Solicitação foi encaminhada na terça-feira (6) ao desembargador João Pedro Gebran Neto do Tribunal Regional Federal (TRF4), com sede em Porto Alegre. G1 tenta contato com a assessoria do juiz federal Sérgio Moro.
Por G1 RS
O advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins, pediu que seja apurada a conduta do juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância. A solicitação foi encaminhada na terça-feira (6) ao desembargador João Pedro Neto do Tribunal Regional Federal (TRF4), com sede em Porto Alegre.
O G1 tenta contato com a assessoria do juiz federal Sérgio Moro.
A situação ocorre após uma audiência na segunda-feira (5), no Paraná, na qual foram ouvidas duas testemunhas de acusação em um processo que envolve o ex-presidente. A defesa de Lula chegou a reclamar que não havia tempo de analisar documentos incluídos no processo de última hora e pediu o adiamento da audiência, o que não foi concedido por Moro. Em um ofício, o juiz disse que "não aparenta corresponder à realidade a afirmação do advogado" de Lula. Segundo o magistrado, diferentemente do que alegou em pedido de habeas corpus, a defesa do ex-presidente acessou os depoimentos do empresário Emílio Odebrecht e do ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar no mesmo dia em que foram anexados ao processo, em 31 de maio, dias antes da audiência. Para o juiz, os fatos alegados pelos advogados de Lula "não são lamentavelmente verdadeiros". O advogado gravou em áudio a audiência, segundo a defesa com autorização da Justiça, transcreveu diálogos na petição enviada ao TRF4 e colocou o áudio à disposição do desembargador. Zanin afirma que sofreu "constrangimento ilegal". Agora, pede a retratação do magistrado e, caso seja necessário, que a gravação seja anexada ao processo. Além disso, no documento, o advogado de Lula observa que a negativa para adiar a audiência pelo magistrado foi baseada na "economia processual". "E não em prévia intimidação das partes sobre os documentos juntados, até porque ele [Moro] próprio constatou que isso não ocorreu." O advogado critica a divulgação do controle de acesso dos advogados ao processo. "O ato, além de inútil, pois, como já exposto, não indica intimação ou ciência nos termos da lei, demonstra uma reprovável espionagem de atos realizados por advogados e escritórios de advocacia."
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Odebrecht recorreu a Lula para evitar que Petrobras concorresse com Braskem, dizem delatores22/4/2017 Empresa, que é controladora da Braskem, não queria que Petrobras comprasse petroquímicas nos anos 2000 e fez reuniões com Lula e seus ministros para falar do assunto, segundo delatores.
Por G1, Brasília e São Paulo
A transformação da Braskem em líder da indústria petroquímica do país envolveu negociações entre o grupo Odebrecht e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revelam os depoimentos de Emilio Odebrecht, presidente do conselho do grupo Odebrecht, e de Carlos Fadigas, ex-presidente da Braskem. Segundo eles, o grupo recorreu a Lula para resolver impasses na relação com a Petrobras e evitar que a empresa se tornasse concorrente da Braskem.
Os depoimentos dos executivos fazem parte do acordo de delação premiada fechado pela Odebrecht dentro da Operação Lava Jato. Eles se tornaram públicos após o ministro Luiz Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizar a Procuradoria-Geral da República (PGR) a investigar políticos brasileiros.
