Doleiros de Sérgio Cabral (PMDB) ‘estocavam’ dinheiro vivo em salas comerciais no Rio, diz delator9/3/2017 Na sexta denúncia criminal contra ex-governador, Ministério Público Federal cita Enrico Machado que detalha a rotina de uma complexa rede de lavagem de dinheiro utilizada pelo peemedebista
Mateus Coutinho, Julia Affonso e Fausto Macedo | O Estado de S.Paulo
Na mais nova denúncia contra o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) – a sexta acusação, a sexta vez que ele vai para o banco dos réus -, a Procuradoria da República detalha ainda mais a complexa rede de lavagem de dinheiro utilizada pelo grupo do peemedebista e revela que, além do ex-governador, os doleiros que operavam para ele também mantinham relação ‘estreita’ com a Odebrecht e chegavam a usar salas comerciais no Rio de Janeiro para ‘estocar’ o excedente do dinheiro ilícito que movimentavam.
“Que existiam no Brasil quartos que serviam como caixa-forte para guardar valores em espécie; que estes quartos eram em salas comerciais espalhadas pela cidade de Rio de Janeiro e as utilizavam durante cerca de 1 ano”, disse o delator Enrico Machado, dono de uma instituição financeira em Antígua que atuava no mercado paralelo e tinha o doleiro Vinícius Claret, o ‘Juca Bala’ entre seus clientes.
O depoimento foi utilizado na denúncia para detalhar a atuação de ‘Juca Bala’, o elo encontrado pela Procuradoria entre o Setor de Operações Estruturadas – nome formal do ‘Departamento de Propinas’ da Odebrecht – e o ex-governador do Rio, acusado de receber US$ 3 milhões da empreiteira via transferências internacionais feitas pelo doleiro. Enrico Machado fala sobre a atuação do grupo de ‘Juca Bala’, preso na sexta-feira, 3, no Uruguai por determinação do juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Criminal Federal do Rio, e também denunciado nesta quarta-feira, 8. O delator não especifica se eles valores ‘estocados’ foram destinados a Cabral ou a outros integrantes do grupo do peemedebista. Enrico, contudo, relata que ‘Juca Bala’ e seu sócio Claudio Souza atuam há mais de dez anos no mercado paralelo. Segundo a versão do delator, ‘Juca Bala’ e outros doleiros atuavam no Rio até 2002, mas decidiram se mudar para o Uruguai pois estavam ‘sendo monitorados’. “Quando a organização pertencente à casa de câmbio controlada por Modok Esser identificou que estavam sendo monitorados, interromperam as operações no Rio de Janeiro e resolveram transferir as atividades para Montevidéu no Uruguai”, afirmou. Na ocasião, o responsável por abrir a empresa de fachada no país teria sido o advogado Oscar Algorta, denunciado pela Lava Jato em 2015 sob acusação de ter ajudado o ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró a lavar dinheiro na compra de um apartamento de R$ 7,5 milhões em Ipanema, em 2009. Algorta foi apontado como responsável pela criação da offshore Jolmey no país, utilizada por Cerveró para lavar de dinheiro. “Que Algorta sabia que estava auxiliando uma empresa de forma ilegal, e que deveria dar uma fachada de legalidade às operações. Que Juca e Peter eram responsáveis por contatar, fechar e liquidar as operações de câmbio no mercado paralelo (dólar-cabo) no Uruguai para clientes, no Brasil, utilizando-se da estrutura operacional no Brasil”, seguiu o delator, afirmando que esta casa de câmbio nunca teve autorização do Banco Central do Uruguai para funcionar. “Que posteriormente abriram uma casa de câmbio legalizada, mas que não estava no nome destes. Que se comunicavam inicialmente com os funcionários localizados no Brasil através de programas como MSN com criptografia, SECWAY e um servidor que rodava no programa Citrix, e em um segundo momento através de Skype, Wickr e Wire”, contou Enrico. ‘Juca Bala’ e seu sócio Claudio Souza estão presos no Uruguai, onde aguardam o processo de extradição para o Brasil. Os dois também foram denunciados e se tornaram réus nesta quarta-feira, 8, acusados de organização criminosa, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo os pagamentos para Sérgio Cabral e seu grupo no exterior. COM A PALAVRA, A DEFESA DE SÉRGIO CABRAL: A reportagem entrou em contato com o escritório que defende o ex-governador Sérgio Cabral e deixou recado, mas o advogado do peemedebista não retornou.
