Michel Temer (PMDB) pede ao STF acesso a áudios recuperados em gravador de Joesley Batista19/7/2017 Defesa argumenta que o presidente quer ter acesso às gravações antes do fim do recesso para preparar defesa junto à Câmara. Pedido será analisado pela ministra Cármen Lúcia.
Por Mariana Oliveira | TV Globo, Brasília
A defesa do presidente Michel Temer pediu que a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, determine que a Polícia Federal entregue cópia dos áudios do gravador do empresário Joesley Batista que foram recuperados pelos peritos.
Apesar de o relator do caso ser o ministro Luiz Edson Fachin, o pedido será analisado por Cármen Lúcia, que está de plantão no Supremo durante o recesso do Judiciário.
Os advogados Antônio Cláudio Mariz de Oliveira e Gustavo Guedes explicam que, no fim de junho, pediu à PF que respondesse a perguntas que não foram respondidas sobre a perícia na gravação de conversa entre Temer e Joesley feita pelo empresário. Eles também havia solicitado acesso aos dois gravadores usados e a sete áudios recuperados e que tinham sido apagados dos equipamentos. Conforme a defesa, o relator Fachin pediu parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) sobre o acesso aos gravadores, o que prejudicou o pedido de acesso aos áudios recuperados. Conforme os advogados, Michel Temer quer acesso ao material antes do fim do recesso para preparar a defesa na Câmara dos Deputados, que terá de decidir se autoriza ou não o prosseguimento da denúncia por corrupção passiva contra o presidente. "A urgência aludida no art. 13, VII, do Regimento Interno deste C. STF, possibilitando o despacho da Ministra-Presidente no período de recesso, deve-se justamente ao anúncio, pelo Deputado Rodrigo Maia, de que no dia 02/08 reuniria o Plenário daquela casa para decisão sobre a admissibilidade da denúncia contra o Sr. Presidente da República, oportunidade onde a defesa fará uso da palavra e entende fundamental o acesso prévio aos áudios recuperados", afirma o pedido. Os advogados querem acesso aos áudios recuperados antes mesmo de a PGR se manifestar sobre se a defesa deve ou não ter acesso aos gravadores. Denúncia No fim de junho, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou uma denúncia contra Temer por corrupção passiva, com base nas delações premiadas de executivos da J&F. Em abril deste ano, o ex-deputado e ex-assessor do presidente Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) foi filmado, saindo de um restaurante em São Paulo, com uma mala contendo R$ 500 mil. Segundo a PGR, o dinheiro destinava-se a Michel Temer e era parte de propina paga pela JBS para que a empresa fosse favorecida, por influência do governo, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), num processo para reduzir preço do gás fornecido pela Petrobras a uma termelétrica da empresa.
0 Comentários
'Banco paralelo' que operava 'caixinha da Fetranspor' tinha caderneta de poupança clandestina3/7/2017 Delação de doleiro aponta que a transportadora de valores Trans-Expert concedia remuneração sobre os valores de propina depositados
Por Carolina Morand, Chico Otavio, Daniel Biasetto, Juliana Castro e Miguel Caballero | O Globo
RIO - A "caixinha da Fetranspor" contava com "banco paralelo" para movimentar o dinheiro, que concedia até remuneração sobre os valores depositados, como numa caderneta de poupança clandestina. A delação do doleiro Álvaro Novis aponta para a transportadora de valores Trans-Expert. A empresa, que contava com planilhas e carros blindados para carregar a propina, operava livre do sistema público de controle das atividades bancárias.
Na petição que deu origem à operação Ponto Final, o Ministério Público Federal relata que, a partir das delações de Novis e de um funcionário dele, foi possível concluir que os empresários de ônibus "contrataram os serviços dos colaboradores para fazer operar um gigantesco esquema de contabilidade e movimentação de recursos de forma paralela, à margem dos órgãos de controle, por meio do recolhimento semanal de valores em espécie nas garagens das empresas de ônibus".
