No próximo dia 21, haverá uma cerimônia de repatriação dos valores com a participação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot
Estadão Conteúdo
Rio - O Estado do Rio de Janeiro deve receber os cerca de R$ 270 milhões já recuperados pela força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio do esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) em cerimônia de repatriação dos valores marcada para o dia 21, com a participação de autoridades como o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e procuradores que atuam no caso, segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. O governo fluminense decidiu pleitear o montante e formalizou o pedido de resgate.
No mês passado, o Broadcast informou que procuradores da força-tarefa avaliavam que os recursos resgatados em acordos de delação poderiam já ser revertidos para o Rio e a União após uma aprovação na Justiça, mas o governo fluminense não se movimentava para isso.
A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) argumentou à época que ainda não havia elementos formais para a existência de valores judicialmente reconhecidos como devidos à Administração Direta ou Indireta. Mas houve um recuo diante da frágil situação das finanças. Procurada novamente, a PGE já não quis se pronunciar sobre o assunto. O Broadcast apurou que a possibilidade existe porque esses são os órgãos que foram prejudicados pelo esquema liderado pelo ex-governador, hoje preso em Bangu 8, e o dinheiro em questão veio de acordos de delação, uma espécie de confissão. A favor do governo fluminense pesa ainda a situação de calamidade de suas finanças, com atrasos frequentes no pagamento dos servidores ativos e aposentados. A intenção do Rio é receber primeiramente sua parte, com objetivo de pagar principalmente os aposentados. Já a União seria ressarcida posteriormente, quando mais recursos forem recuperados, disse uma fonte. A cerimônia de oficialização da entrega do dinheiro deve ocorrer na sede do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), no centro do Rio, durante o período da tarde. Será um dos últimos atos do atual presidente do tribunal, o desembargador federal Poul Erik Dyrlund. Em abril, ele será substituído por André Fontes. Pezão Há dúvidas, no entanto, sobre a participação do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), aliado político de Cabral. O dinheiro foi recuperado do esquema de pagamento de propina recolhida em obras públicas como a construção do Arco Metropolitano, o PAC das Favelas e a reforma do Maracanã, feitas com recursos federal e estadual. Na época, Pezão era vice e secretário de Obras. Os valores já disponíveis foram devolvidos pelos irmãos Marcelo e Renato Chebar. Os dois eram operadores de Cabral que fecharam acordos de delação com o Ministério Público Federal (MPF) no Rio O valor está em uma conta judicial, vinculada ao processo, na Caixa. No dia 16 do mês passado, havia R$ 265,22 milhões na conta, mas o valor subiu, uma vez que há correção monetária, assim como podem ter chegado mais recursos que estavam em trâmite de repatriação. Em 28 de janeiro, por exemplo, foram pagos rendimentos de R$ 40.205,21 - os depósitos começaram em dezembro Em 2015, a Petrobrás também organizou uma solenidade com a entrega simbólica de R$ 157 milhões, referentes a valores repatriados pelo MPF na Lava Jato.
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Delatores afirmam que ex-governador usava dinheiro de esquema de corrupção para pagar aula de equitação para filho e mesada para ex-sogra
Constança Rezende | O Estado de S.Paulo
RIO - O Ministério Público Federal (MPF) conseguiu decodificar parte de uma planilha de despesas do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) pagas pelo suposto esquema de corrupção que o peemedebista teria chefiado durante seu governo, apreendida pela Polícia Federal durante a Operação Eficiência.
Na tarefa, procuradores da República que acompanham o caso contaram com a colaboração dos irmãos Marcelo e Renato Chebar, ex-operadores do esquema que fecharam acordo de delação premiada. Eles detalharam gastos prosaicos do ex-governador, de custos médicos a recolhimento de impostos – tudo bancado com dinheiro sujo.
