Empreiteira obteve dois contratos no valor de R$800 milhões
Diário do Poder
O executivo da Odebrecht Leandro Andrade Azevedo, responsável por contratos da construtora com a Prefeitura de Campos dos Goytacazes durante a gestão Rosinha Garotinho (PR-RJ), afirmou, em delação premiada, ter se reunido com o ex-governador do Rio Anthony Garotinho para tratar de atrasos em obras do município, sempre que os pagamentos atrasavam. De acordo com o delator, como reação às cobranças, Garotinho, marido da prefeita, "determinava prioridade" aos pagamentos à construtora aos secretários municipais. A Odebrecht obteve dois contratos cujos valores somados chegam a R$ 800 milhões para a construção de casas populares em Campos.
De acordo com o executivo Benedicto Júnior, o ‘BJ’, a cidade no Norte fluminense representava "potencial de desenvolvimento" por receber royalties do petróleo. “Por essa razão, considerando a influência de Anthony Garotinho, era de interesse da Companhia tratamento privilegiado no referido município. Além disso, havia forte expectativa de que Anthony Garotinho poderia voltar ao Governo do Estado do Rio ou alcançar cargos políticos mais altos. Tais circunstâncias justificaram os pagamentos ilegais em seu benefício e dos candidatos por ele indicados”.
O conjunto de planilhas de depoimentos entregue pela empreiteira no inquérito que investiga Garotinho dá conta de que R$ 12 milhões foram pagos, por meio de caixa dois, ao ex-governador do Rio, para financiar campanhas eleitorais dele e da mulher, Rosinha, no período entre 2008 e 2014. Somente para as campanhas de Rosinha Garotinho à Prefeitura de Campos, em 2008 e 2012, os executivos dizem ter repassado R$ 3,3 milhões de reais por meio de caixa dois. Os valores eram operacionalizados pelo departamento de propinas e repassados, via doleiros, em dinheiro vivo, ao escritório pessoal de Anthony Garotinho. De acordo com os relatos, o local, no centro do Rio de Janeiro, é a sede da produtora Palavra de Paz, pertencente ao ex-governador. Uma das bandeiras de campanha e promessa política de Rosinha para Campos de Goytacazes era a construção de moradia popular. Em 2009, quando assumiu o cargo, a então prefeita anunciou o ‘Programa Morar Feliz I’, para erguer mais de 5 mil casas, no valor de R$ 357 milhões. Os depoimentos de executivos dão conta de que a Odebrecht tinha ‘expertise’ nessa modalidade de obra e, estudos feitos pela construtora apontavam que somente ela poderia executar as obras nos padrões do edital lançado pela Prefeitura, à época. ‘Pelas condições nele [no edital] previstas, acredito que foi levado em consideração o interesse e capacitação da Odebrecht nesta obra’, afirma o delator Leandro Azevedo. “Para que não participássemos sozinhos da licitação, pedimos para que a Carioca Engenharia e a Queroiz Galvão darem um preço acima do nosso”, relata o ex-diretor de contratos no interior do Rio. O programa Morar Feliz teve ainda continuidade no segundo mandato de Rosinha Garotinho. No edital divulgado em 2012, a construção de 4,5 mil casas estava prevista, com o custo de R$ 476 milhões aos cofres públicos. Dessa vez, a Odebrecht participou sozinha da concorrência e, mais uma vez, venceu o edital. O executivo Leandro Azevedo disse ter comparecido a diversas reuniões em que houve cobranças referentes a atrasos nos pagamentos da Prefeitura à empreiteira, quando era diretor de contratos no interior do Rio. “Essas reuniões geralmente se davam para reportar algum atraso de pagamento em decorrência de contratos que tínhamos em Campos de Goytacazes, o que resultava na determinação por ele para que fosse dada prioridade aos pagamentos. presenciei algumas vezes, Garotinho telefonando para os secretários da fazenda durante a gestão de Rosinha (Suledil Bernardino da Silva e Francisco Arsenio de Mello Esquef) e pedindo que tivéssemos preferência na regularização de pagamentos em atraso, o que de fato aconteceu”. Defesa “Os ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho negam que tenham recebido qualquer contribuição irregular da Odebrecht. Como os próprios delatores afirmaram, não houve benefício pessoal para eles ou favorecimento à empresa em nenhuma obra. Afirmam ainda que, se a petição virar inquérito, ficará claro que os delatores estão mentindo, já que não apresentaram nenhuma prova do que falaram”. (AE)
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Até 'bingo' para definir lotes do empreendimento foi realizado por empresários. Esquema de cartel foi chefiado por Sérgio Cabral, segundo delator.
