Em conversa, Aécio Neves (PSDB) defende aprovar lei de anistia ao caixa 2 e abuso de autoridade18/5/2017 Documentos da investigação da nova fase da Lava Jato revelam conteúdos de conversas de Aécio com Joesley Batista, dono do frigorífico JBS.
Por Camila Bomfim | TV Globo
Documentos da investigação da nova fase da Lava Jato revelam como foi feito o acerto em que o empresário Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, promete pagar R$ 2 milhões ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), a pedido dele.
A TV Globo teve acesso à transcrição da conversa entre os dois. Além de Aécio indicar o primo para receber o dinheiro, ele também relata que ficou “dez noites sem dormir direito” e disse que precisa do dinheiro para pagar advogados: “como vou entrar numa merda dessa sem advogado”, disse.
No termo da delação premiada que Joesley Batista firmou com a Procuradoria-Geral da República (PGR) consta também que, na conversa, Aécio defendeu que era preciso aprovar a lei de anistia ao caixa 2 e a do abuso de autoridade. Aécio teria dito que "só cuidava dessas questões" e que já estava articulando com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e com o presidente Michel Temer pela aprovação desses projetos no Congresso. Veja como foi a conversa entre Aécio e Joesley, segundo o documento da operação: AÉCIO: Esses vazamentos, essa porra toda, é uma ilegalidade... JOESLEY: Não vai parar com essa merda? AÉCIO: Cara nós tamos vendo (...) primeiro: nós temos dois caras frágeis pra caralho nessa estória é o Eunício [de Oliveira, presidente do Senado] e o Rodrigo [Maia, presidente da Câmara], o Rodrigo especialmente também, tinha que dar uma apertada nele que nós tamos vendo o texto (...) na terça-feira. JOESLEY: Texto do que? AÉCIO: Não...são duas coisas: primeiro cortar o pra trás (...) de quem doa e de quem recebeu... JOESLEY: e de quem recebeu AÉCIO: Tudo. Acabar com tudo esses crimes de falsidade ideológica, papapá, que é que na, na, na mão [dupla], texto pronto nãnã. O Eunício afirmando que tá com culhão pra votar, nós tamo. Porque o negócio agora não dá para ser mais na surdina tem que ser o seguinte, todo mundo assinar, o PSDB vai assinar, o PT vai assinar, o PMDB vai assinar, tá montada. A idéia é votar na, porque o Rodrigo devolveu aquela tal das dez medidas, a gente vai votar naquelas dez, naquela merda das dez medidas, toda essa porra. O que que eu tô sentindo? Trabalhando nisso igual um louco. JOESLEY: Lógico. AÉCIO: O Rodrigo, enquanto não chega nele essa merda direito né? JOESLEY: Todo mundo fica com essa. Não... AÉCIO: E, meio de lado, não, meio de leve, não, meio de raspão, né, não vou morrer. O cara, cê tinha que mandar um, um, cê tem ajudado esses caras pra caralho, tinha que mandar um recado pro Rodrigo, alguém seu, tem que votar essa merda de qualquer maneira, assustar um pouco, eu tô assustando ele, entendeu, se falar coisa sua aí... forte... Não que isso? (Livra) resolvido isso tem que entrar no abuso de autoridade... o que esse Congresso tem que fazer. Agora tá uma zona, porquê? O Eunício não é o Renan [Calheiros, ex-presidente do Senado], o Renan... JOESLEY: Já andaram batendo no Eunício aí né? Já andaram batendo nas coisas do Eunício, negócio da empresa dele, não sei o quê. AÉCIO: Ontem, até... eu voltei com o Michel ontem, só eu e o Michel, pra saber também se o cara vai bancar entendeu, diz que banca, porque tem que sancionar essa merda, imagina bota cara. JOESLEY: E, aí ele chega lá e amarela. AÉCIO: Aí o povo vai pra rua e ele amarela. Apesar que a turma no torno dele o Moreira [Franco, ministro de Temer], [RICARDO] esse povo, o próprio Padilha [Eliseu Padilha, ministro de Temer] não vai deixar escapulir. Então chegando finalmente a porra do texto, tá na mão do Eunício... [...] JOESLEY: Esse é bom? AÉCIO: Tá na cadeira (...) O Ministro é um bosta de um caralho, que não dá um alô, peba, está passando mal de saúde pede para sair Michel tá doido. Veio só eu e ele ontem de São Paulo, mandou um cara lá no Osmar Serraglio [ministro da Justiça], porque ele errou de novo de nomear essa porra desse (...). Porque aí mexia na PF. O que que vai acontecer agora? Vai vim inquérito de uma porrada de gente, caralho, eles são tão bunda mole que eles não (tem) o cara que vai distribuir os inquéritos para o delegado. Você tem lá cem, sei lá, dois mil delegados da Polícia Federal. Você tem que escolher dez caras, né? Do Moreira, que interessa a ele vai pro João. JOESLEY: Pro o João. AÉCIO: É. O Aécio vai pro Zé, (...) JOESLEY: (...) [vozes intercaladas] [...] AÉCIO: Tem que tirar esse cara. JOESLEY: É, pô. Esse cara já era. Tá doido. AÉCIO: E o motivo igual a esse? JOESLEY: Claro. Criou o clima. AÉCIO: É ele próprio já estava até preparado para sair. JOESLEY: Claro. Criou o clima. Afastamento e pedido de prisão O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido de prisão do senador Aécio Neves e não levará para o plenário a decisão sobre o assunto. O plenário só avaliará o caso se o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, autor do pedido de prisão, decidir recorrer da decisão de Fachin. A decisão de Fachin afastou Aécio Neves do mandato de senador. Ele pode ir ao Congresso, mas não pode votar nem fazer nenhum ato como parlamentar. Fachin apreendeu o passaporte do senador e o proibiu de ter contato com outros investigados. Na delação premiada à PGR, o empresário Joesley Batista entregou uma gravação de 30 minutos na qual Aécio pede ao empresário R$ 2 milhões para pagar a defesa dele na Operação Lava Jato. A Polícia Federal filmou uma das entregas do dinheiro a um primo de Aécio e rastreou a quantia que, segundo a investigação, foi depositada em uma empresa do também senador tucano por Minas Gerais Zeze Perrella. A delação de Joesley, do irmão dele, Wesley Batista, foi homologada pelo ministro Fachin nesta quinta-feira. O advogado de Aécio, José Eduardo Alckmin, afirmou em nota nesta quinta que o parlamentar recebeu legalmente um empréstimo de Joesley e que o dinheiro foi destinado a pagar os custos de Aécio com a defesa dele na Operação Lava Jato.