Nos relatos, ele mostram como a Braskem, empresa criada em 2002, se tornou um dos negócios mais relevantes do grupo Odebrecht. A empresa produz petroquímicos, que são a base para diferentes plásticos e resinas. Com quase R$ 50 bilhões de faturamento anual, a Braskem responde por cerca de 40% da receita do grupo Odebrecht. Emílio Odebrecht conta que participou de uma reunião com Lula logo no início do seu primeiro mandato para cobrar um "compromisso de governo com um setor petroquímico" feito durante sua campanha, que era de que a Petrobras não entraria nesse setor e que não ocorreria uma "reestatização" da indústria petroquímica. Até o governo Collor, o setor era controlado pela Petrobras, por meio de sua subsidiária, a Petroquisa. Com a privatização da Petroquisa, o setor se pulverizou. Nos anos 2000, existiam várias centrais petroquímicas espalhadas pelo Brasil. Algumas estavam em dificuldades financeiras e sua venda era considerada certa. Outras eram negócios secundários de grandes grupos empresariais, como a Suzano Petroquímica, do grupo Suzano, de papel e celulose - e esperava-se que eles se desfizessem da divisão petroquímica para focar no negócio principal. O grupo Odebrecht entrou na indústria petroquímica em 2001, com a compra da Copene, que já tinha sido da Petrobras no passado, no polo de Camaçari, na Bahia. No ano seguinte, a empresa estruturou sua divisão petroquímica na Braskem, que já foi criada com a intenção de ser um "consolidador" do setor. Ou seja, comprar concorrentes menores e se tornar uma gigante. O grupo Odebrecht não queria que a Petrobras disputasse o segmento e se tornasse uma concorrente da Braskem, relata Emílio Odebrecht. Ele diz que Lula firmou um compromisso de governo com ele durante a sua campanha, de não estatizar o setor petroquímico, mas que parte dos ministros do seu primeiro mandato e da diretoria da Petrobras vinham boicotando o projeto. Odebrecht diz que pediu uma reunião com Lula e com os ministros da Fazenda e de Minas e Energia para falar do projeto - na época Antônio Palocci e Dilma Rousseff. Ele queria ter "uma discussão definitiva" sobre o assunto. "Ele aceitou e convocou essa reunião. (...) Nós preparamos um material de exposição e apresentamos tudo nessa reunião, e mostramos exatamente a todos, que os estudo da Petrobras era de estatizante nisso, nisso, nisso, naquilo e o que nós queríamos como investidores, pra gente saber se continuava ou não investindo no setor, (era saber) qual a posição do governo, já que o governo já tinha se posicionado que não haveria a reestatização do setor", disse Odebrecht. "Houve uma série de discussões e o presidente tomou uma atitude. 'Olha, a posição do governo é esta, e encarregou a Dilma ou o Palocci, não me lembro bem qual foi que ele deu maior ascendência, para que fizesse com que a Petrobras, via o Dutra (José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras,) e sua diretoria, realmente procedesse dessa forma daí pra frente. Então essa reunião foi quase que um freio de arrumação (no setor)", conta Odebrecht. Odebrecht relata que o tema da reestatização "morreu" após essa reunião. Nos anos seguintes, a Braskem avançou no setor petroquímico e fez 10 aquisições de empresas em 10 anos. Pedido para desfazer negócio A estatização, no entanto, voltou à tona em 2007, quando a Petrobras compra a Suzano Petroquímica. Emílio diz que se reuniu com Lula para reclamar do negócio e apontou indícios de que a aquisição foi superfaturada. Segundo ele, a empresa valia R$ 1,2 bilhão na época e tinha uma dívida de R$ 1,4 bilhão, mas, pelo negócio fechado, a empresa pagou R$ 2,7 bilhões pela Suzano Petroquímica e ainda assumiu sua dívida. "Foi um programa entre Petrobras e Suzano que de uma hora pra outra aconteceu. Com isso a Petrobras assumia o outro lado. Em vez de ser um privado (o consolidador do setor), seria ela. Então, ela estaria concorrendo com a Braskem", relatou Emilio Odebrecht. "Fui ao presidente e abri o jogo. Falei sobre a forma como foi comprada, o absurdo... O que não quero e não posso aceitar é concorrer com a Petrobras dentro de uma linha que o governo diz que não ia existir mais reestatização." O pedido de Odebrecht foi atendido e os negócios da Suzano Petroquímica foram repassados a outra empresa do setor, a Unipar. "O Lula ouviu [e disse] 'O que você está me trazendo é isso mesmo?' Eu disse, 'presidente, eu já trouxe alguma coisa para o senhor que depois não foi a verdade?' (...) E ele então disse 'olha, se isso é isso, vai ser desfeito esse negócio'. Moral do negócio: a Petrobras foi obrigada a vender. A parte dela quem assumiu foi a Unipar. Então, ela saiu do