O empresário, que prestou depoimento à PF negou operar para políticos e partidos, mas admitiu já ter feito doação de R$ 100 mil à campanha de Loures
Luiz Vassallo, Fábio Serapião, Breno Pires, Isadora Peron e Rafael Moraes Moura | O Estado de S.Paulo
O relatório de investigação da Polícia Federal sobre o presidente Michel Temer revela que o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) mantinha contato frequente com o empresário Edgar Rafael Safdié. O peemedebista é acusado de receber propinas de R$ 500 mil, supostamente em benefício de Michel Temer, em troca de uma intervenção junto ao CADE, que beneficiaria a JBS. Em tratativas para viabilizar os repasses, Loures chegou a indicar um ‘Edgar’ para ser o encarregado de pegar os valores em dinheiro vivo. O empresário, que prestou depoimento à PF negou operar para políticos e partidos, mas admitiu já ter feito doação de R$ 100 mil à campanha de Loures.
“Observa-se um total de 33 registros predominantemente no ano de 2013, período que, conforme apresentado, RODRIGO ROCHA LOURES atua na Vice-Presidência da Republica. Observa-se também que, segundo informações extraídas pela ferramenta pericial, a maioria dos registros foi recuperada, pois haviam si do deletados no aparelho”, afirma a PF, em relatório.
No âmbito das investigações, Edgar Safdié prestou depoimento à Polícia Federal e afirmou não ter feito operações financeiras para Rodrigo Rocha Loures. O empresário alegou ainda que o Edgar sugerido pelo peemedebista para pegar a mala dos R$ 500 mildeve ser ‘algum homônimo’ e se disse ‘surpreso’ com o fato de ter sido intimado para prestar esclarecimentos. Ele ainda afirmou à PF que ‘nunca manteve contato com políticos’, mas admitiu ter doado R$ 100 mil para a campanha de Loures em 2006, à Câmara dos Deputados. A Polícia Federal revela que o empresário se situa em São Paulo, assim como disse Loures ao diretor de Relações Institucionais do Grupo J&F, Ricardo Saud, em encontro no qual o peemedebista tentou indicar ‘o Edgar que fica em São Paulo’, e que ‘faz a gerência das contas’. Naquela ocasião, o delator da JBS gravou imagens e áudios da conversa que teve com Loures. A menção a Edgar se deu em um shopping em São Paulo, pouco antes de o ex-deputado resolver pegar a mala com R$ 500 mil da JBS em uma pizzaria, na capital paulista. O relatório dá conta ainda de que 17 empresas estão em nome de Edgar Safdie. O detalhe é que as mensagens entre o empresário e Loures tiveram de ser recuperadas pela Polícia Federal, já que o homem da mala deletou as conversas de seu celular. “Verificou-se que EDGAR SAFDIE é pessoa próxima a RODRIGO ROCHA LOURES, tendo sido identificado uma conversa SMS que relata uma viagem em conjunto, inclusive com familiares, em fevereiro de 2013”, relata a PF.
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PF encaminha ao Supremo Tribunal Federal conclusão parcial do inquérito, mas pede mais 5 dias de prazo para finalizar investigação envolvendo o presidente e seu ex-assessor
Andreza Matais, Fabio Serapião e Breno Pires | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - A Polícia Federal aponta indícios de crime de corrupção passiva cometido pelo presidente Michel Temer e por seu ex-assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) no inquérito aberto com base na delação do empresário Joesley Batista, do Grupo J&F – controlador da JBS. Relatório parcial da investigação foi encaminhado nesta segunda-feira, 19, ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF também pediu mais cinco dias de prazo para encerrar a apuração. O inquérito que investiga Temer e Rocha Loures não foi concluído na parte em que são apurados crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça. O laudo final da perícia nos áudios gravados por Joesley não foi totalmente finalizado.