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Delação de João Santana pode render acusação internacional a Lula
Cláudio Humberto | Diário do Poder
Já acusado de tráfico de influência, Lula pode responder por formação de quadrilha internacional, após a confissão de João Santana de que o ex-presidente esteve por trás das campanhas do marqueteiro em sete países, utilizando o esquema petista de financiamento eleitoral com recursos de caixa 2. Como no Brasil, as cinco campanhas foram pagas com o superfaturamento de contratos com empreiteiras brasileiras.
Lula articulou o financiamento eleitoral nesses países. “Todas no caixa 2“, segundo João Santana, que ainda foi designado marqueteiro.
Santana trabalhou para candidatos “de esquerda” no Peru, Argentina, República Dominicana, El Salvador, Honduras, Venezuela e Angola. Lula convenceu seus aliados “de esquerda” nesses países a adotar o mesmo esquema que implantado no Brasil com empreiteiras. A procuradora Thaméa Danelon, colaboradora da Lava Jato, considera que a mesma organização criminosa atuou, de fato, em vários países. Em delação premiada, o marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas petistas à Presidência da República em 2006, 2010 e 2014, afirmou que 99,9% das campanhas são financiadas com caixa 2
Rafael Moraes Moura, Breno Pires, Bernardo Gonzaga, Deivlin Vale e Liana Costa | O Estado de S.Paulo
Em depoimento ao Ministério Público Federal, o marqueteiro João Santana disse que todas as campanhas eleitorais feitas no País usam caixa 2 e “violam a democracia”. “As campanhas no Brasil são fortemente financiadas dessa forma: caixa 2. Não há uma só campanha no Brasil, vamos dizer, 99,9%, e não há um único marqueteiro, eu imagino, que não tenha sido obrigado ou que não recebeu. Não que isso nos isente”, disse João Santana em sua delação premiada.
O marqueteiro foi responsável pelas campanhas do PT à Presidência da República em 2006, 2010 e 2014. João Santana disse em depoimento que sempre pressionou para que o seu pagamento oficial fosse o mais próximo da realidade.
“Não pra dizer que eu ajudei a sanear esse mercado, mas a minha pressão pra ser o pagamento ser o mais próximo da realidade ajudou isso também”, disse o marqueteiro. Santana reconheceu que se os marqueteiros não topassem o esquema de caixa 2, as campanhas seriam mais limpas, honestas e democráticas. VIOLAÇÃO Questionado se o caixa 2 não torna a competição mais desigual, principalmente quando se trata de uma campanha à reeleição, o marqueteiro respondeu: “Torna desigual, mas todos violam a democracia. Pequenos e grandes, cada um da sua maneira. E se associam pra violar. É uma prática generalizada o caixa 2.” Nesta sexta-feira (12), o Supremo Tribunal Federal (STF) os vídeos dos depoimentos do acordo de delação premiada de Santana e sua mulher, Mônica Moura, para a Lava Jato. A delação foi homologada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte. Defesa de Dilma Rousseff (PT) pede investigação de casal de marqueteiros por falso testemunho9/5/2017 Em alegações finais ao TSE, advogados argumentam que João Santana e Mônica Moura apresentaram 'afirmações falsas' à corte eleitoral.
Rafael Moraes Moura e Breno Pires | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Em suas alegações finais encaminhadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) disse que o marqueteiro João Santana e sua mulher, a empresária Mônica Moura, apresentaram “afirmações falsas” à Corte Eleitoral e pediu que os seus depoimentos sejam desconsiderados no âmbito da ação que apura se a chapa de Dilma e Michel Temer (PMDB) cometeu abuso de poder politico e econômico para se reeleger em 2014.
