‘Você me paga pra mim sobreviver’, disse Gilberto Kassab (PSD) ao pedir R$ 7 mi , segundo delator20/5/2017 Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da JBS, relatou à Procuradoria-Geral da República que grupo repassou R$ 21 milhões em propina em forma de 'doação' para o PSD, em 2014, mas parte ficou retida com ministro do governo Temer
Julia Affonso, Luiz Vassallo e Fausto Macedo | O Estado de S.Paulo
O executivo Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais e de Governo da JBS, afirmou à Procuradoria-Geral da República que o ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) ‘reservou um pouco de dinheiro para ele’, dos R$ 21 milhões que o Grupo teria destinado ao PSD em forma de propina disfarçada em ‘doação’.
“Vou deixar cinco, seis milhões prá mim, depois passo notas fiscais da empresa do meu irmão, você me paga pra mim viver, sobreviver”, disse Kassab, segundo o relato de Saud, em delação premiada.
Ao todo, segundo o executivo, a JBS destinou R$ 21 milhões para o PSD, partido do ministro, ’em doação oficial, nota fria e dinheiro vivo’. Saud relatou aos investigadores o que chamou de ‘uma passagem’ que chamou sua atenção. “Poucas pessoas fizeram isso, o Kassab reservou um pouco de dinheiro para ele.” O ‘pouco’, segundo o diretor da JBS, representou pelo menos R$ 7 milhões, ou seja, um terço do montante total que teria sido repassado ao partido. “Esse dinheiro foi utilizado na campanha dele no Senado, uma parte ele ajudou uns poucos candidatos a deputado dele, outra investiu no Robinson Faria (governador do Rio Grande do Norte) e no Fábio Faria (filho do governador), e uma parte ficou para ele, pessoa física”, afirmou Saud. O executivo detalhou como, segundo ele, foi o repasse milionário. “Ele (Kassab) pediu para a gente (JBS) guardar lá R$ 7 milhões para ele e que aí, desses R$ 7 milhões, iria dividir em 22 parcelas de R$ 250 mil porque tinha impostos e essas coisas. Então, ficou R$ 5,5 milhões, divididos em 22 parcelas de 250.” Wesley Batista – sócio da JBS e também delator -, disse que Kassab explicou sua relação com o grupo Bertin, adquirido pela JBS. “Ele disse, ‘olha, tenho um contrato com o Bertin desses caminhões e um outro dessa assessoria, que é um ‘overprice’ dos caminhões e gostaria que vocês mantivessem isso e continuassem. Eu conto com isso’.” O delator disse, ainda, que a JBS decidiu manter os pagamentos ‘por fora’ pela influência política do ministro, ‘por conta de uma influência em algum momento’. Questionado qual era a relação da empresa com o ministro, Wesley disse que tanto ele quanto o irmão, Joesley, tinham as ‘portas abertas’. “Sempre nos atendeu na hora que queríamos falar. Tinha portas abertas para levar as demandas que tínhamos, em que pese não fizemos nenhum negócio específico com ele”, disse. COM A PALAVRA, GILBERTO KASSAB Por meio da Assessoria de Imprensa do PSD, o ministro esclareceu. “As apurações em andamento são importantes para o país e devem continuar como determina a legislação. Com relação às citações em depoimentos que foram divulgados nesta sexta-feira, cumpre esclarecer que o ministro detém participação societária em empresa prestadora de serviços que opera dentro de estrita legalidade. Não houve qualquer recebimento de recursos pessoais pelo ministro, o que ficará devidamente comprovado. Com relação às menções a repasses durante o processo eleitoral em 2014, cabe apontar que não houve “negociação do partido” e as doações recebidas foram registradas junto à Justiça Eleitoral. O ministro sempre pautou sua conduta pelo cumprimento à legislação.” Alexandre Gajardoni Assessoria de imprensa Partido Social Democrático
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Citado em dois inquéritos, ministro da Ciência e Tecnologia é suspeito de receber milhões. Ele diz que confia na Justiça e que é preciso ter cautela com depoimentos.
Por G1
O ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD-SP), aparece em dois inquéritos autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A PGR fez o pedido com base nas delações dos ex-executivos da Odebrecht.
