Sérgio Cabral (PMDB) é condenado a 14 anos e dois meses por corrupção e lavagem de dinheiro13/6/2017 Decisão foi publicada no sistema da Justiça nesta terça-feira (13).
Por Adriana Justi e Thais Kaniak | G1 PR, Curitiba
O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi condenado pelo juiz Sérgio Moro – responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância – a 14 anos e 2 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A decisão foi publicada no sistema da Justiça Federal do Paraná por volta das 11h desta terça-feira (13). Veja a íntegra da sentença. Além desse processo, Cabral é réu em outras nove ações, que são analisadas no Rio de Janeiro.
A mulher de Cabral, Adriana Ancelmo, foi absolvida pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por falta de prova suficiente de autoria ou participação. A ré Mônica Carvalho, esposa de Wilson Carvalho, também foi absolvida pela mesma razão do crime de lavagem de dinheiro. Veja os réus condenados e os respectivos crimes
Cabral está preso no Rio de Janeiro desde novembro de 2016. Atualmente, ele está em um presídio em Benfica, onde ficava o antigo Batalhão Especial Prisional (BEP), que foi recentemente reformado. Wilson Carlos está preso na Região de Curitiba, também desde novembro. Já Carlos Miranda está preso no Rio. Além da pena de reclusão, Sérgio Moro definiu que, pelo crime de corrupção passiva, Cabral terá que pagar 150 dias multa – cada dia multa corresponde a cinco salários mínimos vigentes em outubro de 2008. Pelos crimes de lavagem de dinheiro, o estipulado foi 100 dias multa – neste caso, cada dia multa corresponde a cinco salários mínimos vigentes em maio de 2014. "Considerando a dimensão dos crimes e especialmente a capacidade econômica de Sérgio Cabral ilustrada pelo patrimônio declarado de quase R$ 3 milhões e, que considerando o examinado nesta sentença, certamente é maior, fixo o dia multa em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do último fato delitivo (05/2014)", disse o juiz sobre o crime de lavagem. Em nota, a defesa de Carlos Miranda disse que vai recorrer da decisão, já que os advogados consideram que as provas apresentadas no processo não demonstram que os fatos tenham ocorrido como consta na sentença. O advogado de Wilson Carlos disse que está analisando a sentença. A defesa de Mônica Carvalho não quis se manifestar. Já a defesa de Adriana Ancelmo afirmou que a sentença compreendeu bem a prova colhida e, por isso, ela foi absolvida. O G1 tenta contato com a defesa do ex-governador Sérgio Cabral. O MPF afirmou que pretende recorrer da decisão, sobretudo, em relação às duas absolvições, "por entender que as provas produzidas demonstram que Adriana e Mônica participaram dos crimes cometidos de forma consciente". Com relação aos condenados, os procuradores querem que a Justiça aumente as penas aplicadas aos condenados. Bloqueio de bens O juiz Moro determinou o bloqueio de valores equivalente a R$ 6.662.150,00 em bens dos condenados. Ele lembrou ainda que há indícios de que contas bancárias deles foram esvaziadas antes que fossem bloqueadas, no início das investigações. "Não é possível discriminar por ora os bens equivalentes a serem confiscados, uma vez que as medidas de sequestro até o momento determinadas não foram bem sucedidas, inclusive pelo aparente esvaziamento das contas correntes dos condenados. A definição dos bens equivalentes a serem confiscados deverá ser feita na fase de execução", declarou o juiz. Sentença Para Sérgio Moro, os atos de corrupção e de lavagem de dinheiro são um fato "assustador", além de revelar a prática sistemática de crimes graves de corrupção. "Os atos de corrupção e lavagem reconhecidos na presente sentença inserem-se em um contexto maior de prática sistemática de infrações penais pelo ex-governador e seus associados e que é ilustrado pelas cerca de nove ações penais contra eles já propostas na Justiça Federal do Rio de Janeiro e igualmente encontra prova neste mesmo feito no sentido de que era cobrado um percentual de vantagem indevida em toda obra pública realizada no Estado do Rio de Janeiro”, afirmou Sérgio Moro. Na sentença, ele creditou a Sérgio Cabral a atual situação financeira do governo fluminense. "Não se pode ainda ignorar a situação quase falimentar do Governo do Estado do Rio de Janeiro, com sofrimento da população e dos servidores públicos, e que ela, embora resultante de um série de fatores, tem também sua origem na cobrança sistemática de propinas pelo ex-Governador e seus associados, com impactos na eficiência da Administração Pública e nos custos dos orçamentos públicos", disse. O juiz considerou que o ex-governador traiu o povo