Responsável pelas campanhas do PT à Presidência da República em 2006, 2010 e 2014, João Santana disse que Dilma “infelizmente” sabia do uso de caixa 2 na sua campanha de 2014. Conforme revelou o Estado, Santana afirmou em depoimento sigiloso à Justiça Eleitoral que o uso de caixa 2 na campanha de Dilma reforçou a percepção de que os políticos brasileiros sofrem de "amnésia moral”. Segundo o publicitário, Dilma "infelizmente" sabia do uso de recursos não contabilizados em sua campanha e se sentia "chantageada" pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht.
“Portanto, evidenciadas as afirmações falsas prestadas por Mônica Moura e João Santana perante o Tribunal Superior Eleitoral, requer a defesa de Dilma Rousseff não apenas sejam desconsiderados tais depoimentos como meio de prova no presente processo, mas também sejam expedidos ofícios tanto ao Ministério Publico Federal, como ao eminente Ministro Edson Fachin (STF) para adoção de medidas atinentes à prática de crime de falso testemunho (art.342 CP), bem como para perda dos benefícios do regime de colaboração premiada”, diz a defesa de Dilma. Segundo os advogados da petista, o casal apresentou “inúmeras afirmações inverídicas e fantasiosas”. O pedido da defesa de Dilma - de desconsiderar o depoimento e pedir investigação por falso testemunho - também inclui o empreiteiro Marcelo Odebrecht. Reunião Em depoimento ao TSE, a empresária Mônica Moura disse que participou de uma reunião no primeiro semestre de 2014 com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, na qual foi acertado que parte do pagamento do marketing político da campanha de Dilma seria via caixa 2. Mantega nega as acusações. Segundo Mônica, ficou acertado que o valor oficial destinado ao marketing tocado pelo casal seria de R$ 70 milhões - e o restante pago "por fora". Do caixa 2, a Odebrecht teria, efetivamente, pago cerca de R$ 10 milhões em dinheiro. “Nota-se até aqui, a total inconsistência entre os valores declarados pela Sr. Monica em seu depoimento e aqueles informados na planilha apresentada pelo Sr. Marcelo Odebrecht no seu acordo de colaboração, que é a mesma apresentada pelo Sr. Hilberto Filho para corroborar o seu depoimento neste Tribunal Superior Eleitoral. Até o momento, somente vem se confirmando o número de R$ 70.000.000,00 (Setenta milhões de reais), que foi o valor pago e declarado pela Campanha Presidencial da Chapa Dilma/Temer em 2014”, diz a defesa de Dilma. De acordo com os advogados da petista, os serviços publicitários foram pagos em “valores elevadíssimos” - R$ 50 milhões no primeiro turno e R$ 20 milhões no segundo turno, em um total de R$ 70 milhões. “Não haveria qualquer razão para que Mônica Moura e João Santana recebessem qualquer valor adicional ao contrato celebrado com a chapa Dilma-Temer”, ressalta a defesa de Dilma. A defesa do presidente Michel Temer também pediu que sejam anulados os depoimentos do marqueteiro João Santana e da empresária Mônica Moura à Justiça Eleitoral. Segundo o Estado apurou, o julgamento da ação contra a chapa Dilma-Temer deve ser retomado pelo plenário do TSE no final deste mês. Dentro do Palácio do Planalto e do TSE, dá-se como certo que o relator do processo, ministro Herman Benjamin, vai defender a cassação da chapa em um voto contundente. O ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil) foi quem “vendeu” ao marqueteiro João Santana a ideia de que seria seguro receber pagamentos da Odebrecht por meio de caixa 2 após mensalão
Estadão Conteúdo
O relato foi feito ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela empresária Mônica Moura, mulher do publicitário, que deu detalhes sobre a gênese do esquema de financiamento ilegal de campanhas do partido pela empreiteira.
Conforme o depoimento de Mônica, Santana resistia a aceitar recursos não contabilizados em 2006, após o escândalo de compra de apoio político que envolveu alguns dos principais quadros do PT, ainda no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas foi convencido pelo argumento de Palocci de que a empreiteira era uma empresa “sólida”.