circuito." Incorporação de empresas da Petrobras Os relatos de Odebrecht também explicam como foram negociados acordos que culminaram com a transformação da Braskem em líder de mercado - hoje ela detém mais de 70% da produção nacional de polietileno e polipropileno, insumos para o plástico. Os depoimentos de Odebrecht e Fadigas mostram que outros momentos em que a Odebrecht negociou com o governo para evitar que a Petrobras comprasse mais ativos no setor petroquímico. Da negociação, resultou um acordo que elevou a participação societária da própria Petrobras na Braskem. Em 2007, ela era de 8,3%, número que subiu para os atuais 36%, quase a mesma fatia que detém a Odebrecht, controladora da empresa e dona de 38% do seu capital social. O restante da Braskem é do BNDES e de acionistas que compraram ações da empresa na bolsa de valores. Fadigas conta que no início de janeiro, dias depois de assumir o cargo de diretor financeiro da Braskem, soube que havia um acordo para a aquisição da Ipiranga entre a Petrobras, Braskem e o grupo Ultra - esse último ficaria com a parte de postos de combustível e a parte petroquímica iria para Braskem e Petrobras. "Fiquei sabendo que a Petrobras, inicialmente, havia tentado adquirir sozinha os ativos petroquímicos da Ipiranga. (..) Entendo que a decisão de compra compartilhada entre Petrobras e Braskem, ainda que para posterior aporte na Braskem, era uma forma de permitir que a Petrobras participasse da aquisição. E, mais importante que isso, permitir que a Petrobras passasse a ter uma posição acionária mais relevante na Braskem, passando a participar de maneira mais ativa no conselho de administração da companhia e consequentemente nas suas decisões estratégicas", disse Fadigas, no seu depoimento. Uma das empresas da Petrobras incorporadas pela Braskem foi a petroquímica Triunfo, da qual era controladora. O negócio, na época, foi questionado por acionistas minoritários da Triunfo, que diziam que a operação foi feita para beneficiar a Braskem. Mas foi com a incorporação da Quattor, que tinha como sócios a Petrobras (40%) e a Unipar (60%), que a Petrobras quase igualou sua fatia à da Odebrecht. Essa operação envolveu recursos não contabilizados e pagos por meio do departamento de Operação Estruturada da Odebrecht, o mesmo que pagava propina a políticos. O destinatários dos recursos seria o empresário Frank Geyer Abubakir, controlador da Unipar, segundo Fadigas. O empresário teria exigido um pagamento não contabilizado em conta no exterior, de R$ 150 milhões, para convencer o conselho da Unipar a venda a empresa. O valor foi pago por meio de caixa 2 da Braskem entre 2010 e 2012, disse Fadigas. Mediador de impasses Como a Quattor tinha muitas dívidas, sua incorporação ao balanço da Braskem exigia um aumento de capital para manter a empresa com as finanças saudáveis. Houve um impasse entre os valores que seriam aportados por cada um dos sócios e a Odebrecht recorreu ao governo para tentar resolver a desavença com a Petrobras. Segundo ele, Lula "mandatou" o então presidente do BNDES, Luciano Coutinho, como uma espécie de conciliador para resolver o impasse entre Petrobras e Odebrecht. Fadigas relata que, "por volta de dezembro de 2009", esteve em uma reunião em Brasília com Coutinho, Marcelo Odebrecht e Bernardo Gradin, que era presidente da Braskem na época, com o então presidente da Petrobras, Jose Sérgio Gabrielli e os gerentes da companhia Rogério Matos (da área de novos negócios) e Paulo Cesar Amaro Aquinom da divisão petroquímica. "O presidente Lula tinha mandatado o Luciano Coutinho como intermediador para resolver o impasse, porque cada companhia queria que a outra parte apostasse mais recursos." Fadigas diz que o acordo combinado foi de que a Petrobras poderia aportar menos recursos, desde que revisasse o contrato de fornecimento de nafta. "A Petrobras queria ter uma participação maior, mas estava trazendo uma empresa superendividada para juntar com a Braskem. (...) O pleito da Odebrecht era que essa compensação se desse pela revisão do contrato de nafta assinado em 2009, com melhores condições de preço. Na reunião mencionada, Gabrielli assumiu o compromisso de reavaliar o contrato de nafta.. Foi um compromisso mais aberto, digamos assim... Após a conclusão da operação, como forma de compensar a Odebrecht e Luciano Coutinho foi fiador desse compromisso.", disse. Segundo Fadigas, a Petrobras não cumpriu o combinado e o contrato foi mantido nos termos originais até o seu vencimento. Ele diz que Marcelo Odebrecht e Bernardo Gradin cobraram o compromisso do governo, sem sucesso. O nafta é um derivado de petróleo e a principal