Ministro da Secretaria Geral da Presidência teria agido ao lado de ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Assessoria diz que ele não irá comentar o caso.
Por G1
O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Wellington Moreira Franco (PMDB-RJ) teria solicitado propina para ajudar a financiar campanhas eleitorais de 2014, em nome de seu partido e de Michel Temer, segundo depoimentos citados em inquérito autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
A assessoria do ministro Moreira Franco informa que ele não vai comentar o assunto.
O nome dele aparece ao lado do de Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, nos depoimentos de José de Carvalho Filho, Cláudio Melo Filho, Marcelo Bahia Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho e Paulo Henyan Yue Cesena. Fachin autorizou as investigações a partir do pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A PGR fez o pedido com base nas delações dos ex-executivos da Odebrecht. De acordo com o inquérito, o Ministério Público afirma que “há fortes elementos que indicam a prática de crimes graves, consistentes na solicitação de recursos ilícitos em nome do Partido do Movimento Democrático Brasileiro e de Michel Temer, a pretexto de campanhas eleitorais”. Citando especificamente Moreira Franco em seu depoimento, Paulo Cesena diz que o então ministro da Aviação Civil participou de uma reunião com a Odebrecht na qual foi discutida a manutenção de cláusulas que aumentariam a chance de a empresa vencer uma segunda rodada de concessões aeroportuárias. Além disso, Benedicto Barbosa da Silva relata um repasse de R$ 4 milhões, solicitado por Franco ao grupo empresarial, e pago a Eliseu Padilha, a pretexto da campanha eleitoral de 2014. Documentos apresentados pelos colaboradores apontam pagamento a uma pessoa com apelido “Primo”, em localidades que correspondem ao escritório de Eliseu Padilha, de acordo com o inquérito.
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Executivos e ex-dirigentes da construtora narraram suspeitas sobre 12 governadores nas delações premiadas. Três governantes estaduais serão investigados no STF.
Por G1, Brasília
Os executivos e ex-dirigentes da Odebrecht que fecharam acordo de delação premiada com a Operação Lava Jato citaram situações suspeitas envolvendo 12 governadores .
Deste total, três serão investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) por terem sido mencionados ao lado de outras autoridades que têm foro privilegiado na Corte: Tião Viana (PT), do Acre; Robinson Faria (PSD), do Rio Grande do Norte; e Renan Filho (PMDB), de Alagoas. Veja a lista com outros nove governadores ao final da reportagem.
Renan Filho é alvo de, ao menos, dois inquéritos autorizados por Fachin a pedido do procurador-geral da República. Ele será investigado junto com seu pai, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Em um deles, o senador Fernando Bezerra de Souza Coelho (PSB-PE), ex-ministro da Integração Nacional, também é investigado. Já Tião Viana será investigado junto com seu irmão, o senador Jorge Viana (PT-AC), ex-prefeito de Rio Branco. Segundo o Ministério Público, Jorge Viana pediu dinheiro à Odebrecht para campanha eleitoral de seu irmão ao governo do Acre, em 2010. Os delatores Hilberto Mascarenhas e Marcelo Odebrecht disseram na delação da empreiteira que repassaram R$ 2 milhões à campanha de Tião Viana, sendo R$ 500 mil como doação oficial. Envio ao STJ Por ordem do relator da Lava Jato no STF, ministro Luiz Edson Fachin, os episódios que envolvem outros nove governadores foram enviados ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), foro competente para julgar os chefes dos Executivos estaduais. Agora, caberá ao STJ analisar o pedido e autorizar o início das diligências solicitadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Veja quem são os governadores citados pelos delatores da Odebrecht:
Delatores indicam que pagamentos não foram inventados na gestão de Marcelo Odebrecht
Diário do Poder
Depoimentos de delatores da Odebrecht ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na ação que investiga possível abuso de poder político e econômico da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer de 2014 revelaram detalhes do funcionamento do “departamento de propinas” da empreiteira.
Responsável por movimentar US$ 3,3 bilhões, o Setor de Operações Estruturadas era o centro nervoso de um esquema de pagamento de subornos no Brasil e em outros 13 países. A cifra foi exposta por Hilberto Mascarenhas, que chefiou a área de 2006 até o seu fechamento, após a Operação Lava Jato.