“A primeira vez em que foi proposto isso, em 2006, teria caixa 2, o João falou que não faria, tinha acabado de acontecer o mensalão: ‘Não dá para fazer uma campanha assim’”, afirmou a empresária. Ela disse que a Odebrecht foi apresentada ao marqueteiro como uma empresa que poderia pagar “por fora” sem causar nenhum tipo de problema. “Quando o João aceitou fazer, me mandou conversar com o Palocci. Foi a minha primeira conversa com o Palocci. Daí foi que ele me encaminhou à Odebrecht pela primeira vez”, disse a depoente. Reeleição O esquema iniciado na campanha pela reeleição de Lula se repetiria em 2010 e 2014, com Dilma Rousseff candidata. No depoimento ao TSE, Mônica Moura contou que o marketing de 2010 custou cerca de R$ 70 milhões, dos quais aproximadamente R$ 50 milhões foram pagos no caixa 1 e o restante, por fora. A própria Odebrecht, segundo ela, depositou cerca de US$ 4 milhões (cerca de R$ 14 milhões, em valores atuais) no exterior em 2011 para cobrir um porcentual dessa dívida. Outros pagamentos foram feitos pelo próprio PT, por meio de um assessor de Palocci, que era o interlocutor do PT na Odebrecht. Em 2014, explicou a depoente, quando o ex-ministro Guido Mantega já havia assumido a interlocução do PT com a empreiteira, a Odebrecht assumiu a totalidade dos pagamentos de caixa 2 ao marqueteiro. Foi a solução encontrada para bancar a campanha, uma vez que o relacionamento do governo Dilma com o empresariado era difícil e havia entraves para a arrecadação. Naquele ano, o marketing de Dilma foi orçado em R$ 105 milhões, dos quais R$ 70 milhões foram pagos no caixa 1. Dos R$ 35 milhões excedentes, a Odebrecht chegou a desembolsar cerca de R$ 10 milhões. O restante, segundo a empresária, não foi pago pela empreiteira por causa do avanço da Lava Jato. Defesa O advogado de Palocci, José Roberto Batochio, disse que desconhece o depoimento de Mônica Moura e, portanto, não poderia se pronunciar sobre ele. Guido Mantega nega que tenha participado de captação de recursos para a campanha. O PT não se pronunciou. A defesa de Dilma Rousseff reiterou que João Santana e Mônica Moura “faltaram com a verdade” nos depoimentos ao TSE. “Tudo indica que o casal, por força da sua prisão por um longo período, tenha sido induzido a delatar fatos inexistentes, com o objetivo de ganhar sua liberdade e de atenuar as penas impostas por uma eventual condenação futura”, diz nota divulgada pela ex-presidente. João Santana diz que Dilma Rousseff (PT) se sentia chantageada por Odebrecht
Diário do Poder
O uso de caixa 2 na campanha eleitoral de Dilma Rousseff (PT) em 2014 reforçou a percepção de que os políticos brasileiros sofrem de "amnésia moral", disse em depoimento sigiloso à Justiça Eleitoral o marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas do PT à Presidência da República em 2006, 2010 e 2014. Segundo o publicitário, Dilma "infelizmente" sabia do uso de recursos não contabilizados em sua campanha e se sentia "chantageada" pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht.
De acordo com Santana, a petista teria sido uma "Rainha da Inglaterra" em se tratando das finanças de sua campanha, não sabendo de todos os detalhes dos pagamentos efetuados.
No entanto, indagado se a presidente cassada tinha conhecimento de que parte das despesas era paga via caixa 2, o marqueteiro foi categórico: "Infelizmente, sabia. Infelizmente porque, ao me dar confiança de tratar esse assunto, isso reforçou uma espécie de amnésia moral, que envolve todos os políticos brasileiros. Isso aumentou um sentimento de impunidade". O jornal O Estado de S. Paulo apurou mais detalhes do depoimento de Santana, prestado na última segunda-feira, 24, no Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA). Na ocasião, o ex-marqueteiro de Dilma lembrou o papel do atual governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), como "porta-voz" de recados de Marcelo Odebrecht. "Dilma se achava chantageada pelo Marcelo", afirmou Santana à Justiça Eleitoral. De acordo com o relato do publicitário, o objetivo da chantagem seria intimidar a então presidente a ponto de fazê-la impedir o avanço das investigações da Lava Jato. Dilma nunca gostou do "Menino", apelido que usava para se referir a Marcelo Odebrecht, disse o ex-marqueteiro do PT. Conforme depoimento do ex-diretor de Crédito à Exportação da Odebrecht Engenharia e Construção João Nogueira à Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-presidente da Odebrecht enviou, por meio de Pimentel, documentos que demonstravam o uso de caixa 2 na campanha da petista. O objetivo era demonstrar que Dilma não estava blindada na crise de corrupção que se instalou no seu governo. Dilma também teria sido avisada reiteradas vezes de que a sua situação poderia se complicar se ela não barrasse um acordo internacional entre autoridades do Ministério Público do Brasil e da Suíça, já que a conta da sua campanha estaria "contaminada". João Santana foi uma das últimas testemunhas ouvidas no âmbito da ação que apura se a chapa encabeçada por Dilma, de quem Michel Temer foi vice, cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger em 2014. O julgamento do processo deverá ser retomado na segunda quinzena