O ministro Edson Fachin, relator do caso e da Operação Lava Jato no Supremo, deverá se manifestar nesta terça-feira, 20, sobre a solicitação da PF de mais prazo para o encerramento do inquérito. A conclusão ligada ao indício de corrupção teve como base o laudo referente a duas conversas gravadas entre o executivo Ricardo Saud, da J&F, e Loures. Além disso, foi incluída análise do vídeo em que o ex-deputado é flagrado levando uma mala de R$ 500 mil ao deixar um restaurante em São Paulo. Apesar de tentar indicar outra pessoa para receber os valores – ele sugere o nome de “Edgar” –, o então deputado federal acabou combinando de pegar a mala de propinas em uma pizzaria indicada por ele na capital paulista. O valor, conforme a delação, seria entregue semanalmente pela JBS ao peemedebista, em benefício de Temer, como foi informado, nas gravações, pelo diretor de Relações Institucionais da holding. “Eu já tenho 500 mil. E dessa semana tem mais 500. Então você te um milhão aí. Isso é toda semana. Vê com ele (Michel Temer)”, disse Saud a Loures em um diálogo gravado. Rocha Loures é suspeito de exercer influência sobre o preço do gás fornecido pela Petrobrás à termoelétrica EPE – o valor da propina, supostamente “em benefício de Temer”, como relataram executivos da JBS, é correspondente a 5% do lucro que o grupo teria com a manobra. Perícia O áudio gravado por Joesley da conversa com Temer no Palácio do Jaburu, no dia 7 de março, possui vários trechos inaudíveis. O empresário e delator sustenta que Temer deu aval para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do operador financeiro Lúcio Funaro para que eles não fizessem delação premiada. Caso Fachin aceite o pedido da PF, o prazo dos delegados se encerrará na no próximo sábado, 24. Depois disso, o inquérito concluso deve seguir para a Procuradoria-geral da República que terá mais cinco dias para decidir se denuncia Temer e Loures ou se arquiva a investigação. A PF disse que não comentaria o pedido de dilação no prazo. Em outras ocasiões, o Planalto negou qualquer prática ilícita envolvendo Temer. Processos Nesta segunda-feira, Temer embarcou para Rússia e Noruega, onde ficará até sexta-feira. Antes de viajar, o presidente ajuizou dois processos contra Joesley. Ele acusa o empresário de agir por “ódio” para prejudicá-lo e “se salvar dos seus crimes”. Uma das ações é por danos morais e outra por difamação, calúnia e injúria. Ambas são assinadas pelo advogado do PMDB, Renato Oliveira Ramos. As petições não estabelecem um valor para a indenização. Caso vença as ações judiciais, Temer pretende doar os valores da indenização a uma instituição da caridade. O presidente também divulgou um vídeo à tarde nas redes sociais no qual disse que “criminosos não ficarão impunes”, como uma forma de resposta às denúncias feitas por Joesley. O empresário, em entrevista à Época, afirmou que o presidente liderava a “maior organização criminosa do País”. Nas ações protocoladas na Justiça Federal e na comum, que são praticamente idênticas, a defesa do presidente afirmou que Joesley “passou a mentir escancaradamente e a acusar outras pessoas para se salvar dos seus crimes” e o acusa de ser “o criminoso notório de maior sucesso na história brasileira”, uma vez que conseguiu um acordo de delação premiada que o permite ficar em liberdade e morar no exterior. Sem citar os governos do PT, o documento afirmou que é preciso “rememorar os fatos” de que o Grupo J&F, do qual Joesley é acionista, recebeu o primeiro financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2005, “muito antes” de Temer chegar ao Palácio do Planalto. Com Temer fora do País, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, terão a missão de reaglutinar a base aliada no Congresso. COLABORARAM ISADORA PERON, TÂNIA MONTEIRO e CARLA ARAÚJO Andréa Neves alega, por seu defensor, que 'todos os fatos' do episódio JBS ocorreram em São Paulo e cita casos de Eduardo Cunha, Delcídio e Palocci que foram deslocados para a primeira instância
O Estado de S.Paulo
O criminalista Marcelo Leonardo pediu ao Supremo Tribunal Federal que remeta para a Justiça Federal em São Paulo o inquérito contra Andréa Neves, irmã do senador afastado Aécio Neves (PSDB/MG). O argumento central do advogado é que a Corte máxima já mantém entendimento de que investigados sem foro privilegiado devem se submeter à primeira instância judicial.