O MPF destaca ainda que "as planilhas apresentadas pelos colaboradores demonstram, inclusive, que o capital custodiado recebia uma espécie de remuneração ao longo do tempo, circunstância que denota a sofisticação e estabilidade do esquema, cuja operação se assemelha a uma 'instituição financeira' clandestina". Entre os anos de 2013 e 2014 mais de R$ 150 milhões em espécie foram custodiados irregularmente, com a dissimulação de seus verdadeiros donos, para burlar os controles financeiros. Segundo os investigadores, há indícios de prática de crimes contra o sistema financeiro nacional. O cofre-forte onde era guardada a propina sofreu um misterioso incêndio, ano passado, quando milhões de reais teriam virado pó. A empresa já estava sob investigação da Polícia Federal (PF) devido à denúncia de que a transportadora despareceu com R$ 35 milhões do Banco do Brasil – valor recolhido das agências bancárias que não chegava ao destino. Antes da delação, as investigações já apontavam pelo menos três indícios que vinculam a transportadora a Cabral: além das declarações de Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral, o repasse de R$ 25 milhões da Trans-Expert para uma empresa ligada ao próprio Cabral e o fato de ter guardado dinheiro para o ex-secretário de Obras Hudson Braga, um dos presos na Operação Calicute. Propina a Sérgio Cabral era ordenada por bilhete e recolhida em garagem de ônibus, diz delator3/7/2017 Doleiro Álvaro Novis entregou à Justiça planilha com R$ 260 milhões de propina a empresários e políticos, segundo revela a Operação Ponto Final
Julia Affonso | O Estado de S.Paulo
O doleiro e delator Álvaro Novis entregou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) uma planilha de R$ 260 milhões em propinas, entre 2010 e 2016, a empresários e políticos. Neste montante, segundo o Ministério Público Federal, estão incluídos valores ilícitos pagos por empresários da cúpula do setor de Transportes do Rio, presos na Operação Ponto Final, deflagrada nesta segunda-feira, 3 – ao todo, dez investigados foram capturados.
De acordo com as investigações, entre 2010 e 2016, o ex-governador Sérgio Cabral recebeu R$ 122,85 milhões em propinas. Já Rogério Onofre, ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro (Detro), levou R$ 44,1 milhões das empresas de ônibus.
Novis contou que a propina era recolhida em espécie nas garagens das empresas de ônibus. A força-tarefa da Lava Jato, no Rio, afirma que o delator era operador financeiro do esquema de corrupção cuja liderança é atribuída ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB). “O colaborador Álvaro Novis acostou pendrive com a planilha indicativa do movimento paralelo, entre os anos de 2010 a 2016, pelos empresários, notadamente pagamento José Carlos Lavouras, Lélis Marcos Teixeira, Jacob Barata Filho e João Augusto Monteiro. Na contabilidade, foram apurados mais de R$ 260 milhões entre pagamentos aos empresários e políticos. O colaborador ainda informou a existência de acordo referente ao recebimento de vantagem indevida proveniente do setor de transporte por Sergio Cabral, através de Carlos Miranda (suspeito de ser operador do esquema)”, anotou o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, que autorizou a deflagração da Operação Ponto Final. A PF capturou o presidente da Federação das Empresas de Transportes do Estado (Fetranspor), Lélis Teixeira, o ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários, que fiscaliza o setor, Rogério Onofre, e Marcelo Traça Gonçalves, presidente do Sindicato de Empresas de Transporte Rodoviário do Rio de Janeiro (Setrerj). O empresário Jacob Barata Filho, ‘o rei do ônibus do Rio’, foi capturado na noite do domingo, 2, no Aeroporto Internacional do Rio, o Galeão. Segundo o juiz, ‘José Carlos Reis Lavouras, Lélis Marcos Teixeira, Jacob Barata Filho, Marcelo Traça e João Augusto Morais Monteiro juntos, ocupam os cargos de alto escalão da Fetranspor, Riopar, Rioônibus e Concessionária do VLT Carioca S/A, sendo responsáveis, portanto, pelo comando do setor de transportes do Rio de Janeiro’. Álvaro Novis relatou que foi contratado pelo presidente do Conselho de Administração da Fetranspor e da Viação Flores, José Carlos Lavoura, ‘para recolher regularmente dinheiro de algumas empresas de ônibus integrantes dessa Federação, administrar a sua guarda e distribuir a diversos políticos, controlando os aportes e despesas por meio de contabilidade paralela’. “O dinheiro era recolhido nas garagens de algumas empresas de ônibus vinculadas à Fetranspor pela Transegur (hoje Prosegur); que o dinheiro era custodiado na sede da Transegur; que o dinheiro custodiado era utilizado para fazer pagamentos a políticos”, afirmou na delação. O delator relatou que ‘as ordens para pagamento se