matéria-prima da Braskem, item que responde pelo maior custo de uma indústria petroquímica. A Petrobras é fornecedora de 70% da nafta consumida pela Braskem. O contrato de fornecimento foi alvo de diversas desavenças públicas entre as duas empresas. Participação na gestão Outra desavença entre as empresas ocorreu em dezembro de 2009 e foi resolvido pela ex-presidente Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil. Como iria elevar sua participação no capital da companhia com o aporte da Quattor, a Petrobras queria apontar membros da diretoria da Braskem. Segundo Fadigas, a Odebrecht "tinha um receio de que a Petrobras utilizasse esse direito para fazer indicações politicas na Braskem" e isso chegou a suspender as negociações sobre a Quattor. "O assunto foi levado a então ministra e presidente do conselho da Petrobras, Dilma Rousseff, que em reunião com Marcelo Odebrecht, acredito que por volta de dezembro e janeiro, definiu a solução", disse Fadigas. A Petrobras poderia indicar um membro na diretoria estatutária da Braskem, que era diretor de investimentos e, outros diretores de cargos menos importantes. Segundo ele, o receio da Odebrecht não se concretizou e não houve indicação de políticos para a Braskem, mas de "funcionários de carreira", que Fadigas classificou como "bons técnicos". Outro lado A Petrobras, e a Suzano Papel e Celulose foram procurados pelo G1 e pelo Jornal Nacional, mas não se manifestaram até a última atualização desta reportagem. O advogado do ex-presidente Lula declarou que o governante eleito tem o direito de discutir políticas públicas com a sociedade de implementá-las e que isso não pode ser transformado em um ato ilícito. A defesa do ex-ministro Antonio Palocci declarou que jamais houve promessa ou favorecimento indevido à empresa Braskem. A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que são falsas as acusações de que ela tenha tomado qualquer decisão para beneficiar diretamente a Odebrecht. Ao comentar um suposto acordo verbal feito entre ele e executivos da Odebrecht para revisar o preço do contrato de nafta, José Sérgio Gabrielli disse, por e-mail, que "todas as decisões da Petrobras deste tipo são colegiadas e não individuais". Ele ainda ressaltou que, segundo a reportagem do G1 relatou a ele, o próprio delator disse que "a Petrobras não cumpriu o 'suposto acordo'". O advogado Antonio Pitombo, que representa o empresário Frank Geyer Abubakir, ex-presidente da Unipar, disse que o empresário não recebeu propina pela venda da participação da Unipar à Braskem. O que ocorreu foi que parte do pagamento pela venda da empresa ocorreu de forma não contabilizada, em um uma conta no exterior, por razões fiscais, em nome de uma seguradora do empresário, a União Seguro. Ele ressaltou que Abubakir também fez delação premiada e relatou esse episódio em seus depoimentos. O dinheiro foi declarado, tributado e trazido de volta ao Brasil por meio do programa de repatriação de recursos, disse o advogado. Lula sabia em 2010 que propina para o PT já somava R$200 milhões
Cláudio Humberto | Diário do Poder
Marcelo Odebrecht criou sistema de “contrapartida” (vídeo abaixo) para se certificar de que seu principal interlocutor no PT antes de 2011, Antônio Palocci, falava de fato em nome de Lula. Ele pedia ao pai, Emílio, para informar a Lula sobre propinas já pagas ao PT, totalizações e valores que só a Odebrecht tinha. Em 2010 pediu que o pai informasse a Lula sobre o total ao PT: R$ 200 milhões. Palocci mencionou o valor numa conversa posterior; era a prova de que seu interlocutor falava em nome de Lula.
Além de Emílio, o ex-executivo Alexandrino Alencar era usado para fazer a “ponte” com Lula, que monitorava o propinoduto.
A delação de Marcelo Odebrecht reforçou no Ministério Público Federal que Lula era mesmo o “comandante máximo” ou chefe da quadrilha. Marcelo pediu a Emílio Odebrecht para informar Lula do balanço: em dois anos, foram R$200 milhões em propina paga ao PT. Lula já sabia dos R$200 milhões quando Palocci “jogou verde” para Marcelo, citando R$300 milhões. Marcelo corrigiu, firme: “Foram 200”. Dono do grupo Odebrecht deu declaração durante depoimento de delação premiada, ao ser questionado por procuradores a respeito das relações da empreiteira com o poder público.
Por G1, Brasília
O empresário Emílio Odebrecht, dono do grupo Odebrecht, afirmou em depoimento de delação premiada que o modelo de relação da empreiteira com políticos investigado na Operação Lava Jato é "institucionalizado" e "uma coisa normal" há 30 anos.
Emílio Odebrecht é um dos executivos da empresa que fecharam acordo de delação premiada com o Ministério Público.