No Supremo, pedidos de Andréa têm sido negados sucessivamente. Ela está presa desde 18 de maio.
A defesa citou os casos do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB/RJ), do ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT/MS), do ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda/Casa Civil-Governos Lula e Dilma) e do ex-presidente Lula. Todos esses processos correm na primeira instância judicial porque os acusados não detêm prerrogativa de foro por função. Andréa foi presa na Operação Patmos, deflagrada em 18 de maio, sob acusação de envolvimento na extorsão de R$ 2 milhões contra o empresário Joesley Batista, da JBS. Em processo de delação premiada, Joesley relatou e gravou encontros com o tucano. “Fiz um pedido para que o ministro (Edson Fachin, do Supremo) reconheca a incompetência do Supremo para julgar os réus que não têm foro por prerrogativa de função e determine deslocamento (dos autos) para a Justiça Federal em São Paulo porque todos os fatos ocorreram em São Paulo. O encontro de Andréa com Joesley foi em São Paulo, encontro de Aécio com Andréa foi em São Paulo, visitas do Frederico (primo do senador) com Ricardo Saud (diretor da J&F, controladora da JBS) foram em São Paulo”, argumenta Marcelo Leonardo. “O Supremo tem decidido de forma uniforme e pacífica, desde 2014, pelo desmembramento (de ações com investigados sem foro especial)”, assinala o advogado. “Vide os processos de Lula, Eduardo Cunha, Palocci, Delcídio, todo mundo foi para a primeira instância.” O caso de Andréa permanece no Supremo por conexão com o irmão senador – cuja prisão preventiva já foi requerida pela Procuradoria-Geral da República e será decidida nesta terça-feira, 20. “Mesmo nos casos com conexão, o Supremo está entendendo que não vai repetir aquele erro que cometeu quando julgou o Mensalão junto com todo mundo. Então, eles (Supremo) estão desmembrando sempre. Hoje (segunda, 19) fiz esse pedido. Joesley Batista prestou depoimento no DF em investigação sobre conta da JBS para Lula e Dilma13/6/2017 Na delação, empresário disse que manteve duas contas no exterior por onde passaram cerca de US$ 150 milhões
Renata Mariz e Thiago Herdy | O Globo
BRASÍLIA E SÃO PAULO - O empresário Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud, da JBS, prestaram depoimento na segunda-feira na Procuradoria da República no Distrito Federal em investigação instaurada a partir das delações do grupo. Eles foram chamados para explicar as informações prestadas nos termos de colaboração fechado com a Operação Lava-Jato que envolvem contas no exterior com recursos de propina supostamente destinados aos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. Os dois ex-presidentes negam a acusação.
Na delação, Joesley narrou que manteve duas contas no exterior por onde passaram cerca de US$ 150 milhões, dos quais US$ 70 milhões teriam sido movimentados em nome de Lula e US$ 80 milhões, de Dilma. Essa parte da colaboração premiada fechada com a Lava-Jato foi desmembrada e encaminhada para a Procuradoria da República no Distrito Federal, que abriu um Procedimento Investigatório Criminal (PIC).