davam sempre por meio de José Carlos Lavoura’. O controle, declarou, era feito por planilhas. “As ordens se davam por meio de bilhete em papel; que os bilhetes com as ordens de pagamento eram entregues para o colaborador ou para Edmar, seu funcionário”, afirmou. De acordo com Novis, as planilhas ‘foram produzidas na época em que os pagamentos eram feitos, para registro contábil desses pagamentos’. O delator contou que o sistema foi destruído na Operação Xepa, 26ª fase da Lava Jato, deflagrada em março de 2016 e autorizada pelo juiz federal Sérgio Moro, no Paraná. “Essas planilhas foram produzidas em um sistema idealizado para contabilizar essas operações de débito e crédito; que esse sistema foi destruído com a deflagração da operação Xepa, motivo pelo qual existem poucos registros daquela época; que os dados localizados, constam de um pen drive com ordem de pagamentos de 2010 a 2016, assim como de algumas planilhas impressas do próprio sistema, relacionados às pessoas ora indicadas”, relatou Novis. O empresário, que prestou depoimento à PF negou operar para políticos e partidos, mas admitiu já ter feito doação de R$ 100 mil à campanha de Loures
Luiz Vassallo, Fábio Serapião, Breno Pires, Isadora Peron e Rafael Moraes Moura | O Estado de S.Paulo
O relatório de investigação da Polícia Federal sobre o presidente Michel Temer revela que o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) mantinha contato frequente com o empresário Edgar Rafael Safdié. O peemedebista é acusado de receber propinas de R$ 500 mil, supostamente em benefício de Michel Temer, em troca de uma intervenção junto ao CADE, que beneficiaria a JBS. Em tratativas para viabilizar os repasses, Loures chegou a indicar um ‘Edgar’ para ser o encarregado de pegar os valores em dinheiro vivo. O empresário, que prestou depoimento à PF negou operar para políticos e partidos, mas admitiu já ter feito doação de R$ 100 mil à campanha de Loures.
“Observa-se um total de 33 registros predominantemente no ano de 2013, período que, conforme apresentado, RODRIGO ROCHA LOURES atua na Vice-Presidência da Republica. Observa-se também que, segundo informações extraídas pela ferramenta pericial, a maioria dos registros foi recuperada, pois haviam si do deletados no aparelho”, afirma a PF, em relatório.
No âmbito das investigações, Edgar Safdié prestou depoimento à Polícia Federal e afirmou não ter feito operações financeiras para Rodrigo Rocha Loures. O empresário alegou ainda que o Edgar sugerido pelo peemedebista para pegar a mala dos R$ 500 mildeve ser ‘algum homônimo’ e se disse ‘surpreso’ com o fato de ter sido intimado para prestar esclarecimentos. Ele ainda afirmou à PF que ‘nunca manteve contato com políticos’, mas admitiu ter doado R$ 100 mil para a campanha de Loures em 2006, à Câmara dos Deputados. A Polícia Federal revela que o empresário se situa em São Paulo, assim como disse Loures ao diretor de Relações Institucionais do Grupo J&F, Ricardo Saud, em encontro no qual o peemedebista tentou indicar ‘o Edgar que fica em São Paulo’, e que ‘faz a gerência das contas’. Naquela ocasião, o delator da JBS gravou imagens e áudios da conversa que teve com Loures. A menção a Edgar se deu em um shopping em São Paulo, pouco antes de o ex-deputado resolver pegar a mala com R$ 500 mil da JBS em uma pizzaria, na capital paulista. O relatório dá conta ainda de que 17 empresas estão em nome de Edgar Safdie. O detalhe é que as mensagens entre o empresário e Loures tiveram de ser recuperadas pela Polícia Federal, já que o homem da mala deletou as conversas de seu celular. “Verificou-se que EDGAR SAFDIE é pessoa próxima a RODRIGO ROCHA LOURES, tendo sido identificado uma conversa SMS que relata uma viagem em conjunto, inclusive com familiares, em fevereiro de 2013”, relata a PF. PF encaminha ao Supremo Tribunal Federal conclusão parcial do inquérito, mas pede mais 5 dias de prazo para finalizar investigação envolvendo o presidente e seu ex-assessor
Andreza Matais, Fabio Serapião e Breno Pires | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - A Polícia Federal aponta indícios de crime de corrupção passiva cometido pelo presidente Michel Temer e por seu ex-assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) no inquérito aberto com base na delação do empresário Joesley Batista, do Grupo J&F – controlador da JBS. Relatório parcial da investigação foi encaminhado nesta segunda-feira, 19, ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF também pediu mais cinco dias de prazo para encerrar a apuração. O inquérito que investiga Temer e Rocha Loures não foi concluído na parte em que são apurados crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça. O laudo final da perícia nos áudios gravados por Joesley não foi totalmente finalizado.