Por G1 Rio
Obras que deveriam trazer benefícios à população fluminense, na verdade, estavam sendo fraudadas. É o que indica novos trechos de colaborações premiadas da empreiteira Odebrecht que detalham uma farsa em licitações públicas para empreendimentos no estado. O material foi tema de reportagem do RJTV desta quarta-feira (18).
De acordo com delator e ex-executivo da empresa Benedicto Júnior, o ex-governador Sérgio Cabral era quem comandava o esquema. Uma curiosidade: quando havia conflito entre as empresas interessadas nos projetos, os empresários resolviam com um bingo. Era um jogo de "cartas marcadas".
Uma das obras que foi definida previamente, de acordo com o delator, foi a construção do Arco Metropolitano. Foi um projeto esperado por quatro décadas e lançado, em 2008, pelo próprio Cabral. Pelos 71 km de pistas da rodovia, que liga os municípios de Duque de Caxias e Itaguaí, saíram dos cofres públicos quase R$ 2 bilhões. O trecho foi inaugurado em julho de 2014. De acordo com as investigações, a licitação para a construção do Arco foi fraudulenta, já que as construtoras foram previamente escolhidas. As reuniões para definir os vencedores, segundo o delator, ocorriam na sede do governo, no Palácio Guanabara, em Laranjeiras. Também participava dos encontros o ex-secretário de Governo, Wilson Carlos, atualmente preso no Complexo de Gericinó, em Bangu. "No primeiro semestre de 2007, eu fui chamado a uma reunião no palácio do governo com o Dr. wilson carlos, então secretário de Governo, com a informação de que o governador havia decidido dar prosseguimento ao investimento planejado que chamaria-se Arco Metropolitano", afirma Benedicto Júnior. O delator também contou aos procuradores do Ministério Público Federal é que Cabral teria dito que a obra do Arco seria dividida em quatro lotes, e que a a Odebrecht ficaria responsável por um deles e que a empreiteira teria a "obrigação" de levar com ela a Andrade Gutierrez. Até a proporção era definida: deveria ser 60% para a Odebrecht e 40% para a Andrade Gutierrez. 'Bingo' das empreiteiras Na construção de uma rodovia em consórcio, como foi o caso do Arco Metropolitano, há trechos mais simples, que podem ser mais rentáveis. Era um ponto delicado que acabou decidido pelas próprias empresas, e não pelo poder público. O delator explica que em relação aos trechos, as empresas não se entendiam com qual lote cada uma ficaria. Após a abertura da licitação e antes da entrega da proposta do que era pedido no edital, Benedicto Júnior disse que foram analisados os quatro lotes. Como, segundo ele, o governo não definia quem ficaria com qual trecho, então, foi feito um sorteio. "Colocou-se os lotes num papel e cada empresa puxou um papelzinho. Cada um ficou com aquele lote que puxou", conta o delator. Ao fim, a Odebrecht e Andrande Gutierrez ficaram com o lote 1. Já o lote 2, ficou com a Carioca Engenharia e Queiroz Galvão. O lote 3 ficou com a OAS e Camargo Correia, e o 4 com a Delta e Oriente. Depois de definidos lotes, os empresários discutiam o pagamento das propinas destinadas aos políticos flumninenses. Outro lado Em nota, a Odebrecht informou que "entende que é de responsabilidade da Justiça a avaliação dos relatos feitos pelos seus executivos e ex-executivos". A empresa também diz que "reconheceu seus erros, pediu desculpas públicas e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas". Já a Camargo Correia declarou que fez acordo com a Justiça para corrigir irregularidades. A Andrade Gutierrez, Delta Engenharia e a Queiroz Galvão não quiseram se manifestar. As defesas de Sérgio Cabral e Wilson Carlos informaram que só vão se manifestar ao longo do processo. A reportagem do RJTV não conseguiu localizad representantes de outras empresas e pessoas citadas na matéria. Segundo Jonas Lopes Neto, apesar de atrasos nas obras do metrô, dinheiro ilícito era pago em dia. Tribunal de Contas do Município também cobrou propina, segundo informações do RJTV.