Como Lula e Dilma não têm foro privilegiado, a investigação passa a ser feita em primeira instância. A Procuradoria da República no DF confirma que Joesley e Saud prestaram depoimento nesta segunda-feira em Brasília, mas não informou qualquer detalhe do que foi revelado. O órgão também disse não saber se novas oitivas estão marcadas. O empresário desembarcou neste domingo no Brasil. Segundo informações divulgadas na noite desta terça-feira pela assessoria da JBS, o empresário passou os últimos dias na China, e não nos Estados Unidos, como se supunha em função dos imóveis que ele em Nova Iorque. “Ele se ausentou do Brasil nos últimos dias para proteger a integridade de sua família, que sofreu reiteradas ameaças desde que ele se dispôs a colaborar com o Ministério Público”, escreveu a assessoria de Joesley, em nota. De acordo com o comunicado, o empresário esteve na segunda-feira em reuniões em Brasília. Nesta terça-feira, ele participou de encontros de trabalho em São Paulo. Nos últimos dias, o setor jurídico do grupo J&F, que detém a JBS, vem dando continuidade às investigações internas para oferecer à Procuradoria-Geral da República (PGR) dados complementares à colaboração premiada dos executivos da empresa. Desde quando delatou dezenas de políticos do alto escalão, inclusive o presidente Michel Temer, o grupo J&F tem identificado a ação de técnicos e agentes públicos de diferentes órgãos em ações de fiscalização às suas empresas. Executivos têm interpretado a iniciativa como tentativa de intimidação ao grupo, por isso têm sido orientados por integrantes da PGR a registrar o nome desses funcionários e encaminhá-los ao órgão para que os episódios sejam investigados. Na nota, a empresa informou que ele não revelou que estava na China “por razões de segurança”, e viajou ao exterior “com autorização da Justiça Brasileira”. De acordo com a assessoria do empresário, ele não estava “passeando na Quinta Avenida, em Nova York, ao contrário do que chegou a ser noticiado e caluniosamente dito até pelo presidente da República”. Deputados apresentaram pedidos de explicações na CCJ sobre relação do ministro com delator da JBS
Raquel Alves | JOTA
A “tropa de choque” do presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados formalizou a ofensiva para tentar desqualificar o relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin. A ideia é desgastar o ministro tentando mostrar que havia uma relação próxima com um dos delatores da JBS, que arrastou Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) para o centro da crise política.
Foi protocolado na Comissão de Constituição e Justiça um requerimento pedindo uma série de explicações de Fachin sobre o período que antecedeu sua sabatina no Senado para ministro do STF. Na ocasião, o hoje relator da Lava Jato fez as tradicionais visitas aos senadores e estaria acompanhado de Ricardo Saud, um dos colaboradores da JBS.
Assinado pelo progressista Fausto Pinato (SP) e endossado pelo vice-líder Darcísio Perondi (PMDB-RS), Carlos Marun (PMDB-MS), Alexandre Baldy (Pode-GO), Soraya Santos (PMDB-RJ) e Marcelo Aro (PHS-MG), o documento exige esclarecimentos como em que condições os pedidos de apoio à sua indicação foram feitos e se deles resultou “algum compromisso, tanto em relação aos parlamentares procurados, quanto em relação ao seu relacionamento com a empresa JBS, que acaba de assinar acordo de delação premiada”. (Leia a íntegra do requerimento 159/17) A oposição a Temer pretende recorrer ao Supremo Tribunal Federal para invalidar o documento sob o argumento de que a Constituição (art. 50) só permite que órgãos do Legislativo se utilizem desses requerimentos em relação a ministros de Estado e outras autoridades ligadas ao Poder Executivo, e que a jurisprudência do STF é pacífica ao não permitir seu uso contra juízes, no exercício da sua função. Interlocutores do Palácio do Planalto têm afirmado nos bastidores que há um movimento conjunto de Fachin e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para enfraquecer Temer. Fachin autorizou abertura de inquérito para investigar o presidente por obstrução de Justiça, corrupção