Em seus depoimentos, os irmãos Chebar revelaram que uma das anotações codificadas refere-se a despesa de R$ 1.500 para o tratamento psicológico da “mulher ou sogra” de Cabral, em uma clínica de psiquiatria no Leblon, zona sul do Rio. Também é listado o pagamento mensal de R$ 3.250 em aulas de equitação para um dos filhos do ex-governador, na Sociedade Hípica. Somadas todas as vezes em que o nome do instrutor de equitação aparece na planilha, a organização teria repassado R$ 19,5 mil para este fim. Mesada A ex-sogra e a ex-cunhada de Cabral, Angela e Nina Neves, respectivamente, também aparecem como receptadoras dos recursos. O documento traz referências a elas, ao lado dos bancos nos quais têm conta, com anotações de depósitos mensais de R$ 7.500 para cada uma – no total, elas teriam recebido R$ 37,5 mil do esquema. Os pagamentos teriam ocorrido entre agosto de 2014 e fevereiro de 2015. Elas ainda não foram citadas em nenhuma denúncia. Os irmãos apontaram ainda o pagamento do cartão de crédito da ex-mulher de Cabral, Susana Neves, em um valor que iria de R$ 40 mil a R$ 50 mil. No depoimento, Marcelo diz que entende por “elevados” os valores. Os lançamentos que levavam o nome de “boleto” na planilha, segundo os delatores, correspondiam a pagamentos das contas corriqueiras do clã, como IPVA, luz, gás e escola. Contam que também houve um gasto de R$ 11.588 com uma empresa de turismo e outros com uma viagem de Cabral para Londres. A força-tarefa da Lava Jato do Rio trabalha agora para decodificar todos os 1.500 itens listados na planilha. Segundo procuradores, esses gastos podem motivar novas denúncias. A planilha já serviu para outras denúncias da Operação Eficiência, desdobramento da Calicute, que apontou outros receptadores de recursos anotados no documento, como o publicitário Francisco de Assis Neto, o “Kiko”, que está preso. Sigiloso e complexo Os Chebar relataram aos procuradores que o esquema dos repasses era sigiloso e complexo. Um dos operadores mais próximos de Cabral, Carlos Miranda, que está preso, entregava para a dupla boletos bancários, para que efetuasse os pagamentos. Com o tempo, os irmãos passaram a fazer pagamentos por meio de depósitos e, mais tarde, entregaram valores em espécie. Segundo Marcelo Chebar, Miranda fazia os pedidos por meio de um programa que transmite mensagens criptografadas. Como, por vezes, os irmãos tinham de se ausentar do País para tratar do dinheiro da organização no exterior, foi criado um e-mail em que os operadores se comunicavam pela pasta de rascunhos, para evitar o envio de mensagens eletrônicas. Quando se encontravam na rua, Marcelo disse que ele e Miranda conversavam andando, por medida de segurança, e que podiam sentar ao fim da conversa para tomar um café, “mas já nesta ocasião só tratavam de assuntos casuais”. Os Chebar trocaram as delações por futuras penas menores (seis meses de prisão domiciliar e seis meses de prestação de serviços). Cabral está preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio, desde novembro. Acusados A defesa de Carlos Miranda declarou que “todos os fatos relatados na denúncia serão esclarecidos”. Os advogados de Susana Neves disseram desconhecer a planilha e não se manifestaram. Angela e Nina Neves não constituíram advogados. Procuradas pela reportagem, as defesas de Sérgio Cabral e dos irmãos Chebar não se manifestaram. Segundo Procuradoria, doleiro preso no Uruguai operacionalizou dinheiro ilícito a ex-governador do Rio por meio do Banco BPA de Andorra
Mateus Coutinho, Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fausto Macedo | O Estado de S.Paulo
Na nova denúncia apresentada nesta quarta-feira, 8, contra o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e seu grupo, a força-tarefa da Lava Jato no Rio acusa pela primeira vez os doleiros Vinícius Claret, conhecido como ‘Juca Bala’ e preso na última sexta-feira no Uruguai em uma operação conjunta da Procuradoria-Geral da República com as autoridades do país vizinho e seu sócio Claudio Souza, que usava os apelidos ‘Tony’ e ‘Peter’.
A Procuradoria aponta que ‘Juca Bala’ teria sido o responsável por operacionalizar o recebimento de propina de US$ 3.081.460,00 da Odebrecht para Cabral, por meio do Banco BPA de Andorra em contrato de fachada firmado com uma empresa em nome de um dos irmãos Chebar, doleiros e operadores do mercado financeiro que fizeram delação premiada, e Timothy Scorah Lynn, também denunciado nesta quarta.