O ministro Edson Fachin, relator do caso e da Operação Lava Jato no Supremo, deverá se manifestar nesta terça-feira, 20, sobre a solicitação da PF de mais prazo para o encerramento do inquérito. A conclusão ligada ao indício de corrupção teve como base o laudo referente a duas conversas gravadas entre o executivo Ricardo Saud, da J&F, e Loures. Além disso, foi incluída análise do vídeo em que o ex-deputado é flagrado levando uma mala de R$ 500 mil ao deixar um restaurante em São Paulo. Apesar de tentar indicar outra pessoa para receber os valores – ele sugere o nome de “Edgar” –, o então deputado federal acabou combinando de pegar a mala de propinas em uma pizzaria indicada por ele na capital paulista. O valor, conforme a delação, seria entregue semanalmente pela JBS ao peemedebista, em benefício de Temer, como foi informado, nas gravações, pelo diretor de Relações Institucionais da holding. “Eu já tenho 500 mil. E dessa semana tem mais 500. Então você te um milhão aí. Isso é toda semana. Vê com ele (Michel Temer)”, disse Saud a Loures em um diálogo gravado. Rocha Loures é suspeito de exercer influência sobre o preço do gás fornecido pela Petrobrás à termoelétrica EPE – o valor da propina, supostamente “em benefício de Temer”, como relataram executivos da JBS, é correspondente a 5% do lucro que o grupo teria com a manobra. Perícia O áudio gravado por Joesley da conversa com Temer no Palácio do Jaburu, no dia 7 de março, possui vários trechos inaudíveis. O empresário e delator sustenta que Temer deu aval para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do operador financeiro Lúcio Funaro para que eles não fizessem delação premiada. Caso Fachin aceite o pedido da PF, o prazo dos delegados se encerrará na no próximo sábado, 24. Depois disso, o inquérito concluso deve seguir para a Procuradoria-geral da República que terá mais cinco dias para decidir se denuncia Temer e Loures ou se arquiva a investigação. A PF disse que não comentaria o pedido de dilação no prazo. Em outras ocasiões, o Planalto negou qualquer prática ilícita envolvendo Temer. Processos Nesta segunda-feira, Temer embarcou para Rússia e Noruega, onde ficará até sexta-feira. Antes de viajar, o presidente ajuizou dois processos contra Joesley. Ele acusa o empresário de agir por “ódio” para prejudicá-lo e “se salvar dos seus crimes”. Uma das ações é por danos morais e outra por difamação, calúnia e injúria. Ambas são assinadas pelo advogado do PMDB, Renato Oliveira Ramos. As petições não estabelecem um valor para a indenização. Caso vença as ações judiciais, Temer pretende doar os valores da indenização a uma instituição da caridade. O presidente também divulgou um vídeo à tarde nas redes sociais no qual disse que “criminosos não ficarão impunes”, como uma forma de resposta às denúncias feitas por Joesley. O empresário, em entrevista à Época, afirmou que o presidente liderava a “maior organização criminosa do País”. Nas ações protocoladas na Justiça Federal e na comum, que são praticamente idênticas, a defesa do presidente afirmou que Joesley “passou a mentir escancaradamente e a acusar outras pessoas para se salvar dos seus crimes” e o acusa de ser “o criminoso notório de maior sucesso na história brasileira”, uma vez que conseguiu um acordo de delação premiada que o permite ficar em liberdade e morar no exterior. Sem citar os governos do PT, o documento afirmou que é preciso “rememorar os fatos” de que o Grupo J&F, do qual Joesley é acionista, recebeu o primeiro financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2005, “muito antes” de Temer chegar ao Palácio do Planalto. Com Temer fora do País, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, terão a missão de reaglutinar a base aliada no Congresso. COLABORARAM ISADORA PERON, TÂNIA MONTEIRO e CARLA ARAÚJO Aldemir Bendine também é ex-presidente do Banco do Brasil. Segundo delatores, ele solicitou e recebeu R$ 3 milhões para auxiliar empreiteira em negócios com a Petrobras. A PF vai investigar o caso.