de maio. A informação de que Dilma sabia do uso de caixa 2 foi considerada um fato novo pelo ministro Herman Benjamin. Nefasta O assunto "caixa 2" foi tratado por Dilma e por João Santana já em abril e maio de 2014, antes do início oficial da campanha eleitoral. De acordo com o marqueteiro, o pagamento "oficial" estava em dia, enquanto os repasses de recursos não contabilizados via Odebrecht sofriam atrasos. Santana foi questionado no depoimento se esses atrasos não seriam genéricos, mas o próprio marqueteiro enfatizou que a demora nos pagamentos sempre envolve a parte não contabilizada. O publicitário afirmou que já estava acostumado a dar "alerta vermelho" sobre atrasos, desde a época em que trabalhou na campanha de Lula à Presidência, em 2006. "Caixa 2 é uma coisa nefasta", criticou Santana, que disse não haver campanha eleitoral sem a irrigação de recursos não contabilizados - mesma constatação que já havia sido feita por Marcelo Odebrecht em outro depoimento ao ministro Herman Benjamin. Para o marqueteiro, a definição das coligações em torno de candidaturas são "leilões", envolvendo uma série de interesses e negociações, como a distribuição de cargos. "Isso vai perdurar enquanto tiver empresário querendo corromper e político querendo ser corrompido", disse. Mesmo considerando Dilma Rousseff uma política honesta, o marqueteiro reconheceu que a petista acabou "fatalmente nessa teia". "É um esquema maior que o 'petrolão'. Essa promiscuidade de público e privado vem do Império, passou por todas as coisas da República", resumiu Santana. Defesa Em nota, a assessoria da ex-presidente Dilma Rousseff repudiou "o vazamento seletivo de trechos" do depoimento de João Santana, o que renova "a necessidade de rigorosa investigação pela Justiça Eleitoral". "Dilma Rousseff nunca negociou diretamente quaisquer pagamentos em suas campanhas eleitorais, e sempre determinou expressamente a seus coordenadores de campanha que a legislação eleitoral fosse rigorosamente cumprida e respeitada", diz a nota. João Santana confessa a Moro que é ‘cúmplice de sistema eleitoral corrupto, negativo’ (video)18/4/2017 Interrogado nesta terça-feira, 18, marqueteiro das campanhas presidenciais de Lula e Dilma Rousseff diz que 'assume toda a sua responsabilidade'
Ricardo Brandt, Fausto Macedo, Julia Affonso e Luiz Vassallo | O Estado de S.Paulo
O publicitário João Santana, marqueteiro das campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014), confessou nesta terça-feira, 18, ao juiz federal Sérgio Moro. “Eu assumo toda a minha responsabilidade”, declarou em audiência no processo criminal em que é réu ao lado da mulher, Monica Moura, e do ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda).
Ao final de seu interrogatório, Santana fez uma ressalva. Assume sua responsabilidade, ‘não como vítima, mas fica difícil assumir uma culpa e virar um antiexemplo individualmente’.
“Eu acho que nossas contradições constroem as nossas armadilhas. E o nosso cérebro ajuda a amenizar essas contradições. Eu, mesmo sendo pessoa organicamente a favor das coisas bem feitas, legais e honestas, criei um escudo em minha cabeça, duplo escudo, um social e externo que era doutrina do senso comum do caixa 2 e outro, interno, que é ‘receba pelo trabalho honesto que estou fazendo’.” “Construí esse equivoco em mim mesmo, sem perceber que, ao fazer isso, estava sendo cúmplice de um sistema eleitoral corrupto e negativo”, seguiu o marqueteiro. “Não estou aqui demagogicamente dizendo que eu não tinha culpa, que só fui vítima disso, não, eu fui agente disso. Quanto mais transparência houver, principalmente de profissionais como eu, do marketing político, isso vai ajudar.” João Santana enfatizou. “Não que os grandes responsáveis sejam marqueteiros, mas acho que é o momento de os próprios marqueteiros abrirem os olhos sobre isso, e da Justiça também.” Ele confessou. “Eu assumo toda a minha responsabilidade, não como vítima, mas fica difícil assumir uma culpa e virar um antiexemplo individualmente.” E reiterou compromisso que firmou em acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. “Estou estou disposto a colaborar e acho que é importante para o Brasil que isso seja feito.” COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA JOSÉ ROBERTO BATOCHIO, DEFENSOR DE PALOCCI “O interrogatório do ex-ministro Antonio Palocci está marcado para esta quinta-feira, 20 de abril, ocasião em que ele terá oportunidade de expor, detalhada e cumpridamente, todos os fatos abrangidos por esta ação penal que, não se deve esquecer, versa apenas sobre influência na licitação das 29 sondas e também pagamento de caixa 2 para o sr. João Santana e sua sócia e mulher, Mônica Moura.” Mulher de João Santana depõe e complica Dilma, Lula, Palocci...
Diário do Poder
A empresária Monica Moura, mulher do marqueteiro de campanhas eleitorais do PT João Santana, confessou ao juiz federal Sérgio Moro nesta terça-feira, 18, o uso de Caixa 2. No início do mês, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou as delações premiadas do marqueteiro, de sua mulher e do funcionário do casal André Reis Santana.
O magistrado questionou Monica se houve recebimento de pagamentos não contabilizados.