Por RJTV
É de conhecimento público que a Linha 4 do metrô custou mais e demorou bem mais do que o planejado pra ficar pronta. Houve atraso nas obras e faltou dinheiro, mas o pagamento da propina a conselheiros do TCE, presos pela Polícia Federal, estava sempre em dia. Foi o que contou o filho do ex-presidente do TCE, Jonas Lopes Neto, em delação premiada. As informações são do RJTV desta terça-feira (4).
Jonas disse que, ainda em 2014, foi chamado pelo pai para organizar o recebimento dos pagamentos ilícitos. Disse que o dinheiro veio das empreiteiras que construíram o metrô e das empresas que participariam da despoluição das lagoas da Barra, que nem saiu do papel.
O caixa ilegal foi pago, segundo ele, por:
As quantias são apenas as que ele diz que pegou. Jonas Lopes Neto fala de um outro pagamento, relatado por um funcionário da empresa: R$ 750 mil por mês, por um período que não sabe especificar – dinheiro destinado ao TCE. A Olimpíada passou, os pagamentos ficaram em outras áreas. Jonas Lopes Neto também contou que, no ano passado, recebeu da União Norte Engenharia R$ 145 mil exclusivamente para o pai, o então presidente do TCE. O valor era correspondente a 5% de uma obra que foi acertada com o Governo do Rio ou com o deputado Jorge Picciani, ele diz. O delator disse também que haveria a entrega de outas parcelas, até o total de R$ 700 mil, e que essas tratativas ocorreram com o presidente do DER no Rio, que seria a pessoa ligada ao deputado Jorge Picciani. Jonas Lopes Neto também falou do apetite por mais propina dentro do TCE. Segundo ele, depois da pressão de conselheiros do tribunal sobre a relação do pai com Arthur Soares, dono do Grupo Facility, um dos maiores prestadores de serviços do estado, o então presidente do TCE teria ajustado com o empresário o pagamento de R$ 120 mil mensais destinado aos conselheiros. Jonas Lopes Neto disse que ia até a casa de alguns conselheiros para entregar o dinheiro. No caso de Marco Antonio de Alencar, entregou quantias em dinheiro do acerto ao TCE no estacionamento do clube Hípica Brasileira. Disse também que acredita que Marco Antonio alencar guardava o dinheiro ali, e supõe que possa ter escondido os valores no local. Acusação também contra o TCM Além de conselheiros do TCE, presos pela Polícia Federal, o Tribunal de Contas do Município (TCM) do Rio também foi acusado em delação premiada de receber pagamentos indevidos para fazer vista grossa em obras públicas. A engenheira Luciana Salles Parente trabalhava na Carioca Engenharia, que fez um acordo de leniência – a delação das empresas. Ela contou que havia solicitação de pagamento de vantagens indevidas pelo TCM de 1% sobre o valor do contrato, que era de R$ 500 milhões. A notícia foi publicada pelo jornal O Dia e confirmada pelo RJTV. O RJTV teve acesso ao documento com exclusividade. Luciana diz que tomou conhecimento da exigência de pagamento por meio de Antonio Cid Campelo, da OAS, que ele chegou a mencionar o nome da pessoa do Tribunal de Contas do Município, que teria feito as exigências, mas não se recorda do nome. Ela conta que o secretário municipal de Obras do Rio, Alexandre Pinto, também exigiu 1%. E que outros 3% iriam para a equipe de fiscalização da obra e 1%, para o Ministério das Cidades. Segundo Luciana, desses valores, o único que foi pago integralmente foi referente ao Ministério das Cidades. Os outros receberam só metade. Luciana, que era diretora operacional da obra da Transcarioca e fazia parte do conselho do consórcio formado também pelas empresas OAS e Contern, revelou que o dinheiro foi gerado por superfaturamento dos contratos e que a propina era paga em dinheiro vivo. Segundo ela, no total, foram R$ 2 milhões. O dinheiro fácil gerava disputas. No TCE, Jonas Lopes Neto diz que o controle dos recursos ganhos de forma ilícita era precário. E que ele acha que eram assim porque havia desvios por parte dos envolvidos na coleta e distribuição da propina. 