Nos depoimentos, os delatores indicam que pagamentos ilegais não foram inventados na gestão de Marcelo Odebrecht, herdeiro do grupo, mas o nome e a estruturação do setor, sim. De acordo com Mascarenhas, antes os pagamentos eram embrionários e menos seguros. “Eles usavam fax! Meu Deus do céu! Cuspir papel é suicídio!”, disse o delator ao TSE. Os repasses ilegais estavam vinculados a uma “agenda ampla” da Odebrecht, que envolvia interesses no governo relacionados a etanol, tributação e obras, como a construção de infraestrutura para a Copa do Mundo e a Olimpíada. Além de propina e de caixa 2 para campanhas eleitorais, o setor bancava, de forma extraoficial, o resgate de executivos em caso de sequestro, em países como Iraque e Colômbia, pagamentos a milícias e bônus a executivos da empreiteira. O caixa 2 que abastecia a área era gerado por obras da empresa no exterior – segundo Mascarenhas, 99,9% do dinheiro vinha assim. “‘Ah, vamos fazer uma obra em tal lugar’. Tinha um excedente (nesse tipo de obra). O excedente era usado para abastecer a nossa área”, relatou Fernando Migliaccio, subordinado a Mascarenhas na área. Operação O setor recebia uma programação semanal dos pagamentos a serem ser feitos, já vinculados a codinomes dados por executivos do alto escalão a autoridades ou políticos. A hierarquia rígida, característica da empresa, servia para compartimentar as informações e evitar que funcionários da área decifrassem os apelidos. “Chegou aqui autorizado, paga, certo? (…) Nosso papel era de pagar. Para quem e por que não era da nossa alçada”, disse Mascarenhas ao TSE. As determinações de pagamento eram lançadas sempre na sexta-feira e, na segunda-feira subsequente, a operação era feita. Quem recebia a planilha era a secretária Maria Lúcia Tavares, primeira delatora a falar sobre o setor. Sistemas Mesmo com acesso aos sistemas de informática Drousys e MyWebDay, ela só sabia que “Feira” era Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, porque a empresária foi até o escritório da empresa uma vez. Foi Santana quem levou a Polícia Federal ao conhecimento da área de propina. O pedido para realizar o pagamento era encaminhado por executivos da Odebrecht, sempre com autorização de Marcelo Odebrecht ou de líderes empresariais (presidentes das empresas do grupo). Os líderes que autorizavam o pagamento tinham o valor “debitado” da sua área – ou seja, o que era pago pelo departamento da propina por autorização do executivo era abatido do lucro da área e interferia no bônus que a empresa pagava a ele. Para tentar maquiar o elevado fluxo de valores, os executivos do setor ficaram sócios de um banco em Antígua, paraíso fiscal do Caribe, e se valiam de transações por várias camadas de offshore. Limite O repasse ao destinatário da propina era a etapa final cumprida pelo setor. O dinheiro abastecia contas de operadores financeiros disponíveis para efetuar pagamentos em espécie em qualquer lugar no País, até em cabarés, até o limite diário de R$ 500 mil por codinome. “Muitas vezes eu brigava, porque tinha solicitações para praças que é impossível conseguir, e você ficar transitando com reais por esse país é loucura, você vai ser pego”, disse Mascarenhas. Outro funcionário do setor, Fernando Migliaccio, preso na Suíça em 2015, afirmou no TSE ter como recorde a movimentação de R$ 35 milhões, a vários destinatários, em um só dia. No exterior, os repasses eram feitos em contas bancárias – normalmente de offshores. Fora do País, só não eram feitos pagamentos nos Estados Unidos, considerado “complicadíssimo” por causa da fiscalização. (AE) Hilberto Mascarenhas, que chefiava o 'departamento da propina' da empreiteira, afirmou que os valores para os dois tipos de pagamentos saíam das mesmas contas do setor
Rafael Moraes Moura, Beatriz Bulla, Breno Pires e Fabio Serapião | O Estado de S. Paulo
Brasília - Tema de discussões jurídicas e políticas, a diferenciação entre o caixa 2 e a propina não existia para o ex-chefe do setor de Operação Estruturadas, conhecido como “departamento da propina” da Odebrecht. Questionado pelo juiz auxiliar do ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin em depoimento no dia 6 de março, Hilberto Mascarenhas afirmou que os valores para os dois tipos de pagamentos saíam das mesmas contas do setor abastecidas com caixa 2 da empreiteira.
O depoimento do delator foi no âmbito na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) contra a chapa Dilma Rousseff - Michel Temer, que pode levar à cassação do atual presidente e à inelegibilidade da ex-presidente. O tema foi alvo de perguntas do juiz instrutor e do advogado do presidente Michel Temer, Gustavo Guedes. Para o juiz, Mascarenhas afirmou não haver no entendimento diferenciação entre propina e caixa dois.