“Sim”, respondeu. Moro perguntou a frequência. “Frequente, Dr.. Todas as campanhas políticas que nós fizemos, todas da Polis e antes da Polis, quando eu era apenas uma funcionária de outras campanhas, de outros marqueteiros, sempre trabalhamos com caixa 2, com recursos não contabilizados, em todas as campanhas”, afirmou. Monica Moura declarou que ela e João Santana trabalham juntos na Polis Propaganda, ‘que é nossa agência’, há 15 anos. “Nós somos casados, vivemos juntos há 18 anos.” Segundo ela, o casal faz ‘Basicamente marketing político’. “Fazemos apenas a comunicação de campanhas políticas”, declarou. “Cuido de toda parte operacional e financeira da empresa.” João Santana, declarou, era responsável pela ‘parte criativa, estratégia política das campanhas, das comunicações’. Moro quis saber se o marqueteiro tinha ciência da movimentação financeira. “Tinha, tinha. Tudo o que eu fazia eu me reportava a ele, óbvio, como ele era meu chefe, apesar de sócio, ele era sócio majoritário e eu me reportava ele todas as decisões, ele sabia de tudo”, afirmou Monica. “Recebiam também pagamentos contabilizados?”, perguntou Moro. “Sim, sim, sempre”, respondeu Monica. “No início, muito tempo atrás, a maioria era não contabilizado, porque isso era sempre uma exigência dos partidos, sempre, creio que não só para gente, acho que para todos os marqueteiros. Não acredito que exista um marqueteiro que trabalhe no Brasil fazendo campanha só com caixa 1, não acredito que exista, todos trabalham com caixa 2. Era uma exigência dos partidos que tivesse sempre a maior parte em caixa 2. Com tempo, ao longo dos anos, nós fomos conseguindo, eu e João, posso dizer que foi uma luta árdua e frequente, fomos conseguindo aumentar o percentual. Na última campanha, nós já tivemos um valor maior de caixa 1 do que de caixa 2. Foi aumentando ao longo do tempo o valor contabilizado.” José Roberto Arruda (PR) recebeu R$ 466 mil de obra do VLT de Goiânia, diz delator da Odebrecht14/4/2017 Montante faz parte dos R$ 996 mil repassados ao ex-governador do DF via caixa dois para campanha eleitoral. Defesa do político diz que não vai comentar caso.
Por Gabriel Luiz e Fernanda Irineu | G1 DF e TV Globo
Parte dos R$ 996 mil repassados ao ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (PR) foram desviados das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Goiânia, afirmam delatores da empreiteira Odebrecht. Segundo as delações, o político recebeu R$ 466 mil da obra goiana como caixa dois para financiar sua campanha para voltar ao governo do DF em 2014.
Procurado pelo G1, o advogado de Arruda afirmou que não tem interesse de comentar o caso, por enquanto. O governo de Goiás afirmou que prestará os devidos esclarecimentos sobre o conteúdo das delações "em juízo".
"O consórcio vencedor da concorrência do VLT entregou o projeto executivo das obras. A Odebrecht integrava o consórcio, mas deixou o contrato. Além disso, houve restrições à captação de financiamentos e as obras não foram iniciadas, não tendo havido dispêndio de recursos públicos com elas", afirma o governo estadual. Os detalhes sobre o desvio da obra goiana foram relatados pelo ex-diretor da Odebrecht Ricardo Roth Ferraz de Oliveira. Em depoimento, ele diz que “algum recurso alocado nessa obra [do VLT de Goiânia] foi destinado a ele”. “Na contabilidade nossa do sistema saíram daí para poder fazer o pagamento para o Parreira [apelido de Arruda nas planilhas da Odebrecht].” Ainda segundo Oliveira, os R$ 530 mil restantes que Arruda recebeu vieram do projeto para construção do Centro Administrativo de Brasília. As afirmações também foram corroboradas pelo ex-executivo da Odebrecht João Pacífico em depoimento. O nome de Arruda aparece em 2 dos 201 pedidos de inquérito enviados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a instâncias judiciais inferiores, com base em delações de ex-executivos da Odebrecht. Fora o recebimento de dinheiro via “caixa dois”, ele é suspeito de participar de irregularidades nos contratos do Expresso DF. Os casos foram remetido do Supremo Tribunal Federal (STF) para a Justiça do DF porque Arruda não tem "foro privilegiado". Não há prazo para a análise do pedido de investigação. VLT de Goiânia Licitada em 2013, a obra não chegou a sair do papel por falta de financiamento. Ela foi orçada em R$ 1,3 bilhão – com a Odebrecht tendo 90% de participação no projeto. De acordo com a proposta, o sistema contaria com 30 composições e de dois vagões. Cada um transportaria 300 pessoas, com partidas ocorrendo a cada três minutos, pelo Eixo Anhanguera. Arruda Em 2014, Arruda chegou a fazer campanha e participar de debates eleitorais, mas teve o registro da candidatura indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com base na Lei da Ficha Limpa. A chapa substituta, formada por Jofran Frejat (PR) e pela esposa de Arruda, Flávia Peres (PR), perdeu a disputa no segundo turno. O nome de José Roberto Arruda também é citado em outro pedido de investigação – este, relacionado às obras do BRT Sul (Expresso DF), que liga Gama e Santa Maria ao centro de Brasília. Segundo os delatores, a proposta de cobertura na licitação da obra foi marcada por irregularidades. A delação menciona o envolvimento de "outras empresas", sem detalhamento, e cita um encontro entre diretores dessas empresas, o então governador Arruda e o então secretário de Obras do DF, Márcio Machado. O assunto tratado na reunião e o impacto desse bate-papo nos contratos não são detalhados na petição remetida pelo STF. Na manhã de quarta (12), Márcio Machado disse que não tinha conhecimento da denúncia e, por isso, não poderia se pronunciar sobre a citação. A construção do Expresso DF Sul começou no governo Arruda, em 2011, com a previsão de que o transporte poderia ser utilizado na Copa das Confederações, em 2013. Após uma série de adiamentos e mudanças no projeto, os ônibus começaram a operar em fase de testes em abril de 2014. O valor total das obras superou os R$ 750 milhões. Em nota, a Odebrecht disse entender que "é de responsabilidade da Justiça a avaliação de relatos específicos feitos pelos seus executivos e ex-executivos". "A empresa colaborou com a Justiça, reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades brasileiras e da Suíça e com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas", diz o texto. Segundo Leandro Azevedo, dinheiro foi repassado em três campanhas eleitorais. Defesa do casal diz que, se petição virar inquérito, vão provar que delator mente.