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Segundo Procuradoria, doleiro preso no Uruguai operacionalizou dinheiro ilícito a ex-governador do Rio por meio do Banco BPA de Andorra
Mateus Coutinho, Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fausto Macedo | O Estado de S.Paulo
Na nova denúncia apresentada nesta quarta-feira, 8, contra o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e seu grupo, a força-tarefa da Lava Jato no Rio acusa pela primeira vez os doleiros Vinícius Claret, conhecido como ‘Juca Bala’ e preso na última sexta-feira no Uruguai em uma operação conjunta da Procuradoria-Geral da República com as autoridades do país vizinho e seu sócio Claudio Souza, que usava os apelidos ‘Tony’ e ‘Peter’.
A Procuradoria aponta que ‘Juca Bala’ teria sido o responsável por operacionalizar o recebimento de propina de US$ 3.081.460,00 da Odebrecht para Cabral, por meio do Banco BPA de Andorra em contrato de fachada firmado com uma empresa em nome de um dos irmãos Chebar, doleiros e operadores do mercado financeiro que fizeram delação premiada, e Timothy Scorah Lynn, também denunciado nesta quarta.
Na denúncia, a Procuradoria não detalha qual o motivo do pagamento ilícito da empreiteira, mas identificou que ele tinha ligação com a construtora ao rastrear as movimentações financeiras de Juca Bala, que era um dos operadores de propina do grupo Odebrecht. Ao todo, foram nove transferências no exterior entre 25 de maio de 2011 e 27 de janeiro de 2014 da empresa utilizada por Juca Bala para uma empresa criada por Renato Chebar que totalizaram os US$ 3 mi. As transferências foram justificadas por meio de contratos de fachada, assinados por Timothy Lynn, que segundo delatores recebia da Odebrecht para assinar como representante de empresas usadas pelos doleiros e operadores de propinas. O nome de ‘Juca Bala’ apareceu pela primeira vez nas delações premiadas dos operadores financeiros Marcelo e Renato Chebar, que cuidavam das contas de Cabral no exterior. Segundo eles, a partir de 2007, com a ascensão do peemedebista ao governo do Rio, o esquema ilícito de Cabral começou a movimentar mais dinheiro do que eles davam conta de lavar por meio de bancos no exterior para o peemedebista. “Que, com o aumento do ingresso do volume de recursos, precisou comprar dólares no mercado paralelo, pois as operações com os clientes do IDB/NY (Israel Discount Bank of New York) já não eram mais suficientes; que passou a acionar um doleiro de apelido ‘Juca’; que acredita que o primeiro nome de Juca seja ‘Vinícius’, mas não pode dizer com certeza pois nunca viu documentação que comprovasse tal fato”, contou Renato Chebar em sua delação. Com as informações, a Procuradoria da República rastreou o paradeiro de Juca Bala em parceria com a Interpol e as autoridades uruguaias que o prenderam na sexta-feira, 3, cumprindo uma determinação do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal no Rio, que acatou o pedido de prisão da força-tarefa da Lava Jato no Estado. Atualmente ele e se sócio Cláudio Fernando Barbosa estão detidos no país vizinho aguardando o processo de extradição. Os dois são acusados de atuar na complexa rede arquitetada pelo grupo criminoso liderado pelo ex-governador que incluia contas offshore em paraísos fiscais em nomes de terceiros e até a compra de joias e ouro para lavar o dinheiro da propina. “Os conjuntos de atos de lavagem de dinheiro narrados tinham por objetivo converter os recursos de propina em ativos de aparência lícita e/ou distanciar ainda mais de sua origem ilícita o dinheiro derivado de crimes de corrupção praticados pela organização criminosa”, segue a Procuradoria da República. A denúncia desta quarta-feira, 8, aponta os crimes de corrupção passiva, organização criminosa, contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro praticados pelo ex-governador, seu grupo e os doleiros. Ainda segundo o MPF, “diante da grandiosidade do esquema criminoso”, a denúncia ainda não esgota todos os crimes praticados pelo grupo. COM A PALAVRA, A DEFESA DE SÉRGIO CABRAL: A reportagem entrou em contato com o escritório que defende o ex-governador Sérgio Cabral, mas o advogado do peemedebista estava em reunião e ainda não retornou o contato. Vinícius Claret está sob custódia da Interpol. MPF o acusa de ter movimentado milhões de dólares em propinas em esquema chefiado pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral.