O juiz questionou: “Nesse setor de operações estruturadas havia algum tipo de diferença entre valores que corresponderiam a propina devidas em contratos em geral e valores que seriam simplesmente caixa dois não contabilizado? E Mascarenhas respondeu: “Para mim é a mesma coisa, viu, doutor. Propina, caixa dois e não contabilizado. é a mesma coisa. A única diferença que faço aí é que nós também pagávamos em determinado momento bônus do ano”. Sobre o bônus, o delator explicou que "era uma parcela que era paga por fora" e que "isso é caixa dois, não é propina, é caixa dois". Embora tenha dito não diferenciar os dois tipos de pagamentos, Mascarenhas afirmou que apenas atendia as solicitações de repasses sem saber se os recebedores eram políticos. A defesa do presidente Michel Temer perguntou diretamente qual é o entendimento do executivo sobre caixa 2, e tentou diferenciar o caixa 2 da empresa do caixa 2 pago para campanhas eleitorais. O delator disse que, quando fala em caixa 2, se refere em relação às próprias contas da Odebrecht. Ele disse também não poder afirmar que pagamentos em 2014 foram feitos para a campanha presidencial Dilma/Temer e que deixou o comando do setor das propinas meses antes da eleição. O "departamento da propina" operacionalizava todos os pagamentos não oficiais da Odebrecht e chegou a movimentar, segundo ele, US$ 3,370 bilhões entre 2006 e 2014. Desse total, foram U$ 450 milhões pagos somente em 2014, mas ele não especificou o volume exato destinado a campanhas eleitorais neste ano. Hilberto explicou que, do total de recursos do setor, “o que era usado para campanha eleitoral era 20%!". Segundo ele, havia "muito mais usado para as propinas de resultado, de melhoria de resultados das empresas, usado para conquistar novos projetos, usado para receber pagamentos. Não é tudo usado para campanha. Campanha era na periodicidade, que tinha as campanhas". Sobre o caminho do dinheiro dentro da empresa, o delator esclareceu que os recursos de caixa 2, em algum momento, transitaram de forma legal nas contas oficiais da Odebrecht, mas, em outro momento, foi feita uma "geração" para o caixa 2. Ele disse que os recursos do "Departamento da Propina" não foram utilizados como doação oficial (caixa 1) -- estas, segundo ele, eram feitas pela "tesouraria normal". O delator também explicou que havia muitos custos para gerar o caixa 2, e que, uma vez feita essa "geração", este dinheiro não voltaria a ser usado como caixa 1. "O senhor não sabe o sofrimento que era para gerar o 2 para, depois, botar o 1 de novo. Era suicídio!", disse. Hilberto explicou que o setor dele só trabalhava com recursos "não contabilizados, vamos colocar assim, (caixa) 2, propina"."Se você dava alguma doação de campanha, ou com pagamento de propina a quem quer que seja, era Caixa 2. Era pagamento irregular!", disse Hilberto. O delator disse que este era o setor "trepa moleque". A expressão significa, segundo ele, que lá se fazia "só coisa errada". "Moleque não trepa em árvore para poder roubar, trepa nos muros? Então, só 'trepa moleque'!", afirmou. Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-executivo da Odebrecht Hilberto Mascarenha afirmou que setor da propina da empreiteira chegou a movimentar US$ 3,370 bilhões entre 2006 e 2014
Rafael Moraes Moura, Beatriz Bulla, Fabio Serapião e Breno Pires | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-executivo da Odebrecht Hilberto Mascarenhas disse que "sempre tinha acordo" de pagamento de propina, em "qualquer lugar do mundo", ao explicar sua função no Setor de Operações Estruturadas da empreiteira. A área operacionalizava todos os pagamentos não oficiais da Odebrecht e chegou a movimentar, segundo ele, US$ 3,370 bilhões entre 2006 e 2014.
Ao explicar que o caixa do setor variava de acordo com a conquista de obras no exterior e da realização de eleições em diversos países, o delator foi questionado pelo juiz auxiliar do TSE Bruno Lorencini: "Mas impactava porque havia acordos de pagamento de propina?".