fluminense. A responsabilidade de um Governador de Estado é enorme e, por conseguinte, também a sua culpabilidade quando pratica crimes. Não pode haver ofensa mais grave do que a daquele que trai o mandato e a sagrada confiança que o povo nele deposita para obter ganho próprio", disse o juiz. O magistrado diz ainda que Cabral agiu com "ganância desmedida". "Ademais, as aludidas circunstâncias da cobrança da vantagem indevida, que se inserem em um contexto maior de cobrança de propina sobre toda obra realizada no Rio de Janeiro, indicam ganância desmedida, o que também merece reprovação especial. Agiu, portanto, com culpabilidade extremada, o que também deve ser valorado negativamente", criticou. Em caso de recurso, Cabral deve responder preso, assim como os outros condenados, de acordo com a sentença de Sérgio Moro. A denúncia De acordo com o Ministério Público Federal, Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo e outros dois réus – Carlos Miranda e Wilson Carlos – "se valeram do cargo do ex-governador para solicitar e receber vantagem indevida". Este fato, segundo os procuradores, é motivo para aumento de pena para os crimes de corrupção. Ainda conforme o MPF, o grupo teve envolvimento no pagamento de vantagens indevidas a partir do contrato da Petrobras com o Consórcio Terraplanagem Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão. A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) foi aceita em dezembro do ano passado. Os procuradores do MPF também destacam que Sérgio Cabral, em conjunto com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, foi o responsável por organizar as tratativas com os executivos da Andrade Gutierrez para solicitação das propinas e, ainda, delegou a pessoas de sua confiança o acerto quanto ao recebimento das vantagens indevidas. Rogério Nora e Clóvis Peixoto também foram denunciados pelo MPF e se tornaram réus nesta mesma ação penal pelo crime de corrupção ativa. Entretanto, em janeiro de 2017, o MPF requereu a suspensão do processo em relação aos dois, devido ao acordo de colaboração premiada firmado com eles.
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Até 'bingo' para definir lotes do empreendimento foi realizado por empresários. Esquema de cartel foi chefiado por Sérgio Cabral, segundo delator.
Por G1 Rio
Obras que deveriam trazer benefícios à população fluminense, na verdade, estavam sendo fraudadas. É o que indica novos trechos de colaborações premiadas da empreiteira Odebrecht que detalham uma farsa em licitações públicas para empreendimentos no estado. O material foi tema de reportagem do RJTV desta quarta-feira (18).
De acordo com delator e ex-executivo da empresa Benedicto Júnior, o ex-governador Sérgio Cabral era quem comandava o esquema. Uma curiosidade: quando havia conflito entre as empresas interessadas nos projetos, os empresários resolviam com um bingo. Era um jogo de "cartas marcadas".
Uma das obras que foi definida previamente, de acordo com o delator, foi a construção do Arco Metropolitano. Foi um projeto esperado por quatro décadas e lançado, em 2008, pelo próprio Cabral. Pelos 71 km de pistas da rodovia, que liga os municípios de Duque de Caxias e Itaguaí, saíram dos cofres públicos quase R$ 2 bilhões. O trecho foi inaugurado em julho de 2014. De acordo com as investigações, a licitação para a construção do Arco foi fraudulenta, já que as construtoras foram previamente escolhidas. As reuniões para definir os vencedores, segundo o delator, ocorriam na sede do governo, no Palácio Guanabara, em Laranjeiras. Também participava dos encontros o ex-secretário de Governo, Wilson Carlos, atualmente preso no Complexo de Gericinó, em Bangu. "No primeiro semestre de 2007, eu fui chamado a uma reunião no palácio do governo com o Dr. wilson carlos, então secretário de Governo, com a informação de que o governador havia decidido dar prosseguimento ao investimento planejado que chamaria-se Arco Metropolitano", afirma Benedicto Júnior. O delator também contou aos procuradores do Ministério Público Federal é que Cabral teria dito que a obra do Arco seria dividida em quatro lotes, e que a a Odebrecht ficaria responsável por um deles e que a empreiteira teria a "obrigação" de levar com ela a Andrade Gutierrez. Até a proporção era definida: deveria ser 60% para a Odebrecht e 40% para a Andrade Gutierrez. 