Por RJTV
Superintendente da Odebrecht no Rio de Janeiro, Leandro Azevedo afirmou que fez pagamentos milionários aos ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho, do PR. O também delator Benedicto Júnior já havia dito que o casal recebeu dinheiro de caixa dois.
Segundo Benedicto, que controlava o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, os valores pagos chegaram a R$ 12 milhões. No entanto, Azevedo garantiu, durante depoimento aos promotores do Ministério Público Federal, a quantia foi bem maior: R$ 20 milhões.
A distribuição dessa verba ocorreu em pelo menos três eleições, segundo o delator: duas de Rosinha Garotinho à Prefeitura de Campos, em 2008 e 2012; e uma de Garotinho ao Governo do Estado, em 2014. Veja trechos do depoimento: "Em 2008, o Benedicto Júnior, meu líder, me chamou no escritório da empresa lá no Rio de Janeiro, na Praia de Botafogo. Me relatou que havia tido uma reunião com o ex-governador Anthony Garotinho e nessa reunião o ex-governador havia pedido uma contribuição eleitoral para a candidatura de Rosinha Garotinho que seria candidata a prefeita de Campos. O Benedicto Júnior, então, fechou acordou com ele o valor da doação que a Odebrecht ia fazer. Eu me lembro que era mais ou menos em torno de R$ 5 milhões, que esse valor seria pago através de caixa dois. Dinheiro não contabilizado". "No ano de 2012, eu já era superintendente. O Benedicto Júnior me chamou dizendo que tinha estado com Anthony Garotinho, mas que a prefeita Rosinha Garotinho seria candidata à reeleição em Campos e me disse que havia fechado com ele uma nova programação de R$ 5 milhões para participar da reeleição da Rosinha. Ele (Benedicto) me pediu para operacionalizar da mesma forma que foi da primeira vez, através de dinheiro não contabilizado, caixa dois". "Em 2014, ele foi candidato a governador e eu já era diretor-superintendente. O Benedicto Júnior me chamou mais uma vez para uma conversa. Antes de se lançar oficialmente, ele chamou o Benedicto Júnior e disse que seria candidato a governador e que contaria com o apoio da Odebrecht. Nossa avaliação era que o Garotinho tinha condições de ser o governador do Rio de Janeiro. Ainda existia uma crise no governo Cabral grande. O outro oponente dele, se não me engano, era o Crivella, e o Lindbergh, que a gente achava que não tinha chance. Então o Benedicto Júnior aceitou a combinação de valores de campanha. Foi em torno de R$ 10 milhões para a campanha de governador". Segundo Azevedo, o dinheiro era pago em parcelas ao longo de seis a sete meses. Azevedo também delatou que a Odebrecht ganhou duas licitações na administração de Rosinha Garotinho em Campos – uma em 2008 e outra em 2012. Somados, os contratos chegaram, segundo o delator, a R$ 833 milhões. "Um dos primeiros editais que ela homologou logo depois da eleição foi um edital para a construção de 5.100 casas populares. No valor mais ou menos de R$ 357 milhões. Isso chamou minha atenção porque casas populares geralmente você vê no mercado sendo construídas em vários lotes e aqui foi feito em lote único e a esse valor. Isso fazia com que as empresas pequenas não tivessem condições de participar. E as empresas grandes não tinham interesse. E de fato aconteceu isso. Para não participarmos sozinhos da licitação, nós pedimos para que a Queiroz Galvão e a Carioca Engenharia dessem um preço acima do nosso. Essas duas empresas aceitaram fazer isso". "Em 2012, a prefeita Rosinha foi reeleita e ela lançou um segundo programa chamado 'Morar feliz 2'. Foi uma nova licitação. Nessa licitação nós participamos sozinhos, sem ninguém. Se a Odebrecht não tivesse participado, ia dar vazio. Eu fiz o 'Morar feliz 1'. A gente tinha uma equipe mobilizada, tinha uma expertise em construir casas. Então, ela lançando um projeto desses, é óbvio que eu ia participar do 'Morar feliz 2'. O valor foi um pouco maior, foi R$ 476 milhões". Acesso direto Benedicto Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, citou em seu acordo de delação os ex-governadores do Rio Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho, do PR. O ex-executivo afirmou que o casal recebeu dinheiro não contabilizado – o chamado caixa dois – em três campanhas eleitorais. Somados, esses valores pagos chegaram, segundo o delator, a R$ 12 milhões. Benedicto: "No período que eu fui diretor superintendente da Odebrecht no Rio de Janeiro eu construí uma relação pessoal com o governador Anthony Garotinho que eu mantive nos últimos quatro anos, o que permitia que ele tivesse acesso a mim direto, o que permitia durante os períodos eleitorais fazer pedidos de doação para seu grupo político. Grupo político que ele se identifica através da