"Desculpe, qual o nome do senhor?", perguntou o delator. "Bruno", respondeu o magistrado. "Juiz Bruno, sempre tinha acordo." "Sempre tinha acordo?", voltou a questionar o juiz. "Sempre, em qualquer lugar do mundo", disse Mascarenhas. O delator se definiu como o "pagão" - aquele que apenas operacionalizava o pagamento. "Eu, Hilberto Mascarenha Alves da Silva Filho, nunca corrompi ninguém", disse o ex-executivo. De acordo com ele, a conta do Setor de Operações Estruturadas tinha US$ 70 milhões em 2006, ano em que ele assumiu a área, e cresceu para US$ 730 milhões em 2013. "E 2014, já com o início da Lava Jato, baixou para US$ 450 (milhões)", disse o delator. Os valores não são cumulativos, são referentes a cada ano. "Acumulado, deu de 2006 a 2014 US$ 3,370 bilhões. É um absurdo, mas é verdade. (...) Em função desse aumento, comecei a sentir que eu precisava ter algum controle", disse Mascarenhas. A partir daí ele desenvolveu o sistema de informática da empreiteira. O sistema identificava os valores pagos aos codinomes dados pelos executivos da empresa para esconder a real identidade dos beneficiários dos pagamentos. Ele disse ainda que a entrega do dinheiro no Brasil era feita em espécie e narrou formas de pagamento. "Se fossem valores pequenos, encontravam num bar. Em todos os lugares. Você não tem ideia dos lugares absurdos se encontra, no cabaré...Ele encontrava a pessoa, o preposto ia lá e pegava", afirmou. Em repasses mais volumosos, segundo Mascarenhas, era possível que algum representante da empresa se hospedasse em um mesmo hotel que um preposto de quem iria receber o dinheiro e, no meio da noite, a entrega fosse feita no quarto. Agora delatores, Emílio Odebrecht e seu filho Marcelo Odebrecht vão falar com juiz da Lava Jato
Diário do Poder
Pai e filho, donos de um dos maiores impérios empresariais do Brasil, foram intimados para depor perante o juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Agora delatores, Emílio Odebrecht, patriarca do grupo, e seu filho Marcelo Bahia Odebrecht – preso desde 19 de junho de 2015 – vão falar ao juiz da Lava Jato nos dias 13 de março e 10 de abril, respectivamente.
Os dois foram chamados na ação penal da Lava Jato em Curitiba na qual o ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) é acusado de atuar para favorecer os interesses da Odebrecht junto ao governo federal na contratação de sondas de exploração do pré-sal com a Petrobrás.
Nesta mesma ação o próprio Marcelo também é réu. Emílio foi chamado pelo filho para depor como sua testemunha de defesa e será ouvido na próxima segunda-feira (13), por meio de videoconferência com a Justiça Federal em São Paulo. Já Marcelo Odebrecht será ouvido como réu – em seu interrogatório, poderá se manifestar pessoalmente sobre a s acusações da Procuradoria da República que lhe atribui, e também a Palocci e a outros 11 investigados, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Por lei, Emílio poderia não falar nada que implicasse seu filho em irregularidades. Como fez a delação premiada, contudo, o executivo será obrigado a contar o que sabe sobre os episódios apontados pelo Ministério Público Federal na acusação que atinge, além de Marcelo, os ex-executivos da empreiteira Hilberto Mascarenhas, Luiz Eduardo Soares e Olívio Rodrigues Junior, que supostamente lavava dinheiro de propina para a empreiteira. Audiência Não será a primeira vez que Marcelo Odebrecht ficará frente a frente com Moro. Em 30 de outubro de 2015 ele foi interrogado pelo juiz da Lava Jato na audiência da primeira ação penal que respondeu na Justiça Federal em Curitiba acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa envolvendo o esquema de corrupção da Petrobras. Na ocasião, Odebrecht ainda não tinha decidido fazer um acordo de colaboração premiada e afirmou que não cabia a ele “responder pela construtora (Norberto Odebrecht)”. Para evitar falar durante a audiência, sua defesa havia encaminhado também por escrito 60 perguntas e respostas sobre a acusação da Lava Jato contra ele, e, ao ser indagado pelos investigadores e por Moro, reiterava que tudo que havia dito sobre o caso estava no material por escrito. Nesta primeira ação ele acabou condenado a 19 anos e quatro meses de prisão no dia 8 de março de 2016. No dia 22 daquele mês a empreiteira anunciou que faria uma “colaboração definitiva” com as autoridades. Naquele dia foi deflagrada a Operação Xepa – 26.ª fase da Lava Jato e que tinha como alvo o Setor de Operações Estruturadas, nome formal do “Departamento da Propina” da empreiteira. Agora com a delação homologada ele se encontrará novamente com o juiz Moro, desta vez sob compromisso de contar o que sabe. (AE) 'Departamento de propina' da Odebrecht pagou isso na era PT
Diário do Poder
O ex-executivo da Odebrecht Hilberto Mascarenhas afirmou em depoimento ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin que o Departamento de Obras Estruturadas da empreiteira, conhecido como “departamento da propina”, desembolsou cerca de U$ 3,39 bilhões em caixa 2 entre 2006 e 2014, precisamente o período transcorrido entre os governos Lula e Dilma, na era PT. Isso equivale a mais de R$10 bilhões.