passiva e organização criminosa a partir das implicações feitas pela delação da JBS. O ministro negou tirar o caso de Temer da Lava Jato e ainda autorizou a PF a tomar o depoimento do peemedebista podendo a autoridade policial questionar sobre gravação feita pelo empresário Joesley Batista, lembrando que Temer pode recorrer ao direito de não responder. A defesa de Temer queria que o depoimento só ocorresse após a perícia na gravação. Em nota divulgada nesta segunda (5), a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) saiu em defesa de Fachin. A entidade afirmou que repudiava e demonstrava “sua indignação quanto a quaisquer posturas que sejam tomadas visando à tentativa de obstrução da Justiça e de enfraquecimento do Poder Judiciário.” Segundo a associação, “as decisões judiciais, proferidas por magistrados federais ou por Ministro do Supremo Tribunal Federal, devem ser respeitadas e cumpridas, sendo possível que contra elas sejam apresentados os recursos previstos nas leis processuais.” “A estratégia de atacar a honra pessoal de magistrados que desempenham sua função constitucional como forma de intimidação e represália à atuação livre e independente, é conduta que não pode ser admitida no Estado Democrático e de Direito. A sociedade brasileira não permitirá que o processo de depuração e limpeza pelo qual passam as Instituições seja barrado por práticas políticas imorais ou que impliquem represálias a Magistrados”, diz o texto. Os juízes encerram a nota afirmando que “defende que a apuração dos graves fatos criminosos que foram revelados em razão da Operação Lava-Jato e a consequente responsabilização de todos que os praticaram continue a ser feita de forma independente e de acordo com as Leis da República.” Diretor da J&F entregou notas fiscais 'frias' e 'fictícias'
Diário do Poder
O diretor de Relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud, entregou, como parte de sua delação premiada, ao Ministério Público Federal, contratos e notas fiscais que teriam sido utilizados para dissimular propinas à cúpula do PMDB. Entre os documentos que, segundo o delator, são ‘frios’ e ‘fictícios’, estão números de notas fiscais emitidas pela JBS ao Ibope.
“Fazia pesquisa pra eles [senadores] e pagava com essa propina. o Ibope recebia propina. Nunca fez um serviço para nós”.
O IBOPE reagiu com veemência à denúncia do executivo da JBS sobre emissão de notas fiscais frias. “É com indignação que o IBOPE Inteligência tomou conhecimento da acusação de que emitiu notas fiscais falsas para a JBS como parte de pagamento de propina sem contrapartida de bens ou serviços. O IBOPE Inteligência nunca emitiu notas fiscais falsas, nem recebeu qualquer tipo de propina das empresas do grupo JBS ou de qualquer outra empresa.” O delator ainda relatou que o Instituto teria sugerido contratos fraudulentos para justificar os repasses da JBS. “Inclusive, eles várias vezes mandavam um contrato com um punhado de pesquisa e falaram: arquiva isso aí direitinho, se amanhã ou depois, se acontecer alguma coisa, você mostra isso aí. Eu falei: ‘ó, rapaz, agora quer me ensinar a roubar dos outros?’” “Nunca fizeram pesquisa pra mim. Pegavam pesquisa nacional e queria pôr no contrato da gente”, relatou. Um dos anexos do acordo de colaboração da JBS com a Procuradoria-Geral da República se refere a um pacotão de R$ 46 milhões ao PMDB nas eleições de 2014, que, segundo os executivos, teriam sido acertados entre o então ministro da Fazenda Guido Mantega e um dos donos da JBS, Joesley Batista. Do total, R$ 35 milhões seriam destinados à cúpula do PMDB no Senado. Saud explica, inclusive, que informou, à época, o então vice-presidente Michel Temer sobre os repasses. “Eu fui lá com o bilhete que o Joesley anotou do que o Guido falou e falei : ‘ó,Temer, ta iniciando a campanha, e o Joesley achou por bem pedir para vir falar com o senhor que já tá iniciando assim, tá doando 35 milhões para o PMDB e pelo que entendi não tá passando pelo senhor’”, relatou. Segundo o delator, no caso de Renan Calheiros, parte das propinas seriam utilizadas para ‘preparar’ a eleição do peemedebista à presidência do Senado e a