Por Adriana Justi e Fernando Castro | G1 PR e RPC, Curitiba
O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, autorizou o pedido de instauração de inquérito policial para investigar o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine. A Polícia Federal vai investigar o caso.
Segundo depoimento de delação feito por Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, Bendine solicitou e recebeu R$ 3 milhões para auxiliar a empreiteira em negócios com a Petrobras. Conforme os delatores, o dinheiro foi pago em espécie através de um intermediário.
O pedido de abertura de inquérito policial foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF) no dia 5 de junho. A decisão de Moro é de sexta-feira (9). "Defiro, sendo necessária a melhor apuração dos fatos antes de qualquer conclusão", disse Moro. Ele determinou ainda que o inquérito seja mantido em sigilo. Em 2015, Bendine era braço direito da então presidente Dilma Rousseff. E deixou o banco com a missão de acabar com a corrupção na petroleira, alvo da Lava Jato. Mas, segundo os delatores, ele já cobrava propina no Banco do Brasil, e continuou cobrando na Petrobras. O pedido de propina, segundo os delatores, foi feito em 2014, quando Aldemir Bendine era presidente do Banco do Brasil. Na delação de Fernando Reis, o ex-executivo da Odebrecht conta que foi procurado por um representante de Bendine, o publicitário André Gustavo Vieira da Silva, com uma queixa sobre o ministro da Fazenda Guido Mantega. "Que o Guido mandava sempre o Aldemir fazer as coisas, que ele fazia, que tinha a percepção que o então ministro Guido Mantega fazia parte da arrecadação e que ele, Bendine, só recebia as ordens e não recebia nada, então ele queria tentar estabelecer conosco um canal para o Aldemir Bendine”, afirmou Fernando Reis. O advogado de Bendine, Pierpaolo Bottini, afirmou que o cliente está "à disposição para esclarecer todos os fatos apresentados no inquérito". A defesa também afirmou que o ex-presidente da Petrobras jamais beneficiou qualquer empresa e sempre pautou a atuação nos limites da lei. Um dos investigados na operação Sépsis, o empresário André Luiz de Souza, que chegou a trabalhar no Conselho Curador do FGTS, se apresentou na tarde desta quarta-feira (7) à Polícia Federal e foi preso.
Matheus Leitão | G1
Souza estava sendo procurado desde esta terça (6), quando foi deflagrada mais uma etapa da Sépsis, que prendeu, entre outros, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ex-ministro do Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer.
Sobre André de Souza, as investigações apontam "indícios contundentes de crimes de lavagem de dinheiro, pela manutenção de contas bancárias no exterior, não declaradas às autoridades brasileiras, que eram destinatárias dos valores recebidos de propina, além de beneficiar, ilicitamente, o grupo Odebrecht".
A Sépsis investiga suposto esquema de pagamento de propina para a liberação de recursos de Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS), administrado pela Caixa Econômica. O empresário e outros investigados são suspeitos de destruir provas. Daí, a necessidade da prisão. Temer foi questionado pela PF se autorizou que Joesley apresentasse pontos de interesse ao ministro e se isso realmente ocorreu.
Reuters
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quarta-feira (7) não ter tido conversa com Joesley Batista, um dos donos da J&F, sobre pontos de interesse do empresário ao ser questionado sobre o assunto em Paris.