O depoimento, prestado nesta segunda-feira, 6, na sede do TSE, ocorreu no âmbito da ação que investiga abuso de poder político e econômico na campanha presidencial de 2014 e pode gerar a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.
O departamento da Odebrecht chamado por Mascarenhas de “trepa moloque”, uma referência ao fato de que, por ele, só passava recursos ilegais, era responsável não apenas por repasses de recursos ilícitos para campanhas eleitorais como pagamentos de resgates de funcionários da empreiteira sequestrados em países atingidos por conflitos armados ou grande violência urbana. No depoimento, o ex-executivo detalhou os pagamentos com recursos ilegais da empresa. Na planilha apresentada, segundo relatos, constava as seguintes quantias: em 2006 - U$ 60 milhões; 2007 – U$ 80 milhões; 2008 – U$ 120 milhões; 2009 – U$ 260 milhões; 2010 – U$ 420 milhões; 2011 – U$ 520 milhões; 2012 – U$ 730 milhões; 2013 – U$ 750 milhões e 2014 – U$ 450 milhões. Os pagamentos eram feitos em hotéis onde ficavam hospedados os intermediários. Segundo Mascarenhas, com a avanço das investigações da Operação Lava Jato, o setor de propina teve que migrar para a República Dominicana. A cota em que era armazenado os recursos ficaria fora do País e quando era necessário fazer algum pagamento, sempre era em espécie. De acordo com ele, em razão de as regras serem mais rígidas nos Estados Unidos, as transações em solo norte-americano eram evitadas. Ao falar sobre a operacionalização do setor, Mascarenhas detalhou as tratativas realizadas com o maqueteiro de campanha presidencial do PT em 2014, João Santana, e com sua mulher Mônica Moura. Segundo ele, Mônica só aparecia em períodos próximos às eleições. Ela estaria entre os cinco maiores recebedores de pagamentos do setor. Segundo ele, apenas em 2014 pagou U$ 16 milhões para Santana. O ex-executivo não soube detalhar, contudo, as datas dos pagamentos ao casal, mas afirmou que tem um servidor na Suíça em que estão listados todos os repasses. Do total, 60% dos recursos teriam sidos passados no Brasil e o restante no exterior. Todos os pagamentos feitos eram em real, mas calculados com base no dólar, que era o valor acertado. No depoimento, Mascarenhas disse ainda que sabia que o pagamento para Santana era feito em razão de ele estar fazendo a campanha “dela”. Questionado na audiência quem era “ela”, o ex-executivo respondeu que “com certeza era a presidente Dilma Rousseff” porque todo mundo sabia para quem Santana estava trabalhando. Mascarenhas também lembrou que a relação com Santana não se restringiu à campanha no Brasil. Questionado pelo advogado da chapa de Dilma, respondeu que pagou ao marqueteiro e a Mônica pelas campanhas de El Salvador, Angola, Venezuela, Republica Dominicana e Panamá. Planilhas O ex-executivo também disse que a relação com integrantes do primeiro escalão do governo era feita por Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa que leva o seu nome. Ao dar mais detalhes sobre as planilhas de repasses de recursos para o PT, Mascarenhas afirmou que a que levava o nome 'Italiano' era uma referência ao ex-ministro da Casa Civil Antônio Palocci e que o 'Pós-Itália', era uma menção ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Segundo ele, a conta-corrente “italiano” continham pagamentos realizados mesmo após a saída de Palocci das negociações e do governo. A alegação apresentada por Mascarenhas foi a de que uma vez que a conta foi criada pelo ex-ministro, ele poderia movimentar os valores até ele se esgotarem. PMDB No depoimento, Mascarenhas afirmou que na negociação em torno do PMDB não surgiu o nome do presidente Michel Temer, mas que sabia das tratativas de Marcelo Odebrecht em relação aos repasses de R$ 6 milhões, em caixa 2, para a campanha de Paulo Skaf (PMDB) para o governo de São Paulo, em 2014. A informação do desembolso ao peemedebista chegou a ele por meio do marqueteiro da campanha de Skaf, Duda Mendonça, que teria ligado para combinar o pagamento. Marcelo Odebrecht também teria falado sobre a doação com Hilberto. No início de fevereiro, o juiz federal Sérgio Moro condenou Santana e Mônica pelos crimes de lavagem de dinheiro no esquema de corrupção na Petrobrás alvo da Operação Lava Jato. À época, a defesa do publicitário informou que iria recorrer ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região. Ministro Herman Benjamin marcou depoimentos para a próxima semana; na acareação, os três deverão depor para esclarecer fatos sobre doações à chapa Dilma-Temer em 2014.