'Bingo' das empreiteiras Na construção de uma rodovia em consórcio, como foi o caso do Arco Metropolitano, há trechos mais simples, que podem ser mais rentáveis. Era um ponto delicado que acabou decidido pelas próprias empresas, e não pelo poder público. O delator explica que em relação aos trechos, as empresas não se entendiam com qual lote cada uma ficaria. Após a abertura da licitação e antes da entrega da proposta do que era pedido no edital, Benedicto Júnior disse que foram analisados os quatro lotes. Como, segundo ele, o governo não definia quem ficaria com qual trecho, então, foi feito um sorteio. "Colocou-se os lotes num papel e cada empresa puxou um papelzinho. Cada um ficou com aquele lote que puxou", conta o delator. Ao fim, a Odebrecht e Andrande Gutierrez ficaram com o lote 1. Já o lote 2, ficou com a Carioca Engenharia e Queiroz Galvão. O lote 3 ficou com a OAS e Camargo Correia, e o 4 com a Delta e Oriente. Depois de definidos lotes, os empresários discutiam o pagamento das propinas destinadas aos políticos flumninenses. Outro lado Em nota, a Odebrecht informou que "entende que é de responsabilidade da Justiça a avaliação dos relatos feitos pelos seus executivos e ex-executivos". A empresa também diz que "reconheceu seus erros, pediu desculpas públicas e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas". Já a Camargo Correia declarou que fez acordo com a Justiça para corrigir irregularidades. A Andrade Gutierrez, Delta Engenharia e a Queiroz Galvão não quiseram se manifestar. As defesas de Sérgio Cabral e Wilson Carlos informaram que só vão se manifestar ao longo do processo. A reportagem do RJTV não conseguiu localizad representantes de outras empresas e pessoas citadas na matéria. Luiz Fernando Pezão (PMDB) nega a Moro ter conhecimento de propinas pagas a Sérgio Cabral (PMDB)6/4/2017 Governador do Rio de Janeiro foi ouvido nesta quinta-feira (6) em processo da Operação Lava Jato.
G1 | RPC Paraná
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, nesta quinta-feira (6), que não tem conhecimento de propinas pagas ao ex-governador Sérgio Cabral, em cujo governo foi secretário de Obras e coordenador de Infraestrutura.
O depoimento, no âmbito da Operação Lava Jato, foi prestado por videoconferência. A ação penal apura o suposto pagamento de propina a Cabral a partir do contrato da Petrobras com o Consórcio Terraplanagem Comperj, formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão.
"Nunca, comigo nunca", respondeu ao ser questionado se Cabral já havia comentado com ele sobre pagamentos relativos a obras do estado. Ele também negou saber se o ex-governador preso interferiu em contratos com a Petrobras. Pezão confirmou que, como secretário, participou de diversas reuniões no Palácio das Laranjeiras com Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento na Petrobras e condenado na Lava Jato, mas que só tratou com ele de assuntos relevantes ao estado. Também ouvido por Moro nesta quinta-feira, o consultor técnico Ricardo de Albuquerque Zaratine, testemunha de defesa de Carlos Miranda, sócio do ex-governador Sérgio Cabral. Ele afirmou que prestou serviço de consultoria para um grupo de produtores de cachaça e que Miranda era um destes produtores. Zaratine respondeu apenas as perguntas do advogado de Carlos Miranda e relatou atividades da fazenda do réu como a existência de gado leiteiro, criação de carneiros, produção de adubo orgânico, além das ações ligadas à produção de cachaça. A testemunha informou que foi contratada para prestar consultoria via um programa do Sebrae e , segundo ela, por este motivo não recebeu qualquer quantia diretamente das mãos de Miranda. Pezão diz que vai processar filho de presidente do TCE-RJ Luiz Fernando Pezão disse, ainda nesta quinta-feira, que vai processar Jonas Lopes Neto por acusações feitas contra ele na delação premiada. O filho do presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes Filho, falou em depoimento que cerca de R$ 900 mil de dinheiro ilícito foram usados para pagar despesas pessoais do governador, por meio do subsecretário de Comunicação, Marcelo Amorim. Cabral réu Cabral virou réu na Justiça Federal do Paraná em 16 de dezembro de 2016. Ele está preso desde 17 de novembro do ano passado no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o grupo teve envolvimento no pagamento de vantagens indevidas a partir do contrato da Petrobras com o Consórcio Terraplanagem Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão. Sérgio Cabral, Wilson Carlos e Carlos Miranda, com a intermediação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, delator condenado pela Lava Jato, pediram e aceitaram promessa de vantagem indevida da Andrade Gutierrez, dizem os investigadores. A força-tarefa acredita que o pedido tenha sido feito entre março e agosto de 2008. Referindo-se a corrupção, procurador-geral de Justiça afirma que 'quando o Rio dobra o joelho, o Brasil dobra'. Ele lembrou que recursos recuperados pagaram 13º de aposentados.