outra parte teria como destino a campanha do filho dele, ao governo de Alagoas. Os valores repassados ao atual líder do PMDB no Senado chegaram aos R$ 9,9 milhões, de acordo com o delator. Parte deles, foi justificada por meio de pagamentos ao Ibope. “R$ 300 mil em 21/7/ 2014 para o ibope, nota fiscal 14247 – ibope nacional. Fazia pesquisa pra eles e pagava com essa propina. o ibope recebia propina. nunca fez um serviço para nós”, relatou. Outra empresa de comunicação que entra na lista de propinas da JBS é a GPS Comunicação, para quem a JBS emitiu duas notas fiscais: uma delas no valor de R$ 800 mil e outra no valor de R$ 900 mil. Saud listou os pagamentos feitos a pedido de Renan Calheiros: – ‘R$ 1 milhão ao diretório estadual do PMDB em Alagoas, ‘carimbado para Renan Filho’. – R$ 500 mil ao PMDB do Amapá, ‘por ordem do Renan’. – R$ 300 mil ao PMDB de Sergipe, ‘por ordem de Renan Calheiros’. – R$ 455 mil ao PMDB Nacional, ‘carimbados por Renan’. – R$ 300 mil para o PT do B Nacional, ‘por ordem do Renan’. “Então, o que entendi disso aí, das conversas que a gente teve lá com ele, que ele já estava jogando alguns senadores, o senhor vai ver mais embaixo, para preparar a eleição dele para a presidência do Senado. Assim como fez o Eduardo Cunha também, que o senhor vai ver mais na frente”, relatou Saud. Renan Calheiros (PMDB-AL) ainda pediu R$ 4 milhões ‘em dinheiro vivo’, de acordo com o diretor da J&F. Ele relatou que parte foi levada à casa do senador, em Alagoas, e outra parte entregue ao diretório estadual do PMDB. Já Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) teria recebido R$ 3 milhões, para campanha ao governo do Rio Grande do Norte, em 2014. Do total, R$ 1 milhão foi doado oficialmente ao PMDB Nacional, ‘em nome do Henrique’ e outra parte foi por meio de contratos de advocacia e de consultoria, e termos firmados com o Ibope. (AE) Ricardo Saud fez longo relato de supostas negociações de propinas.
Diário do Poder
O depoimento do executivo Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da J&F, é apontado pelos investigadores da Operação Patmos como um dos mais fortes indícios reunidos contra o presidente Michel Temer, alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
Saud fez aos procuradores da força-tarefa da Operação Patmos, que mira também o senador Aécio Neves (PSDB/MG) e o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB/PR), um longo relato de supostas negociações de propinas.
Em um trecho do seu relato, o diretor da J&F, controladora do grupo JBS, reconstituiu um encontro com Loures. “O Rodrigo Rocha Loures era um mensageiro só. A gente tinha acertado tudo com Michel Temer.” “Tratamos com o Temer e não com o Rodrigo. O Rodrigo foi um mensageiro.” Em outro ponto do depoimento, gravado em vídeo, Saud falou sobre uma propina que se arrastaria por 30 anos. “Isso é uma aposentadoria para o Michel. É uma aposentadoria para você (Loures) e o Michel. Vocês não vão ter mais dificuldade.” Loures foi flagrado carregando uma mala com R$ 500 mil de propina da JBS na Rua Pamplona, Jardins, em São Paulo. Agentes da Polícia Federal o filmaram quando entrava apressado em um táxi. Na segunda-feira, 22, sua defesa entregou à PF a mala, mas com R$ 35 mil a menos. Loures não explicou o que fez com o dinheiro. (AE) ‘É muito pouco’, disse Eunício Oliveira (PMDB), sobre propina de R$ 5 milhões, segundo delator21/5/2017 Em delação premiada, o diretor da J&F Ricardo Saud relatou que o peemedebista pediu propina para ‘os pares’ dele em troca de mudanças em Medida Provisória em benefício de empresários de produtos lácteos
Luiz Vassallo | O Estado de S.Paulo
O presidente do senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) pediu R$ 5 milhões à JBS em troca de edição de Medida Provisória que concederia benefícios fiscais a parte dos empresários do setor de produtos lácteos, alegou o diretor de Relações Institucionais e Governo da J&F Ricardo Saud, em delação premiada. Segundo o empresário, o peemedebista teria dito que o valor é ‘muito pouco’, mas que seria destinado aos ‘pares’ dele no Congresso. As tratativas aconteceram em 2013, contou o delator.