Segundo os depoimentos, em ocasiões diferentes, Kassab teria recebido vantagens indevidas, tanto quando ocupava o cargo de prefeito de São Paulo, quanto na posição de ministro das Cidades e no atual cargo, de ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Em sua defesa, o ministro emitiu um comunicado no qual diz que “confia na Justiça, ressalta que não teve acesso oficialmente às informações e que é necessário ter cautela com depoimentos de colaboradores, que não são provas. Reafirma que os atos praticados em suas campanhas foram realizados conforme a legislação." No primeiro inquérito, declarações prestadas por Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Paulo Henyan Yue Cesena afirmam que, à frente da prefeitura de SP e do Ministério das Cidades, no período entre 2008 e 2014, Kassab recebeu um total de R$ 20 milhões, distribuídos ao longo de vários episódios. Um segundo documento aponta que depoimentos de Carlos Armando Guedes Paschoal e Roberto Cumplido indicam Kassab como um dos beneficiários em um esquema de pagamentos de vantagem indevida para agentes públicos em obras viárias de São Paulo em 2008. De acordo com os colaboradores, o então diretor da DERSA, Paulo Vieira de Souza, propôs a um grupo de grandes e médias empresas um “acordo de mercado”, aceito pelo Grupo Odebrecht, que liderava o consórcio. Durante a mesma conversa foi solicitado o pagamento de uma propina no valor de 5% do contrato, além de um adiantamento de R$ 2 milhões, apelidado de “abadá”, que seria destinado, segundo Vieira de Souza, à campanha eleitoral de Kassab. Mas, segundo o depoimento dos colaboradores, esse adiantamento acabou não sendo pago porque já existiam doações diretas ao então candidato. Sem foro privilegiado, os dois serão julgados em 1ª instância
Diário do Poder
A lista entregue pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), traz pedidos de abertura de inquérito para investigar a atuação dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, segundo reportagem do O Globo. Por não terem foro privilegiado, ambos serão investigados por juízos de 1ª instância como outros 211 casos na lista. A decisão de enviar os processos será do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF.
Além dos ex-presidente, a reportagem afirma que os nomes dos presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também estão na lista, além dos senadores tucanos Aécio Neves (MG), José Serra (SP) e Aloysio Nunes (SP), que se licenciou para assumir o Ministério das Relações Exteriores. Caso sejam aceitos os pedidos, os processos envolvendo esses políticos serão analisados pelo STF.
Janot também pediu autorização ao STF para investigar outros políticos como Romero Jucá, líder do governo no Senado, Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado, e Edison Lobão (PMDB-MA), além dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria Geral), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia) e Bruno Araújo (Cidades) José Filho diz ao TSE que ministro intermediou distribuição de R$ 5 mi
Diário do Poder
Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-executivo da Odebrecht José de Carvalho Filho afirmou que o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, intermediou o pagamento de caixa 2 para o PMDB. O ministro teria acertado locais de entrega do dinheiro da empreiteira mediante senhas. O valor destinado ao PMDB chegou a R$ 5 milhões, dos quais R$ 500 mil teriam sido destinados ao então deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
José de Carvalho Filho trabalhava na equipe do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho.
O depoimento de José de Carvalho Filho foi feito no âmbito da ação que apura se a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger. De acordo com o que foi relatado à reportagem, teria sido Padilha quem forneceu os endereços para a entrega de dinheiro ao PMDB. Segundo José de Carvalho Filho, um dos locais indicados foi o escritório de José Yunes, amigo e ex-assessor de Michel Temer. Procurado na noite desta sexta-feira, 10, o ministro Eliseu Padilha informou que está em repouso por recomendação médica e não se manifestaria. Base Responsável por fazer repasses do “setor de propina” da Odebrecht, Fernando Migliaccio apresentou, também ao TSE, planilha em que constava citação ao ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, presidente licenciado do PSD, segundo relatos. Migliaccio falou em R$ 5 milhões de repasse da empreiteira, mas não teria confirmado se o dinheiro foi diretamente para Kassab ou para o partido. A assessoria de Kassab não se manifestou. Marcelo Odebrecht foi intimado para duas acareações. O ministro Benjamin confrontou Marcelo e Cláudio Melo sobre versões conflitantes quanto à participação de Temer na definição de que seriam destinados R$ 10 milhões a campanhas do PMDB em 2014. Marcelo e Cláudio mantiveram suas versões. (AE) Ex-senador e ministro seriam testemunhas de defesa de Paulo Okamotto.
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AutorLuiz Maia Histórico
Julho 2017
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