Por Marco Antônio Martins e Patrícia Teixeira | G1 Rio
O procurador-geral da República Rodrigo Janot participou nesta terça-feira (21) da cerimônia de devolução ao estado do Rio de R$ 250 milhões repatriados nas investigações sobre o esquema de desvio de recursos que, segundo o Ministério Público, era liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral. O encontro foi aberto por um discurso de Janot apontando os malefícios que os esquemas de corrupção causam no Rio e no Brasil.
A cerimônia começou por volta das 15h na sede do Tribunal Regional Federal, no Centro do Rio. Além de Janot, parciciparam a superintendente da Receita Denise Esteves Fernandes; o desembargador Paul Erik; o procurador-geral do Estado Leonardo Espindola e o superintendente da Polícia Federal no Rio, Jairo Santos.
O valor foi utilizado esta semana para o pagamento do 13º salário de 2016 de cerca de 146 mil aposentados e pensionistas do estado. O contingente representa 57% dos aposentados e pensionistas do estado com 13º atrasado, todos com vencimento até R$ 3,2 mil. "A vida é feita de sinais. Esse dinheiro (R$ 250 milhões) para 147 mil famílias. A sociedade não suporta mais este tipo de atuação. O Estado do Rio atravessa uma crise política e ética. Estado que é símbolo do país. Esse estado dobrou o joelho. E quando o Estado do Rio dobra o joelho, o Brasil dobra", diz Rodrigo Janot. "Esse ato hoje é um sinal para mostrar que as instituições funcionam. Através de um trabalho cooperado fazem frente a uma deslavada corrupção. Um sinal para a população é que a institucionalidade reage de forma legal. Esse dinheiro volta para onde nunca devia ter saído. Para os cofres públicos", completou Rodrigo Janot. Para o procurador-geral do Estado do Rio, Leonardo Espindola "os recursos viabilizados pela Força-tarefa da Lava-Jato servirão para superar os tempos difíceis que vivemos". Um acordo de colaboração premiada realizado com dois dos réus permitiu a repatriação de US$ 85.383.233,61 provenientes das contas Winchester Development SA, Prosperity Fund SPC Obo Globum, Andrews Development SA, Bendigo Enterprises Limited e Fundo FreeFly, valor devolvido aos cofres do Estado. As investigações revelaram até o momento que mais de R$ 400 milhões foram movimentados no exterior pela organização criminosa. Segundo o MPF, dos valores já encontrados, 80 milhões de dólares pertenceriam a Cabral, R$ 15 milhões a Wilson Carlos e R$ 7 milhões a Carlos Miranda. Os três foram presos em novembro, durante a Operação Calicute. O advogado de Carlos Miranda disse ao RJTV que o dinheiro não pertence a seu cliente. A defesa de Wilson Carlos informou que só vai se manifestar nos autos do processo. A produção não conseguimos falar com a defesa de Sérgio Cabral. Na conta da Justiça Federal no Rio, referente a este processo, ainda há mais R$ 150 milhões, fora os R$ 250 milhões devolvidos ao estado do Rio.
Por Marco Antônio Martins e Patrícia Teixeira | G1 Rio
O Ministério Público Federal (MPF) no Rio afirma que ainda investiga no exterior onde o ex-governador Sérgio Cabral pode ter depositado dinheiro. Para os procuradores da Força-tarefa da Lava Jato, no Rio, ainda há valores escondidos em outros países.
"Não temos um precedente como este na história do Brasil. A gente tem certeza de que tem muito dinheiro escondido. O que está claro é que a regra do jogo era de que o ex-governador ganhava 5% por cada obra", afirmou o procurador da República José Augusto Vagos. "As fraudes vão muito além", afirma.