“Isso aí você sabe, tem um custo aí, vamos fazer um custo de 5 milhões, isso é muito pouco, mas para eu ajudar meus pares, teria dito Eunício Oliveira, hoje, presidente do Senado, ao diretor da J&F.
Ricardo Saud, da J&F, relatou que a Associação Viva Lácteos – de empresários da indústria de laticínios – pediram ajuda ao presidente da Vigor – pertencente à J&F -, Guilherme Xandó, para que a empresa se aproveitasse da ‘força política’ para alterar uma Medida Provisória ‘que tratava de PIS Cofins’. Na versão do colaborador, ao MPF, havia um grupo empresarial ‘falido’ que pleiteava um crédito de R$ 100 milhões de PIS/Cofins. “Essa empresa com 100 milhões [de crédito], e ela vale R$ 2 milhões hoje, alguém vai comprar por R$ 2 ou R$ 3 milhões e vai receber 100, usar o crédito e ativar as outras empresas”. “Pedi uma ajuda ao Romero Jucá, ele me ajudou, nunca pediu propina, e ele disse: olha, agora, você tem que ir atrás do Eunício. Ele era o relator”, relatou Saud. Em uma primeira reunião com o senador, em 2013, o executivo relatou já ter oferecido ‘ajuda na campanha’, ‘igual sempre fizeram’, em troca da alteração na Medida Provisória relatada pelo peemedebista. Após o pedido de R$ 5 milhões, o delator afirma ter negociado: “Eu disse: ‘Eunício, mas a gente é parceiro há muito tempo. Você vai cobrar isso no grupo, 5 milhões’. Ele: ‘vou cobrar isso da associação’. Ele já sabia que era a associação inteira”. Saud explica que foi realizada uma reunião entre os empresários e o senador e que, durante o encontro, o texto foi alterado, e os empresários ‘saíram de lá com uma proposta de R$ 5 milhões’. Os pagamentos ‘dissimulados’ teriam sido feitos ao Diretório Nacional do PMDB. Apesar da propina de R$ 5 milhões, meses depois, o peemedebista teria alterado o projeto, de forma desfavorável à associação. “Ele era meu amigo. 8 meses depois, ele foi relator de outra medida provisória e voltou atrás. E priorizaram esse povo aí. Esse tipo de negócio, depois de pago, não tem mais jeito. Como é que eu vou falar:’ você tá me roubando’! Você acha que terei o dinheiro de volta?”, relatou. COM A PALAVRA, EUNÍCIO OLIVEIRA Nota à Imprensa O senador Eunício Oliveira afirma que os diálogos relatados pelo delator são imaginários, nunca aconteceram, são mentirosos, como é possível constatar na prestação de contas do diretório nacional de PMDB ao TSE. No ano de 2013 não há doações ao partido conforme diz o delator, como é possível constatar nas prestações de contas do diretório nacional, que são públicas e podem ser verificadas nas declarações ao TSE. Como relator revisor, o senador recebeu representantes do setor sim, como é absolutamente normal em casos de relatoria. O senador Eunício Oliveira não usa e nunca usou suas funções legislativas para favorecer empresas públicas ou privadas. As contribuições eleitorais do grupo JBS para a companha de 2014 aconteceram sim, e estão devidamente declarados à justiça eleitoral na prestação de contas do candidato Eunício Oliveira. Assessoria de Imprensa Senador Eunício Oliveira Brasilia, 19.05.2017 ‘Você me paga pra mim sobreviver’, disse Gilberto Kassab (PSD) ao pedir R$ 7 mi , segundo delator20/5/2017 Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da JBS, relatou à Procuradoria-Geral da República que grupo repassou R$ 21 milhões em propina em forma de 'doação' para o PSD, em 2014, mas parte ficou retida com ministro do governo Temer
Julia Affonso, Luiz Vassallo e Fausto Macedo | O Estado de S.Paulo
O executivo Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais e de Governo da JBS, afirmou à Procuradoria-Geral da República que o ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) ‘reservou um pouco de dinheiro para ele’, dos R$ 21 milhões que o Grupo teria destinado ao PSD em forma de propina disfarçada em ‘doação’.