Durante os governos dos ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, a Odebrecht multiplicou seu faturamento. Segundo reportagem de 2015 da revista "Época", entre 2003 e 2014 a receita bruta da empresa aumentou seis vezes. Ao prestar depoimento em dezembro do ano passado a procuradores da Operação Lava Jato, o empresário foi questionado pelos investigadores sobre o sistema de relações da empreiteira com o poder público. Ele, então, respondeu: "O que nós temos no Brasil, não é um negócio de cinco anos, dez anos atrás. Nós estamos falando dee 30 anos atrás. [...] Então, tudo que está acontecendo era um negócio institucionalizado. Era uma coisa normal. Em função de todos esses números de partidos, onde o que eles brigavam, era por quê? Era por cargos? Não. Todo mundo sabia que não era. Era por orçamentos gordos. Eles queriam orçamento. Ali os partidos colocavam seus mandatários com finalidade de arrecadar recursos para o partido, para os políticos. E isso é há 30 anos que se faz isso", declarou. "[O fato de o modelo de relação com políticos existir há 30 anos] não exime em nada a nossa responsabilidade, não exime em nada a nossa benevolência, não exime em nada. [...] olhar isso como normalidade, porque [após] 30 anos é difícil as coisas não passarem a ser normais", completou. Com base nas delações da Odebrecht, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal 83 pedidos de abertura de inquérito para investigar políticos de diversos partidos. O relator da Lava Jato no STF, ministro Luiz Edson Fachin, mandou abrir 76 inquéritos para investigar 8 ministros, 24 senadores, 39 deputados e 3 governadores. Fachin também remeteu a outras instâncias da Justiça mais de 200 pedidos de inquérito envolvendo políticos sem o chamado foro privilegiado. Presidente do Senado disse que ‘A Justiça brasileira tem maturidade e firmeza para apurar e distinguir mentiras e versões alternativas da verdade.’
Por G1
O Presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) está entre os investigados em inquérito autorizado pelo ministro Luiz Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal a pedido do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot.
De acordo com o documento, o senador é suspeito de ter recebido R$ 2 milhões de propina da construtora Odebrecht para facilitar a aprovação de medidas provisórias favoráveis aos interesses da companhia e posterior conversão em leis. No sistema da Odebrecht, Eunício de Oliveira possuía o apelido “índio”.
Além de Eunício Oliveira, o inquérito afirma que a Odebrecht pagou outros R$ 5 milhões em propina a outros parlamentares. O pedido da PGR teve como base as delações de Emílio Odebrecht (um dos donos do grupo), Marcelo Odebrecht (ex-presidente da companhia) e dos ex-executivos Cláudio Melo Filho, Carlos José Fadigas de Souza, Alexandrino de Salles Ramos de Alencar e José de Carvalho Filho. Procurado, o Presidente do Senado, Eunício Oliveira afirmou que "o Estado Democrático de Direito prevê, no curso dos inquéritos, o amplo direito de defesa. Vamos exercê-lo. A verdade prevalecerá. A Justiça brasileira tem maturidade e firmeza para apurar e distinguir a verdade das mentiras e das versões alternativas." Após erro no sistema de processo eletrônico, que em 13 de março exibiu os depoimentos do patriarca da empreiteira Emílio Odebrecht, o juiz da Lava Jato aumentou nível de sigilo dos vídeos
Julia Affonso, Ricardo Brandt, Mateus Coutinho e Luiz Vassallo | O Estado de S.Paulo
O juiz federal Sérgio Moro colocou mais um depoimento de delator da Odebrecht, gravado em vídeo, em sigilo em ação penal por propina destinada ao PT, via ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma). A decisão do juiz da Operação Lava Jato, nesta sexta-feira, 24, atende a pedido da defesa do ex-executivo da Odebrecht Pedro Novis.
Após falha no sistema de processo eletrônico, que em 13 de março exibiu os depoimentos de Emílio Odebrecht e Marcio Farias, também delatores, o juiz da Lava Jato, desta vez, aumentou o nível de sigilo dos vídeos.