'Cadê meu dinheiro?' Em um episódio, havia a suspeita de que Marcelo Santos Amorim, que é casado com uma sobrinha do governador Luiz Fernando Pezão, teria retido indevidamente parte do dinheiro devido em propina cobrada de fornecedores de alimentos. Na delação, o ex-presidente do TCE afirma que chegou a receber em seu celular, por um aplicativo de troca de mensagens, um áudio enviado pelo conselheiro José Gomes Graciosa com uma marchinha, feita para Pezão, com o refrão: "Cadê meu dinheiro?", como mostrou reportagem o G1. O Tribunal de Contas do Município afirmou que não conhece nem nunca viu Luciana Parente ou Antonio Cid Campelo. Disse ainda que jamais foi procurado, durante toda sua gestão, por empresas interessadas em pagar propina. O presidente do TCM afirmou que foram feitas 25 visitas técnicas na obra da Transcarioca. Em uma delas, segundo o TCM, foi constado o uso irregular de um guindaste em balsas pelo consórcio construtor, o que gerou um cancelamento de pagamento de mais de R$ 6 milhões. O RJTV não conseguiu falar com os outros citados na reportagem. Ex-executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez relataram pedidos de propina do ex-presidente do TCE-RJ Jonas Lopes em delações. Cinco conselheiros do tribunal foram presos.
Por G1
A Operação Quinto do Ouro, que prendeu cinco integrantes do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ), nasceu das delações de ex-executivos das empreiteiras Odebrecht e da Andrade Gutierrez. Eles relataram ao Ministério Público Federal (MPF) pedidos de propina do conselheiro Jonas Lopes, quando era presidente do TCE-RJ. Após as citações, Lopes fechou acordo de delação premiada.
O esquema ocorreu durante o governo de Sérgio Cabral (PMDB) no Rio. Uma da citações a Lopes foi na delação do ex-diretor da Odebrecht Leandro Azevedo. Ele afirmou ao MPF que, em 2013, Cabral disse que o edital sobre o Maracanã tinha sido enviado ao TCE-RJ, e que a empreiteira deveria falar com Jonas Lopes. O ex-diretor da Odebrecht disse que acertou, então, o pagamento ao ex-presidente do TCE-RJ de R$ 4 milhões, em quatro parcelas de R$ 1 milhão. Em troca, o edital seria aprovado.
O pedido de propina pelo relatório sobre o metrô teria ocorrido em 2014. Segundo o ex-diretor da Odebrecht, Lopes pediu propina a três empreiteiras do consórcio: Queiroz Galvão, Odebrecht e Carioca Engenharia. O valor pedido foi de 1% do contrato (equivalente a R$ 60 milhões). Azevedo afirmou que as empresas não pagaram. Na época das denúncias, em dezembro de 2016, Lopes repudiou as afirmações do ex-diretor da Odebrecht. No mesmo mês, ele foi levado para depor na PF na Operação Descontrole, que investiga crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Em seguida, Lopes se afastou da presidência do TCE-RJ e negociou um acordo de delação premiada. O filho dele, Jonas Lopes de Carvalho Neto, também se tornou colaborador das investigações. Ao MPF, Jonas Lopes denunciou o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Jorge Picciani, e cinco dos outros seis conselheiros do TCE. Nesta quarta, Picciani foi levado para depor à PF, e os conselheiros foram presos temporariamente. Além da cobrança de propinas, os conselheiros são investigados por receber valores indevidos por contratos do estado com a Fetranspor – a federação que reúne as empresas de ônibus do estado – e por permitir que o governo estadual usasse um fundo do próprio TCE para pagar empresas de alimentação. Veja quem são os presos