“Vou deixar cinco, seis milhões prá mim, depois passo notas fiscais da empresa do meu irmão, você me paga pra mim viver, sobreviver”, disse Kassab, segundo o relato de Saud, em delação premiada.
Ao todo, segundo o executivo, a JBS destinou R$ 21 milhões para o PSD, partido do ministro, ’em doação oficial, nota fria e dinheiro vivo’. Saud relatou aos investigadores o que chamou de ‘uma passagem’ que chamou sua atenção. “Poucas pessoas fizeram isso, o Kassab reservou um pouco de dinheiro para ele.” O ‘pouco’, segundo o diretor da JBS, representou pelo menos R$ 7 milhões, ou seja, um terço do montante total que teria sido repassado ao partido. “Esse dinheiro foi utilizado na campanha dele no Senado, uma parte ele ajudou uns poucos candidatos a deputado dele, outra investiu no Robinson Faria (governador do Rio Grande do Norte) e no Fábio Faria (filho do governador), e uma parte ficou para ele, pessoa física”, afirmou Saud. O executivo detalhou como, segundo ele, foi o repasse milionário. “Ele (Kassab) pediu para a gente (JBS) guardar lá R$ 7 milhões para ele e que aí, desses R$ 7 milhões, iria dividir em 22 parcelas de R$ 250 mil porque tinha impostos e essas coisas. Então, ficou R$ 5,5 milhões, divididos em 22 parcelas de 250.” Wesley Batista – sócio da JBS e também delator -, disse que Kassab explicou sua relação com o grupo Bertin, adquirido pela JBS. “Ele disse, ‘olha, tenho um contrato com o Bertin desses caminhões e um outro dessa assessoria, que é um ‘overprice’ dos caminhões e gostaria que vocês mantivessem isso e continuassem. Eu conto com isso’.” O delator disse, ainda, que a JBS decidiu manter os pagamentos ‘por fora’ pela influência política do ministro, ‘por conta de uma influência em algum momento’. Questionado qual era a relação da empresa com o ministro, Wesley disse que tanto ele quanto o irmão, Joesley, tinham as ‘portas abertas’. “Sempre nos atendeu na hora que queríamos falar. Tinha portas abertas para levar as demandas que tínhamos, em que pese não fizemos nenhum negócio específico com ele”, disse. COM A PALAVRA, GILBERTO KASSAB Por meio da Assessoria de Imprensa do PSD, o ministro esclareceu. “As apurações em andamento são importantes para o país e devem continuar como determina a legislação. Com relação às citações em depoimentos que foram divulgados nesta sexta-feira, cumpre esclarecer que o ministro detém participação societária em empresa prestadora de serviços que opera dentro de estrita legalidade. Não houve qualquer recebimento de recursos pessoais pelo ministro, o que ficará devidamente comprovado. Com relação às menções a repasses durante o processo eleitoral em 2014, cabe apontar que não houve “negociação do partido” e as doações recebidas foram registradas junto à Justiça Eleitoral. O ministro sempre pautou sua conduta pelo cumprimento à legislação.” Alexandre Gajardoni Assessoria de imprensa Partido Social Democrático |
AutorLuiz Maia Histórico
Julho 2017
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