Por Renan Ramalho | G1, Brasília
O ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral, marcou para a próxima sexta-feira (10) uma acareação entre o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht e outros dois executivos do grupo Hilberto Mascarenhas e Cláudio Melo Filho.
Na acareação, os três deverão depor em conjunto para esclarecer fatos já narrados em depoimentos desde a semana passada sobre doações eleitorais da empresa em 2014 para a chapa formada pela ex-presidente Dilma Rousseff e o atual presidente Michel Temer, então candidato a vice.
Hilberto Mascarenhas fazia parte do chamado "Setor de Operações Estruturadas", estrutura profissional de pagamento de propina em dinheiro no Brasil com funcionários dedicados a uma espécie de contabilidade paralela que visava pagamentos ilícitos. Já Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais, era um dos principais responsáveis pelo contato da cúpula da empresa com políticos. Em um dos depoimentos de delação premiada, Melo Filho contou sobre um episódio em que acertou, segundo ele a pedido de Temer, a doação de R$ 10 milhões para o PMDB em 2014. Apenas Cláudio Melo Filho irá pessoalmente ao TSE para a acareação. Já Marcelo Odebrecht e Hilberto Mascarenhas serão ouvidos por videoconferência. Hilberto Mascarenhas contou ao TSE que era responsável pelo software que movimentava recursos de caixa 2 da Odebrecht
Cristiana Lôbo | G1
O ex-diretor do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas, informou em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral que ficou sob responsabilidade dele a criação do software pelo qual eram movimentados todos os recursos de caixa 2 da companhia.
De 2006 a 2014, disse, foram movimentados US$ 3,370 bilhões. Aí estariam incluídos de pagamento de propina no Brasil em em outros países, como Angola, até bônus dos funcionários da empresa.
No Brasil, informou o ex-diretor, a propina representava algo como 20% desse total de recursos movimentados. Em 2014, o departamento movimentou US$ 450 milhões, segundo ele. À pergunta do ministro Herman Benjamin sobre se a transferência de recursos em caixa 2 para as campanhas era feita diretamente na conta, Hilberto Mascarenhas disse que, antes, precisava "comprar reais", o que, segundo ele, é uma operação difícil. "Até porque não se vende reais em supermercados, embora alguns vendam", disse, sem deixar muito claro como era feita a operação. E fez até um autoelogio em razão da "qualidade" do sistema e disse: "Graças a Deus, ninguém me pegou". Ele afirmou ainda que a secretaria Maria Lúcia Rodrigues, a primeira ex-funcionária da Odebrecht a fazer delação – o que permitiu desvendar o esquema – era responsável por definir com o emissário do beneficiário a senha para o repasse de recursos. Mascarenhas confirmou ainda ter repassado R$ 16 milhões para a mulher do marqueteiro João Santana, Mônica Moura, cujo codinome ele confirmou ("Feira"), mas que nunca se falou a que se referia esse dinheiro. "Mas todos nós sabíamos que era ano de eleição", completou. Outro delator que falou ao ministro do TSE, Cláudio Melo Filho disse que várias medidas provisórias foram "compradas" no Congresso. Fez referência a uma relativa ao setor petroquímico, cujo número disse não recordar, e pela qual afirmou que pagou R$ 60 milhões a várias pessoas no Congresso. Ele confirmou ter participado do jantar no Palácio do Jaburu com Marcelo Odebrecht, Michel Temer e Eliseu Padilha. Disse que "caiu de para-quedas" na reunião. |
AutorLuiz Maia Histórico
Julho 2017
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