Na denúncia, a Procuradoria não detalha qual o motivo do pagamento ilícito da empreiteira, mas identificou que ele tinha ligação com a construtora ao rastrear as movimentações financeiras de Juca Bala, que era um dos operadores de propina do grupo Odebrecht. Ao todo, foram nove transferências no exterior entre 25 de maio de 2011 e 27 de janeiro de 2014 da empresa utilizada por Juca Bala para uma empresa criada por Renato Chebar que totalizaram os US$ 3 mi. As transferências foram justificadas por meio de contratos de fachada, assinados por Timothy Lynn, que segundo delatores recebia da Odebrecht para assinar como representante de empresas usadas pelos doleiros e operadores de propinas. O nome de ‘Juca Bala’ apareceu pela primeira vez nas delações premiadas dos operadores financeiros Marcelo e Renato Chebar, que cuidavam das contas de Cabral no exterior. Segundo eles, a partir de 2007, com a ascensão do peemedebista ao governo do Rio, o esquema ilícito de Cabral começou a movimentar mais dinheiro do que eles davam conta de lavar por meio de bancos no exterior para o peemedebista. “Que, com o aumento do ingresso do volume de recursos, precisou comprar dólares no mercado paralelo, pois as operações com os clientes do IDB/NY (Israel Discount Bank of New York) já não eram mais suficientes; que passou a acionar um doleiro de apelido ‘Juca’; que acredita que o primeiro nome de Juca seja ‘Vinícius’, mas não pode dizer com certeza pois nunca viu documentação que comprovasse tal fato”, contou Renato Chebar em sua delação. Com as informações, a Procuradoria da República rastreou o paradeiro de Juca Bala em parceria com a Interpol e as autoridades uruguaias que o prenderam na sexta-feira, 3, cumprindo uma determinação do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal no Rio, que acatou o pedido de prisão da força-tarefa da Lava Jato no Estado. Atualmente ele e se sócio Cláudio Fernando Barbosa estão detidos no país vizinho aguardando o processo de extradição. Os dois são acusados de atuar na complexa rede arquitetada pelo grupo criminoso liderado pelo ex-governador que incluia contas offshore em paraísos fiscais em nomes de terceiros e até a compra de joias e ouro para lavar o dinheiro da propina. “Os conjuntos de atos de lavagem de dinheiro narrados tinham por objetivo converter os recursos de propina em ativos de aparência lícita e/ou distanciar ainda mais de sua origem ilícita o dinheiro derivado de crimes de corrupção praticados pela organização criminosa”, segue a Procuradoria da República. A denúncia desta quarta-feira, 8, aponta os crimes de corrupção passiva, organização criminosa, contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro praticados pelo ex-governador, seu grupo e os doleiros. Ainda segundo o MPF, “diante da grandiosidade do esquema criminoso”, a denúncia ainda não esgota todos os crimes praticados pelo grupo. COM A PALAVRA, A DEFESA DE SÉRGIO CABRAL: A reportagem entrou em contato com o escritório que defende o ex-governador Sérgio Cabral, mas o advogado do peemedebista estava em reunião e ainda não retornou o contato. Doleiros suspeitos de envolvimento com esquema de Sérgio Cabral (PMDB) são presos no Uruguai3/3/2017 Vinícius Claret, o Juca Bala, foi citado pelos irmãos Chebar em delação premiada. Segundo MPF, grupo ocultou mais de US$ 100 milhões de propinas no exterior.
Por G1 Rio
Foram presos nesta sexta-feira (3), no Uruguai, dois suspeitos de envolvimento em operações de lavagem de dinheiro do esquema chefiado pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral, segundo o Ministério Público Federal (MPF). Vinícius Claret, o “Juca Bala”, e Cláudio Fernando Barbosa, sócio dele, foram detidos após pedido da força-tarefa da Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato, como informou a GloboNews.
Juca Bala foi citado na Operação Calicute pelos irmãos e doleiros Renato e Marcelo Chebar, que fizeram delação premiada e disseram ter ocultado cerca de US$ 100 milhões de Cabral no exterior. Segundo a investigação, os dois chamaram Juca quando a operação de lavagem ficou grande demais.
Juca Bala e Cláudio Barbosa estavam na difusão vermelha da Interpol e foram presos em ação conjunta da polícia do Uruguai com a Polícia Federal brasileira. Em depoimento, Renato Chebar contou que recebia mensalmente de Sérgio Cabral valores entre R$ 50 mil e R$ 250 mil, segundo informação do Jornal Nacional. Com o aumento do volume de dinheiro, as operações no banco de Nova York já não eram suficientes e Chebar precisou comprar dólares no mercado paralelo – e começou a acionar o um doleiro de apelido "Juca". Desde a delação dos irmãos Chebar, as autoridades do Brasil sabiam apenas que o principal doleiro de Cabral tinha o apelido de Juca Bala, que morava no Uruguai e se chamava Vinícius. Vida no Uruguai Antes da prisão, os repórteres Carlos de Lannoy e Arthur Guimarães, do Jornal Nacional, foram a Punta Del Este e acompanharam a rotina de Juca Bala. Ele vivia à beira-mar em área nobre do luxuoso balneário uruguaio. Vinícius aparece como sócio no contrato de criação da empresa Paddle Boards Uruguay, que faz importação, exportação, representação e venda de materiais esportivos e tem uma loja em Punta, um dos balneário mais luxuosos da América Latina. Um produtor do JN esteve na loja e, se passando por um turista brasileiro perdido, conversou com Vinícius. Ele contou que há seis anos importava pranchas no Uruguai. Nos três dias em que acompanhou o movimento da loja, a reportagem só viu um cliente sair com uma prancha. Quando saía da loja, Vinícius Claret ia até um prédio azul a cerca de 200 metros onde, provavelmente, ele e a mulher moram, num dos lugares mais privilegiados de Punta, com apartamentos com vista para o mar. Irmãos trabalhavam para Cabral desde o final dos anos 90.
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AutorLuiz Maia Histórico
Julho 2017
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