A Polícia Federal enviou 82 perguntas ao presidente Michel Temer no âmbito da investigação em que é acusado de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa. Em uma delas, Temer é questionado se autorizou que Joesley Batista apresentasse pontos de interesse ao ministro Henrique Meirelles, quais seriam, e se tinha conhecimento se isso realmente tinha ocorrido.
"Do meu ponto de vista eu fiquei sabendo disso pelos jornais", afirmou Meirelles após reuniões na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), demonstrando impaciência com a pergunta. Após ser perguntado em coletiva de imprensa se isso significava que a conversa não aconteceu, o ministro acrescentou: "essa conversa, que ele se referiu ao presidente se poderia ter no futuro, não". Falando a jornalistas, Meirelles comemorou a aprovação da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado na véspera a despeito do momento conturbado na cena política. "A reforma trabalhista não parou no Congresso por conta de discussões políticas, essa que é a principal mensagem. Além da atividade econômica. O que estou dizendo é que estou focado na questão de como o Brasil prossegue crescendo de um lado e também com sua agenda de reformas", disse. O ministro também se esquivou de responder qual seria a melhor solução para o país numa eventual saída de Temer da Presidência quando perguntado sobre a possibilidade de eleições diretas. "A minha abordagem no momento é exatamente ficar fora dessa discussão e me concentrar na administração da economia brasileira", afirmou. Depoimento estava inicialmente marcado para a manhã desta quarta-feira. Defesa pediu mais tempo para analisar o material das investigações.
Por Camila Bomfim | G1, Brasília
A Polícia Federal adiou o depoimento do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, que estava inicialmente previsto para a manhã desta quarta-feira (7). O depoimento agora será na sexta-feira (9), às 9h.
Segundo a PF, o adiamento ocorreu para esperar a manifestação do ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre pedido da defesa, que quer o depoimento 48 horas após ter acesso a todo material da investigação.
O advogado de Loures, Cezar Bitencourt, disse que, se o adiamento não fosse concedido, a orientação era para seu cliente se manter em silêncio durante a audiência. Loures, que também é ex-assessor do presidente Michel Temer, foi preso preventivamente no último sábado (3). Em março, ele foi flagrado pela PF recebendo em São Paulo uma mala com R$ 500 mil. Segundo delações de executivos da JBS no âmbito da Operação Lava Jato, o dinheiro era a primeira parcela de uma propina que seria paga por 20 anos. Apesar do adiamento do depoimento, a transferência de Loures para o presídio da Papuda, em Brasília, deve ocorrer ainda nesta quarta. Desde sábado, ele está no prédio da superintendência da Polícia Federal, também em Brasília, numa cela de 9 metros quadrados, com beliche e uma cama. O local não tem televisão, pia, chuveiro, nem janelas. Na Papuda, Loures vai ficar na chamada "ala de vulneráveis", construída para receber presos do mensalão. Inicialmente, a transferência estava prevista para ocorrer após o depoimento. Outro pedido da defesa Nesta terça-feira (6), a defesa de Rocha Loures pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-deputado passe por audiência de custódia (audiência com juiz que analisa se há necessidade da manutenção da prisão após flagrante) antes de eventual transferência para o presídio. O ministro Fachin enviou o pedido para manifestação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A defesa também pediu ao STF que assegure a Rocha Loures o direito de não ter a cabeça raspada caso seja transferido para o presídio, "como fizeram no Rio de Janeiro com Eike Batista" diz o texto do pedido. Polícia Federal vai intimar Fernando Haddad (PT) em investigação sobre suposto crime eleitoral1/6/2017 Gráfica de deputado petista citada em investigação prestou pequenos serviços pagos pela campanha, diz assessoria do ex-prefeito.
Por Will Soares | G1 SP, em São Paulo
A Polícia Federal (PF) vai intimar o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) a prestar esclarecimentos sobre um suposto esquema de propina montado a fim de levantar fundos para a campanha à Prefeitura da capital paulista em 2012.
"Com certeza ele vai ser intimado para ser ouvido e dar sua versão sobre os fatos", garantiu nesta quinta-feira (1º) o delegado Rodrigo de Campos Costa, chefe do departamento regional de combate ao crime organizado da PF.