própria Rosinha e dos candidatos federais que ele apoia. Então, especificamente no ano de 2008, o governador me procurou, fui a reunião pedida por ele no escritório dele na Conde Lages, aonde ele me fez um pedido e a gente fez uma doação para a campanha da dona Rosinha de R$1 milhão, que foi feito de forma via caixa dois no Sistema de Operações Estruturadas da Odebrecht e pagos diretamente as pessoas indicadas pelo Dr. Garotinho". Pergunta: Entregues a quem? Benedicto: "A pessoas indicadas por ele na época". Pergunta: As pessoas foram indicadas pessoalmente por ele? Benedicto: "Pessoalmente. Eu posteriormente indiquei um executivo meu, o Leandro Azevedo, nessa operalização dos pagamentos". Pergunta: O senhor Anthony Garotinho ele fazia campanha só da Rosinha ou de outros candidatos também? Benedicto: "Eu entendo que ele fazia dele, dela, da filha e que eu me lembro de um deputado chamado Geraldo Pudim que ele coordenava". Pergunta: Coordenava? Benedicto: "Ele era presidente do PR, então ele devia ter uma base maior de apoio, mas o que eu me lembro de cabeça são só estes". Pergunta: Mas ele era responsável pela arrecadação de campanha? Benedicto: "Ele era o responsável. Com relação a Odebrecht, ele procurava e pedia doação para o partido". Pergunta: Como é que foi feito o pagamento de um milhão de reais?. Benedicto: "Foi feito...o Leandro combinou com alguém do pessoal dele, não tenho o nome da pessoa no sistema para que o nosso setor de operações estruturadas fizesse o pagamento aqui no Rio de Janeiro". Pergunta: Além desse pagamento de um milhão de reias, houve outros pagamentos? Benedicto: "Houve outros pagamentos. Ainda no âmbito de campanha principal, na campanha de 2012. Ele fez um pedido, nós fizemos uma doação nova de recursos de caixa dois de forma ilícita de 2,3 milhões de reais para campanha de releição da dona Rosinha Garotinho. Em 2010, para sua campanha de deputado federal de R$ 1,2 milhões também de Caixa Dois vindo do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. E na sua última campanha, que foi a campanha dele para governador em 2014, nós fizemos uma doação de 7,5 milhões para a campanha dele via Caixa Dois". Pergunta: O que vocês esperavam especificamente do senhor Anthony Garotinho? Benedicto: "No âmbito da prefeitura onde a esposa dele geria era efeitivamente que ele garantisse que a gente ia ser bem tratado, iam ter os nossos assustos tratados, encaminhados de forma correta e esse acesso qualificado com ele. Eu, particularmente, sempre enxerguei o Garotinho como um opositor ao Sérgio Cabral. E apesar de toda a relação que eu tinha com o Ségio, era importante manter o Garotinho como uma pessoa próxima ao Odebrecht porque numa alternância de poder a gente não ficasse muito vinculada ao Sérgio Cabral, mostrar que a gente era suprapartidária, nós não éramos uma empresa que estava focada no PMDB no Rio de Janeiro". Pergunta: Houve algum benefício concreto do senhor Anthony Garotinho para a Odebrecht? Benedicto: "Pedidos por nós não. Nós acabamos conquistando no mercado foi uma obra de construção de casas populares em Campos". Pergunta: Mas houve algum benefício? Benedicto: "Não. Que eu saiba não. Tratados comigo, não". Pergunta: Houve algum tipo de fraude? Benedicto: "Não. Leandro me disse que não houve nenhuma fraude". Pergunta: Algum benefício concreto da senhora Rosinha para Odebrecht? Benedicto: "Não". Pergunta: E da senhora Clarissa? Benedicto: "Também não. A Clarissa eu só encontrei uma vez. Também não. Nenhum. Pergunta: Nenhum benefício concreto dela? Benedicto: " Não, nenhum". Pergunta: Quais eram os codinomes utilizados? Beneditcto: "A gente usava três codinomes pra ele. "Rolinho", "Bolinha" e "Pescador". Pergunta: Porque mais de um codinome? Benedicto: "Por algum erro de sistema. Rolinho em relação a ela, Bolinha por conta dele, porque é o apelido que ele tem em casa. E Pescador por uma coisa do sistema, alguém atribuiu o pagamento com esse nome. Talvez porque tenham sido vários período eleitorais, várias trocas de pessoas, aí não se usou o mesmo nome. Como vc não informa a pessoa que vc vai pagar quem é que vc está pagando, então botou e depois se identificou. Quem recebeu foi o Anthony Garotinho". O que dizem Rosinha e Garotinho? A defesa dos ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho disse que eles nunca receberam qualquer contribuição não contabilizada e que se, a petição chegar a virar inquérito, vão provar que o delator está mentindo, uma vez que não apresentou nenhuma prova do que afirma. A defesa declarou ainda que o casal está à disposição da Justiça. |
AutorLuiz Maia Histórico
Julho 2017
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