Por G1, com informações do Jornal Nacional, Brasília
Amante de esportes aquáticos, Vinícius Claret, o homem que vivia uma rotina tranquila como vendedor de pranchas em Punta del Este, no Uruguai, foi ouvido neste sábado (4) pelas autoridades uruguaias junto com o sócio dele, Cláudio Fernando Barbosa.
Eles deixaram o Juizado Especial de Crime Organizado, no centro de Montevidéu, no início da tarde, e vão ficar sob custódia da Interpol até que o Brasil encaminhe o pedido de extradição.
O Ministério Público Federal acusa Vinícius Claret de ser o doleiro que ajudou a movimentar milhões de dólares em propina do esquema chefiado pelo ex-governador do Rio, Sérgio Cabral. Um detalhe na vitrine da loja dele, em Punta del Este, revela que esse pacato vendedor prestava seus serviços também para empresários no Brasil. Ao meio-dia, Vinícius sai da loja. Ele deixa na porta um número de telefone para os clientes entrarem em contato. O Jornal Nacional descobriu que Vinícius Claret não usava esse número só para vender suas pranchas. Também era o contato do doleiro com o setor de operações estruturadas da Odebrecht, mais conhecido como o departamento de propina da empresa. O número do celular na loja de pranchas é o mesmo que aparece na agenda de Maria Lúcia Tavares, ex-secretária da Odebrecht presa na 23ª fase da Operação Lava Jato, em fevereiro no ano passado. A agenda foi apreendida pela Polícia Federal e Maria Lúcia fez acordo de delação, em que revelou como funcionava o esquema de propina na Odebrecht. Na agenda, o número do celular de Claret aparece embaixo dos nomes Juca e Vinícius e da palavra Montevidéu. Os investigadores afirmam que Vinícius era conhecido como Juca Bala. Ao lado do telefone, a indicação de que seria o contato de um escritório. Logo abaixo, um endereço. A sala 248-b, que fica num prédio em Botafogo, na Zona Sul do Rio. As autoridades investigam a propriedade do imóvel. O Ministério Público Federal também quer saber se Vinícius era um dos operadores da conta de nome “Tuta”, que aparece na mesma página da agenda. A Lava Jato descobriu que a Odebrecht mantinha diversas contas secretas para esconder a propina paga em obras públicas. Mais de R$ 1 bilhão foram movimentados dessa forma. Para os investigadores, a empreiteira utilizava doleiros para trazer dinheiro do exterior e financiar a corrupção. Vinícius Claret pode ser um deles. O Jornal Nacional descobriu que ele usou o endereço de uma mansão num dos bairros mais exclusivos de Montevidéu para abrir uma conta num banco local. Uma vizinha confirmou que ele costuma frequentar o imóvel. Em Punta del Este, o endereço é o de um prédio azul que fica de frente para o mar. O Puerto Lobos. Nos três dias em que o Jornal Nacional acompanhou Vinícius Claret, no começo de fevereiro, ele voltava para lá. Segundo uma imobiliária, alugar um apartamento lá no verão pode custar até US$ 9 mil - quase R$ 30 mil. Vinícius Claret é do Rio de Janeiro, mas conseguiu a identidade uruguaia. O Jornal Nacional não conseguiu contato com as defesas de Vinícius Claret e do sócio dele, Claudio Fernando Barbosa. A Odebrecht reafirmou que tem compromisso de colaborar com a Justiça para esclarecer os atos praticados pela companhia. Doleiros suspeitos de envolvimento com esquema de Sérgio Cabral (PMDB) são presos no Uruguai3/3/2017 Vinícius Claret, o Juca Bala, foi citado pelos irmãos Chebar em delação premiada. Segundo MPF, grupo ocultou mais de US$ 100 milhões de propinas no exterior.
Por G1 Rio
Foram presos nesta sexta-feira (3), no Uruguai, dois suspeitos de envolvimento em operações de lavagem de dinheiro do esquema chefiado pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral, segundo o Ministério Público Federal (MPF). Vinícius Claret, o “Juca Bala”, e Cláudio Fernando Barbosa, sócio dele, foram detidos após pedido da força-tarefa da Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato, como informou a GloboNews.
