informou que os pagamentos teriam ocorrido às vésperas das eleições de 2014. Na ocasião, o então candidato a deputado federal pelo PP exigiu vantagens das empresas alegando que defendeu os interesses delas em obras como a Linha 4 do metrô (Ipanema - Barra da Tijuca) e como o Arco Metropolitano. As obras aconteceram durante o governo Sérgio Cabral, atualmente, preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) analisou a obra da Linha 4 e calculou um superfaturamento da ordem de R$ 2,3 bilhões na construção. O que diz Julio Lopes? O deputado diz que suas contas foram aprovadas pela Justiça. Veja a nota: "O deputado Julio Lopes confia no trabalho das instituições e se coloca à disposição da Justiça para colaborar com informações que vão esclarecer todos os fatos. O parlamentar reitera que todas as suas contas eleitorais foram aprovadas pela Justiça." Citado em dois inquéritos, ministro da Ciência e Tecnologia é suspeito de receber milhões. Ele diz que confia na Justiça e que é preciso ter cautela com depoimentos.
Por G1
O ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD-SP), aparece em dois inquéritos autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A PGR fez o pedido com base nas delações dos ex-executivos da Odebrecht.
Segundo os depoimentos, em ocasiões diferentes, Kassab teria recebido vantagens indevidas, tanto quando ocupava o cargo de prefeito de São Paulo, quanto na posição de ministro das Cidades e no atual cargo, de ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Em sua defesa, o ministro emitiu um comunicado no qual diz que “confia na Justiça, ressalta que não teve acesso oficialmente às informações e que é necessário ter cautela com depoimentos de colaboradores, que não são provas. Reafirma que os atos praticados em suas campanhas foram realizados conforme a legislação." No primeiro inquérito, declarações prestadas por Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Paulo Henyan Yue Cesena afirmam que, à frente da prefeitura de SP e do Ministério das Cidades, no período entre 2008 e 2014, Kassab recebeu um total de R$ 20 milhões, distribuídos ao longo de vários episódios. Um segundo documento aponta que depoimentos de Carlos Armando Guedes Paschoal e Roberto Cumplido indicam Kassab como um dos beneficiários em um esquema de pagamentos de vantagem indevida para agentes públicos em obras viárias de São Paulo em 2008. De acordo com os colaboradores, o então diretor da DERSA, Paulo Vieira de Souza, propôs a um grupo de grandes e médias empresas um “acordo de mercado”, aceito pelo Grupo Odebrecht, que liderava o consórcio. Durante a mesma conversa foi solicitado o pagamento de uma propina no valor de 5% do contrato, além de um adiantamento de R$ 2 milhões, apelidado de “abadá”, que seria destinado, segundo Vieira de Souza, à campanha eleitoral de Kassab. Mas, segundo o depoimento dos colaboradores, esse adiantamento acabou não sendo pago porque já existiam doações diretas ao então candidato. Em entrevista, Rodrigo Maia disse que as citações de delatores são falsas e que os inquéritos serão arquivados. Afirmou, ainda, que confia na Justiça.
Por G1
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é suspeito de corrupção e lavagem de dinheiro, segundo inquéritos autorizados pelo ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele teria recebido, pelo menos, R$ 1 milhão em três anos eleitorais.
Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF, determinou a abertura de 76 inquéritos para investigar políticos e autoridades com base nas delações de ex-executivos da Odebrecht. A informação foi confirmada no fim da tarde desta terça-feira (11). O pedido de inquérito partiu do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A Procuradoria Geral da República (PGR) fez o pedido com base nas delações dos ex-executivos da Odebrecht.
Maia é citado em dois inquéritos como suspeitos dos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, corrupção praticada contra a administração pública e lavagem de dinheiro. Em entrevista, Rodrigo Maia afirmou que confia na Justiça e vai continuar confiando sempre. Declarou que as citações de delatores são falsas e os inquéritos serão arquivados. Segundo ele, o Ministério Público e a Justiça estão fazendo seu papel de forma competente. Dinheiro de campanha Em um dos inquéritos, baseado na delação de Benedicto Barbosa, João Borba Filho, Cláudio Melo Filho, Carlos José de Souza Filho e Luiza Eduardo da Rocha Soares, tanto Rodrigo Maia quanto seu pai, César Maia, são suspeitos de receber repasses da Odebrecht em três anos eleitorais diferentes. Em 2008, quando nenhum dos dois concorria a cargos eletivos, Rodrigo Maia teria solicitado e recebido R$ 350 mil do Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht "a pretexto de auxílio à campanha eleitoral". Esse departamento da empresa ficou conhecido como "setor de propina". Em 2010, durante as eleições, ele teria solicitado um novo repasse para a campanha de seu pai. O valor do repasse, segundo os delatores, foi de R$ 600 mil, sendo que R$ 400 mil foram novamente pagos por meio do Setor de Operações Estruturadas. De acordo com o inquérito, o atual presidente da Câmara constava no cronograma de pagamentos do Drousys, um sistema de informática utilizado pela Odebrecht entre 2008 e 2014. João Marcos Cavalcanti de Albuquerque, assessor de Rodrigo Maia na Câmara, foi apontado pela empreiteira como o intermediário das operações. O inquérito também afirma que a empresa descreveu "pagamentos no contexto de aprovação de medida provisória e para eleição do ano de 2014". Dinheiro para aprovar leis No segundo inquérito, tanto Rodrigo Maia quanto César Maia são citados como suspeitos, ao lado do atual presidente do Senado Federal, Eunício Lopes de Oliveira, do ex-presidente do Senado Renan Calheiros e do senador Romero Jucá, de receber vantagem indevida para aprovar leis favoráveis à Odebrecht. De acordo com o documento, os delatores afirmaram que as medidas provisórias 470/2009, 472/2010 e 613/2013 foram aprovadas após a Odebrecht pagar milhões de reais a diversos políticos do Executivo e do Legislativo. Rodrigo Maia é suspeito de receber R$ 100 mil. De acordo com os delatores, o codinome de Maia no sistema Drousys, na lista de beneficiários de propina, era "Botafogo". Veja o que diz César Maia: Procurado, o ex-prefeito do Rio de Janeiro afirmou que a investigação vai mostrar que ele nunca recebeu doação da Odebrecht, somente do partido. Segundo ele, a construtora doou primeiro ao partido, que depois repassou os valores a ele, e que só soube disso na hora da abertura das conta. Leia a nota de Eunício Oliveira: "Não tenho nenhuma informação sobre os nomes nem sobre os inquéritos. Os homens públicos têm que estar sempre atentos e sem medo de fazer os enfrentamentos que a vida a pública nos oferece. Vamos tocar a pauta do Senado naturalmente. Vamos tocar a pauta com naturalidade." Leia a nota de Renan Calheiros: "A abertura dos inquéritos permitirá que eu conheça o teor das supostas acusações para, enfim, exercer meu direito de defesa sem que seja apenas baseado em vazamentos seletivos de delações. Um homem público sabe que pode ser investigado. Mas isso não significa condenação prévia ou atestado de que alguma irregularidade foi cometida. Acredito que esses inquéritos serão arquivados por falta de provas, como aconteceu com o primeiro." Leia a nota de Romero Jucá: "Sempre estive e sempre estarei à disposição da Justiça para prestar qualquer informação. Nas minhas campanhas eleitorais sempre atuei dentro da legislação e tive todas as minhas contas aprovadas." |
AutorLuiz Maia Histórico
Julho 2017
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