Pedro Novis falou ao juiz Moro como testemunha de defesa do empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso na Lava Jato desde 19 de junho de 2015. O Ministério Público Federal havia pedido publicidade ao depoimento. Moro citou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao decidir. “O juízo decidiu colher o depoimento, mas manter o sigilo sobre eles até nova deliberação ou até o levantamento do sigilo pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, seguindo, neste ponto, decisão recente tomada pelo ministro Herman Benjamim no Tribunal Superior Eleitoral.” O juiz da Lava Jato determinou que o depoimento de Pedro Novis fosse juntado aos autos ‘sem permissão para as partes’, em sigilo nível 4, e lembrou o erro ocorrido com o depoimento do patriarca da Odebrecht, Emílio Odebrecht, também delator. “Devem ser tomadas as cautelas necessárias para prevenir erros no sistema. Levantarei o sigilo ou permitirei o acesso pelas partes quando houver o levantamento pelo Supremo Tribunal Federal ou quando das alegações finais, o que ocorrer primeiro”, anotou o magistrado. Em 13 de março, após o depoimento de Emilio Odebrecht e do executivo Márcio Faria, outro delator da empreiteira, o juiz também havia colocado sigilo nos vídeos. Naquele ocasião, o sigilo era nível 2. No entanto, um erro no sistema do processo eletrônico, porém, exibiu os depoimentos entre ’13h09min59s até 13h11min05s’. A falha permitiu que os vídeos fossem acessados. Emílio diz que empresa paga propina desde Norberto Odebrecht
Diário do Poder
O empresário Emílio Odebrecht afirmou nesta segunda-feira, 13, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, que os pagamentos no caixa 2 existem e são utilizados pela empreiteira desde os tempos em que a empreiteira era administrada pelo patriarca Norberto Odebrecht, seu pai e avô de Marcelo Odebrecht, preso há quase dois anos.
“Isso (caixa 2) sempre foi o modelo reinante no País e que veio até recentemente. Porque houve o impedimento e foi a partir de 2014 e 2015. Mas até então, sempre existiu, desde a minha época, da época do meu pai, da minha época e também de Marcelo (Odebrecht), de todos aqueles que foram executivos do grupo”, afirmou Emílio, que depôs como testemunha de defesa do filho Marcelo, preso desde 19 de junho de 2015.
O juiz Sérgio Moro decretou o sigilo dos depoimentos, mas os vídeos vazaram em razão de um erro técnico no sistema de consulta processual da Justiça Federal do Paraná. Segundo Emílio, na sua época, o funcionamento do sistema de pagamento de valores era muito mais simples, uma vez que a empresa atuava, basicamente, em dois negócios, de engenharia e petroquímica. Ele afirmou que não saberia dizer se Marcelo Odebrecht era o responsável pela estruturação do esquema de utilização de empresas offshore. “Não saberia dizer em hipótese nenhuma. Na minha época, as coisas eram muito mais simples. Não tinha a complexidade que a organização passou a ter a partir de determinado período. Não saberia dizer se ele teve algum envolvimento, se liderou aquilo que chamam erradamente como departamento de propina”, afirmou. Emílio Odebrecht lembrou que em sua época à frente do comando da Odebrecht, antes de Marcelo, já se pagava caixa 2 e que dois executivos do grupo eram os homens de sua confiança responsáveis por esses pagamentos. “Um falecido e outro com alzheimer”. Apelidos Questionado, Odebrecht disse que não sabe dizer se o "italiano" citado nas planilhas da empresa é o ex-ministro Antonio Palocci. Afirmou que existiam várias pessoas dentro da empresa, "companheiros internos", que muitas vezes ele chamava de "italiano", inclusive o ex-ministro do governo Lula. “Existem muitos apelidos na organização, eu seria leviano, irresponsável. Ele (italiano) pode ser também nosso Palocci. (...) Não sei dizer se efetivamente era o doutor Palocci, mas com certeza ele também era identificado como "italiano", disse. Repasses ao PT O empresário disse que sabia que existia valores destinados pela Odebrecht ao PT, mas que não saberia dizer valores, e que estava afastado do comando da empresa desde o início dos anos 2000. Perguntado pelo juiz Sérgio Moro se tinha ou não conhecimento se Palocci ou o PT receberam pagamentos do departamento de operações estruturadas da empresa, afirmou que sim. “Teve contribuição, não tenho dúvida. Pode ser que ele foi um dos operadores, um dos que receberam, mas o detalhe disso eu não saberia. Existia a regra: ou não contribuía para ninguém ou contribuiria para todos, mas valor e forma, não tenho esse domínio”, respondeu. Delator da Odebrecht diz que Antonio Palocci (PT) é 'italiano' e confirma setor de propina13/3/2017 Márcio Faria disse que Palocci negociava propinas com Marcelo Odebrecht.
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AutorLuiz Maia Histórico
Julho 2017
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