Nesta terça-feira (21) foram devolvidos R$ 250 milhões aos cofres do Estado do Rio. Todos os valores repatriados de contas ligadas ao esquema que segundo o MPF era comandado pelo ex-governador Cabral no exterior. Na conta da Justiça Federal no Rio, referente a este processo, ainda há mais R$ 150 milhões. De acordo com o procurador Eduardo El Hage enquanto era deputado estadual, Sergio Cabral juntou R$ 2 milhões. A partir do momento em que assumiu o Senado, de 2002 a 2006, Cabral chega a ter em conta R$ 6 milhões. A partir de 2007 até 2015, o ex-governador atinge R$ 102 milhões em suas contas, segundo o MPF. Diamantes e joias O procurador Leonardo de Freitas falou sobre a importância das delações para a apreensão e repatriamento do dinheiro. "Sem essas delações, não teríamos chegado a um décimo deste valor", comentou Freitas, coordenador da Força-tarefa no Rio. Deste total repatriado, falta ainda devolver verbas referentes às obras federais. As investigações mostram que houve desvios no PAC das favelas e reforma do Maracanã. Os valores ainda não foram definidos. O MPF busca ainda a repatriação de joias e diamantes adquiridos pelo ex-governador no exterior. Já se descobriu que foram adquiridos cerca de 1,2 milhão de euros em jóias e pouco mais de US$ 1 milhão em diamantes. Segundo o MPF, dos valores já encontrados em contas, 80 milhões de dólares pertenceriam a Cabral, R$ 15 milhões a Wilson Carlos e R$ 7 milhões a Carlos Miranda. Os três foram presos em novembro, durante a Operação Calicute. Rogério Nora de Sá, ex-presidente da empresa Andrade Gutierrez, se reuniu com Cabral que exigiu propinas em contratos públicos
Agência Estado
Rio, 15 - O executivo Rogério Nora de Sá, ex-presidente da empresa Andrade Gutierrez, disse na manhã desta quarta-feira, 15, que o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) o chamou para uma reunião em seu próprio apartamento no Leblon, na zona sul do Rio, para exigir propinas em contratos públicos. Segundo o executivo, Cabral teria dito que a empresa teria de firmar um "compromisso" com o governo, que Sá entendeu como pagamento ilegal de dinheiro. A declaração foi feita durante depoimento na 7.ª Vara Federal Criminal do Rio. Sá acertou acordo de delação premiada.
"Ele (Cabral) disse que teríamos que dar uma contribuição mensal de R$ 350 mil. Depois, fomos chamados para uma reunião no Palácio Guanabara com o governador, e ele disse que o secretário de Governo, Wilson Carlos, iria cuidar da execução das obras. Ficamos com obras de Manguinhos, PAC das Favelas, Arco Metropolitano, que entramos, mas declinamos posteriormente porque não teríamos resultados. (Em) Manguinhos fomos líderes do consórcio e ficou acertado o pagamento de 5%", disse.
Segundo o colaborador, as propinas eram camufladas nas obras por meio de faturamento com valores maiores ou com notas fiscais falsas "para prover recursos para eles", nas palavras de Sá. Segundo o colaborador, as propinas foram pagas durante um período que durou de 12 a 15 meses. "Até setembro de 2011, quando eu estava na empresa, existiam os pagamentos. Depois, não sei informar", afirmou. Sá também afirmou que Wilson Carlos se reuniu com o executivo da empresa Alberto Quintaes para definir em qual contrato com o governo a empresa entraria e quais seriam os parceiros, antes de ocorrerem as licitações. O colaborador foi condenado a 18 meses em regime semiaberto e a 24 meses de prisão aberta, além de ter que ressarcir os cofres públicos em R$ 2, 7 milhões. Já a Andrade Gutierrez, que acertou acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF), terá de pagar R$ 1 bilhão. Cabral está preso desde novembro de 2016 por determinação do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. Procurada pela reportagem, a defesa do ex-governador não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta matéria. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, relatou ao juiz Sérgio Moro detalhes de encontro na sede do Executivo fluminense em 2010
Julia Affonso, Mateus Coutinho, Ricardo Brandt e Fausto Macedo | O Estado de S.Paulo
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, o primeiro delator da Operação Lava Jato, confirmou em depoimento nesta sexta-feira, 10, a presença do hoje governador do Rio Luiz Fernando Pezão (PMDB) em reunião no Palácio Guanabara, em 2010. Na ocasião, segundo o delator, o então chefe do Executivo fluminense Sérgio Cabral, também do PMDB, pediu ‘apoio financeiro para a campanha dele’. Costa depôs ao juiz federal Sérgio Moro, que preside ação criminal contra Sérgio Cabral.