O G1 tenta contato com as defesas dos cinco conselheiros e do ex-conselheiro presos. Em nota, as defesas de Jonas Lopes e de Jonas Lopes de Carvalho Neto afirmaram que os termos do acordo estão sob sigilo e não podem ser comentados. No texto, os advogados Gustavo Teixeira e Rafael Kullmann reafirmaram a "postura de colaboração e elucidação de todos os fatos envolvidos nas investigações". A assessoria do deputado Jorge Picciani afirmou que ainda está esperando informações sobre a investigação e que vai se manifestar mais tarde. A Assembleia Legislativa do Rio informou que os mandados de busca e apreensão autorizados pelo Superior Tribunal de Justiça nos gabinetes da presidência da casa foram cumpridos normalmente pela Polícia Federal. O PMDB, partido de Picciani, declarou que tem certeza de que o deputado dará todos esclarecimentos às autoridades competentes. Investigações Deflagrada nesta quarta-feira (29), a Operação Quinto do Ouro apura um esquema de propina que pode ter desviado até 20% de contratos com órgãos públicos para autoridades públicas, sobretudo membros do TCE-RJ e da Alerj. O Tribunal de Contas é um órgão de apoio ao Poder Legislativo. É responsável por fiscalizar a gestão de recursos públicos do estado e dar transparência às ações do governo. Os conselheiros são nomeados pelo governador do estado. O ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, expediu mais de 40 mandados, entre prisões, bloqueios de bens e buscas e apreensões, além da condução coercitiva de Picciani. A operação foi batizada de Quinto do Ouro em referência ao Quinto da Coroa, um imposto correspondente a 20% que a Coroa Portuguesa cobrava dos mineradores de ouro no período do Brasil Colônia, e que acabava desviado. Presos são diretor da RioTrilhos e subsecretário de Turismo. Segundo acordo de leniência, Heitor Lopes recebia propina no canteiro de obras. Operação Tolypeutes é um desdobramento da Lava Jato.
Por Cristina Boeckel e Fernanda Rouvenat | G1 Rio
O diretor da Companhia de Transportes sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro (RioTrilhos), Heitor Lopes de Sousa Junior, e o atual subsecretário de Turismo do estado e ex-subsecretário de Transportes, Luiz Carlos Velloso, foram presos na manhã desta terça-feira (14) na Operação Tolypeutes, um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio, que investiga corrupção e pagamento de propina em contratos da linha 4 do metrô.
Segundo o acordo de leniência de executivos da Carioca Engenharia, o esquema de corrupção que existia na secretaria Estadual de Obras do Rio, com a cobrança de propina das empreiteiras envolvidas em contratos bilionários de obras civis, também se repetia na secretaria estadual de Transporte. Segundo depoimentos, Heitor recebia a propina no canteiro de obras e em dinheiro vivo. Ele era sócio de duas empresas que prestavam serviço para a construção da Linha 4 do metrô. O G1 tenta contato com as defesas dos presos.
Os agentes também cumprem 3 mandados de condução coercitiva expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal. Um desses mandados, que foi cumpridos no começo da manhã, é contra a companheira de Luiz Carlos Velloso, Renata Loureiro Borges Monteiro. O Ministério Público Federal pediu o bloqueio de R$ 220 milhões de sete pessoas e três empresas. A operação foi batizada como Tolypeutes (nome científico do tatu), uma referência ao “Tatuzão”, equipamento utilizado nas escavações das obras do metrô. A prisão preventiva do diretor da RioTrilhos foi pedida, segundo os promotores, para evitar uma possível fuga. De acordo com a investigação, Heitor e a mulher estavam dando entrada em um pedido de cidadania portuguesa. Os procuradores também estão pedindo o bloqueio de bens de R$ 36 milhões de Heitor e de R$ 12 milhões de Velloso. Ainda de acordo com as investigações, de 2010 a 2013, Heitor recebeu propina no valor de R$ 5,4 milhões de duas empresas. Ao todo, foram 31 transferências de recursos. Uma das empresas que pagou foi a MClink Engenharia, que atuou no trecho oeste da linha 4 do Metrô . Busca e apreensão nas empresas:
Ex-governador foi preso em novembro As investigações da Lava Jato no Rio de Janeiro já levaram à prisão do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), em novembro do ano passado. Ele foi preso na Operação Calicute, que descobriu o esquema de cobrança de propina em obras durante a gestão Cabral, que funcionou entre 2007 e 2014. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Cabral cobrava propina de empreiteiras para fechar os contratos com o governo do Rio. As construtoras, por sua vez, se consorciaram para fraudar licitações e sabiam previamente quem iria ganhar as concorrências. Na ação também foram presos: Wilson Carlos Cordeiro da Silva Carvalho, ex-secretário de governo do RJ; Hudson Braga, ex-secretário de obras; Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, sócio de Cabral na empresa SCF Comunicação; Luiz Carlos Bezerra; Wagner Garcia e José Orlando Rabelo. A Calicute é um desdobramento da Operação Lava Jato e teve como base as delações premiadas do ex-dono da Delta Engenharia Fernando Cavendish, da empreiteira Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia – que afirmam terem pagado propina por obras como a do Marcanã, do PAC das Favelas e do Arco Metropolitano. Descoberta foi feita na Operação Tolypeutes, nova fase da Lava Jato
Diário do Poder
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, destaca em despacho que as obras do Metrô da Linha 4 do Rio, orçadas em R$ 880,079 milhões, foram reajustadas para R$ 9,643 bilhões. A descoberta foi feita na Operação Tolypeutes, na nova fase da Força Tarefa da Lava Jato do Rio que investigou a construção. Segundo Bretas, o reajuste “por, si só, dá conta do enorme volume de dinheiro público que, em tese, teria sido desviado pelos agentes públicos investigados a partir da referida obra”.
A Polícia Federal prendeu preventivamente o ex-subsecretário de transportes do Rio, Luiz Carlos Velloso, e o diretor de engenharia da estatal Riotrilhos, Heitor Lopes de Sousa Júnior, na manhã desta terça-feira, 14, só acusação de envolvimento no esquema. Velloso ocupa atualmente o cargo de subsecretário de turismo do Estado do Rio de Janeiro.
A obra, de expansão do Metrô até a Barra da Tijuca visando à Olimpíada de 2016, foi realizada pelo consórcio Rio Barra S.A. A associação era constituída pela Carioca Engenharia, por meio da Zigordo Participações S.A, com a Queiroz Galvão e Odebrecht. Segundo a delação da funcionária Luciana Salles, da Carioca, a propina geada pela obra foi destinada à a Secretaria de Transportes do Estado do Rio de Janeiro e à Riotrilhos. Em seu depoimento, Luciana contou que parte dos valores era pago a Velloso. Os pagamentos foram iniciados antes mesmo de a empresa assumir a obra. Já Heitor Lopes, de acordo com o processo, “teria recebido vultosos valores de propina em diversas ocasiões descritas a partir dos depoimentos de ex-funcionários da carioca engenharia”. “As declarações de Luciana Salles Parente trouxeram à baila importantes informações acerca do local, forma e frequência dos pagamentos de propinas ao requerido, além de fornecer o número de seu telefone pessoal, que permitiu aprofundamento das investigações”, assinala o documento. Segundo a funcionária, havia uma combinação de pagamento de propina à Riotrilhos, baseada no percentual dos recebimentos da Carioca. Seria de em 0,25% ou 0,125%. Também disse que os pagamentos eram realizados diretamente ao diretor. As investigações também detectaram que Heitor Lopes de Souza é sócio da empresa Arqline Arquitetura e Consultoria e sócio oculto da empresa Arqmetro Arquitetura, empresas de mesmo endereço e contratadas para prestar serviços nas obras de construção da Riotrilhos. Por meio destas empresas, de janeiro de 2010 a março de 2013, Heitor teria recebido vantagens indevidas do Grupo Odebrecht e da empresa MC Link Engenharia, em um total de R$ 5.404 milhões. De abril de 2012 a outubro de 2016, ele teria recebido mais R$ 10 milhões em transferências bancárias da Arqmetro. De acordo com as notas fiscais emitidas, ele faturou mais de R$30 milhões no período, supostamente prestando serviços a apenas duas outras empresas envolvidas na obra da Linha 4 do Metrô. (AE) |
AutorLuiz Maia Histórico
Julho 2017
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