Segundo ele, ainda não é possível mensurar a participação do ex-prefeito ou sequer saber se ele tinha conhecimento da propina. "Nesse momento é complicado a gente atribuir responsabilidades. A investigação está em andamento. Diversas provas vão ser analisadas", afirmou. De acordo com o delegado, o indiciamento de Haddad no processo é uma "possibilidade". "Agora, com a investigação, isso vai ficar a critério da autoridade policial que está investigando. Vai analisar as provas produzidas na fase sigilosa e agora na fase ostensiva", disse. A operação que tem como alvo a campanha de Haddad foi batizada de Cifra Oculta e é um desmembramento da Lava Jato. A investigação começou em novembro de 2015, após o Supremo Tribunal Federal (STF) separar a delação premiada de executivos da empreiteira UTC. Inquérito O inquérito apura o pagamento, pela UTC, de dívidas contraídas pela chapa de Haddad (PT/PP/PSB e PCdoB) na corrida eleitoral de 2012. Os débitos, no valor de R$ 2,6 milhões, seriam referentes a serviços prestados pelas gráficas Souza & Souza, LWC Artes Gráficas, Axis e Cândido de Oliveira - todas ligadas ao ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza (PT), mais conhecido como Chicão. Conforme a delação do acionista da UTC Ricardo Pessoa, tudo foi arquitetado pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Segundo o empresário, foi ele quem entrou em contato com a empreiteira e solicitou uma ajuda de R$ 3 milhões. O valor foi negociado, acabou fixado em R$ 2,6 milhões, e a operacionalização do repasse ficou a cargo do doleiro Alberto Youssef. As investigações mostram, por exemplo, que em 10 de junho de 2013 uma empreiteira de fachada de Youssef, chamada Rigidez, transferiu R$ 160 mil para a gráfica LWC, que tinha sede em Diadema, na Grande São Paulo, e pertencia à ex-mulher e a um irmão de Chicão. Todas as gráficas investigadas foram alvos de mandados de busca e apreensão nesta quinta. A Souza & Souza, que fica no Belenzinho, Zona Leste da capital, é de propriedade da atual mulher de Chicão. Já a Axis, com sede em São Caetano do Sul, e a Cândido de Oliveira, também da Zona Leste, pertencem a um amigo e ao filho de um amigo do ex-deputado. De acordo com a PF, na prestação de contas entregue pela campanha de Haddad ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) somente consta o pagamento a duas das gráficas investigadas, e o valor declarado oficialmente passa longe de chegar aos R$ 2,6 milhões: R$ 607 mil. Os investigados podem responder pelos crimes de falsidade ideológica na prestação de contas à Justiça Eleitoral e lavagem de dinheiro, com penas de até 10 anos de prisão e multa. Haddad se defende Por meio de sua assessoria de imprensa, Haddad afirmou que a "gráfica citada, de propriedade do ex-deputado Francisco Carlos de Souza, prestou apenas pequenos serviços devidamente pagos pela campanha e registrados no TRE". Segundo a nota divulgada pela equipe do ex-prefeito, a UTC também teve interesses contrariados na gestão do petista, o que seria um indício de que a empresa não tinha motivo algum para ajudá-lo no pagamento de dívidas. Nota na íntegra "Com relação a Operação Cifras Ocultas, deflagrada hoje de manhã pela Polícia Federal, o ex-prefeito Fernando Haddad, por sua assessoria, informa que a gráfica citada, de propriedade do ex-deputado Francisco Carlos de Souza, prestou apenas pequenos serviços devidamente pagos pela campanha e registrados no TRE. A UTC teve seus interesses contrariados no início da gestão Haddad na Prefeitura, com o cancelamento das obras do túnel da avenida Roberto Marinho, da qual fazia parte junto com outras empreiteiras igualmente envolvidas na Lava Jato. O executivo da UTC, Ricardo Pessoa, era dos mais inconformados com a decisão. O propalado repasse de R$ 2,6 milhões, se ocorreu, não tem nada a ver com a campanha de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo em 2012, até porque seria contraditório uma empresa que teve seus interesses prejudicados pela administração, saldar uma dívida de campanha deste administrador". |
AutorLuiz Maia Histórico
Julho 2017
Categorias
Todos
|