Segundo o delator, a partir de 2007, o PMDB passou a apoiá-lo na Diretoria de Abastecimento da Petrobrás.
“Com essa definição do apoio do PMDB, o governador me chamou alguma vezes lá no Palácio e pediu ajuda monetária para ele, para as campanhas dele”, disse o delator a Moro. “Isso ocorreu no ano de 2010. Ele me chamou lá um dia, eu estive lá no Palácio. Nós estávamos já executando a obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e ele falou para mim que precisava, através dessas empresas que estavam executando a obra do Complexo, que ele precisava de apoio financeiro para a campanha dele e que eu tinha que ter uma atitude junto às empresas para dar esse apoio a ele.” Em 3 de março, o vice-procurador-geral da República José Bonifácio Borges de Andrada pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) o arquivamento da investigação sobre Pezão em inquérito que apura corrupção e lavagem de dinheiro em contratos do Comperj. “Com a análise dos indícios especialmente relacionados ao detentor de foro especial no Superior Tribunal de Justiça, foi constatada a ausência de elementos suficientes para se deduzir uma imputação penal contra o atual governador do Rio de Janeiro”, afimou José Bonifácio. Nesta sexta-feira, 10, Paulo Roberto Costa afirmou que o pedido de propina foi feito por Sérgio Cabral. “Nessa reunião que eu fui no Palácio Guanabara, estava presente ele, o secretário Wilson Carlos e, na época, o vice-governador Pezão. Os três estavam presentes nessa reunião. Ele incumbiu o Wilson Carlos de ser o interlocutor junto às empresas e assim foi feito”, declarou. “O pedido foi só feito por ele, pelo Sérgio Cabral.” O delator afirmou que um tempo depois o empreiteiro Rogério Nora, da Andrade Gutierrez, o procurou na Petrobrás e o questionou sobre o pagamento para o governador Sérgio Cabral. “Como ele havia me pedido, o governador me pediu, eu disse que sim, que era para fazer. Houve uma reunião na Petrobrás com o Rogério Nora e ele fez essa pergunta: se era ou não para fazer o pagamento ao governador. Eu falei ‘sim, faça o pagamento’”, disse o ex-diretor da Petrobrás. Costa declarou não saber quanto cada empresa teria pago ao governador. “Os contatos deixaram de ser feitos comigo. Quem estava conduzindo este assunto era o secretário Wilson Carlos”, disse. “O governador nunca reclamou que os valores não teriam sido pagos. Eu me encontrei com ele várias vezes depois desse evento, em outros assuntos de relacionamento da Petrobrás como o Governo do Estado, na parte de licenciamento ambiental, em uma série de outras atividades do interrelacionamento empresarial da Petrobrás com o Governo do Estado e ele nunca se queixou que não teriam sido feitos os pagamentos.” O advogado Eduardo Galil, que defende Sérgio Cabral, questionou Paulo Roberto Costa sobre seu relacionamento com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “O sr. teve tanto êxito na sua administração que o sr. tinha uma certa intimidade com a presidenta Dilma”. “Intimidade eu não posso dizer que eu tinha. Ela era presidente do Conselho da Petrobrás de 2003 a 2010. Nós da Diretoria participávamos como convidados de todas as reuniões de Conselho e com certeza cada diretor tinha que, volta e meia, apresentar dados e fazer explanações sobre sua área. Nós tínhamos contato frequente com ela devido a esse fator de participar das reuniões do Conselho de Administração.” O advogado Daniel Raizman, que representa Carlos Miranda, apontado com operador de Sérgio Cabral quis saber de Paulo Roberto Costa qual foi a reação de Pezão na reunião de 2010. “Qual foi a atitude de Pezão quando foi feito o pedido? Ele escutou?” O procurador Athayde Ribeiro Costa interrompeu. “O atual governador não é investigado nos autos.” O juiz Sérgio Moro alertou. “Dr., existe uma questão de competência envolvida, nós não temos essa competência para apurar fatos em relação ao atual governador. Essa pergunta eu vou indeferir.” A reportagem procurou o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão e a defesa do ex-governador Sérgio Cabral. Não houve retorno. |
AutorLuiz Maia Histórico
Julho 2017
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