Juca Bala foi citado na Operação Calicute pelos irmãos e doleiros Renato e Marcelo Chebar, que fizeram delação premiada e disseram ter ocultado cerca de US$ 100 milhões de Cabral no exterior. Segundo a investigação, os dois chamaram Juca quando a operação de lavagem ficou grande demais.
Juca Bala e Cláudio Barbosa estavam na difusão vermelha da Interpol e foram presos em ação conjunta da polícia do Uruguai com a Polícia Federal brasileira. Em depoimento, Renato Chebar contou que recebia mensalmente de Sérgio Cabral valores entre R$ 50 mil e R$ 250 mil, segundo informação do Jornal Nacional. Com o aumento do volume de dinheiro, as operações no banco de Nova York já não eram suficientes e Chebar precisou comprar dólares no mercado paralelo – e começou a acionar o um doleiro de apelido "Juca". Desde a delação dos irmãos Chebar, as autoridades do Brasil sabiam apenas que o principal doleiro de Cabral tinha o apelido de Juca Bala, que morava no Uruguai e se chamava Vinícius. Vida no Uruguai Antes da prisão, os repórteres Carlos de Lannoy e Arthur Guimarães, do Jornal Nacional, foram a Punta Del Este e acompanharam a rotina de Juca Bala. Ele vivia à beira-mar em área nobre do luxuoso balneário uruguaio. Vinícius aparece como sócio no contrato de criação da empresa Paddle Boards Uruguay, que faz importação, exportação, representação e venda de materiais esportivos e tem uma loja em Punta, um dos balneário mais luxuosos da América Latina. Um produtor do JN esteve na loja e, se passando por um turista brasileiro perdido, conversou com Vinícius. Ele contou que há seis anos importava pranchas no Uruguai. Nos três dias em que acompanhou o movimento da loja, a reportagem só viu um cliente sair com uma prancha. Quando saía da loja, Vinícius Claret ia até um prédio azul a cerca de 200 metros onde, provavelmente, ele e a mulher moram, num dos lugares mais privilegiados de Punta, com apartamentos com vista para o mar. Juca Bala pode ser 3º doleiro a delatar o ex-governador do Rio
Diário do Poder
A força-tarefa da Lava Jato no Rio negocia, em estágio avançado, uma nova delação premiada que revelaria detalhes de supostos envios de propinas ao exterior para o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Segundo fontes próximas às investigações, o doleiro Vinicius Claret, conhecido como Juca Bala, está em tratativas para assinar o acordo de delação premiada.
A colaboração avança sobre repasses no exterior, que integrantes do Ministério Público Federal (MPF) acreditam que podem chegar a R$ 1 bilhão.
Em outra ponta, os procuradores têm progredido nas apurações sobre fraude em licitações no Estado do Rio que podem atingir o ex-secretário estadual da Saúde Sérgio Cortes. O MPF suspeita da existência de irregularidades na conquista de licitações na área da Saúde. Cortes acompanhou Cabral na viagem a Paris, em 2009, que se tornou conhecida após a divulgação de fotos de parte da comitiva em uma festa portando guardanapos na cabeça. Além de Cortes e Cabral, o então secretário da Casa Civil, Régis Fichtner, estava no grupo que acompanhava o então governador e virou alvo das investigações. AUMENTO DA DEMANDA Juca Bala, brasileiro que morava em Montevidéu, no Uruguai, teria começado a atuar para o esquema de Cabral quando os doleiros Renato e Marcelo Chebar - que já fecharam acordo de delação - passaram a ter dificuldades em tocar a operação do ex-governador. O motivo teria sido o aumento do volume de propina depois de 2007, quando Cabral assumiu o governo do Rio. Os irmãos doleiros já revelaram como a organização criminosa liderada por Cabral ocultou mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 340 milhões) com o envio de propinas para o exterior. Ambos pediram ao MPF para ter direito a ficar com R$ 34 milhões depositados em uma das contas do ex-governador. E alegaram que maior parte do dinheiro enviado a um banco em Luxemburgo seria recurso próprio. Sérgio Cortes negou irregularidades durante sua gestão. Procurado na noite de ontem, Régis Fichtner não se posicionou até as 21h. Os advogados de Cabral não responderam aos contatos da reportagem. (AE) |
AutorLuiz Maia Histórico
Julho 2017
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